segunda-feira, 27 de abril de 2015

Guerra dos Mundos - Parte VII - "Eiros & Ismos"


No reino da terra de um dia 
Onde me pus a viver a minha utopia
E pude sentir o gosto do sonho na realizada profecia
Vi de quase um tudo o que não se mais via
Religuei-me ao Sagrado
Refutei o meu passado
E me despi a caminhar
Sobre o chão deste lugar
Era um povo que elevava seu mago
Mais que Aquele que já fora condenado
Ele era um líder de cortejos
Que gostava de belas túnicas
E andava por sob as pompas
Mas um dia suas belas alegorias
Chamaram a atenção de uma moça
E assim sua fala sempre regralista
Sucumbira diante dos olhares que o trairia
As regras burlou e com ela se deitou
Protagonizando o obscuro desejo
Por sob o véu da assembleia
Que assim preferia, fazer de conta que não via
E mantinham a tradição acima de qualquer cristão

O tempo passou no reino da terra de um dia
E um líder carismático então assumiria
O posto pelo ex-dirigente deixado
Este, era de tal forma empenhado
Doutor conhecido e estudado
Que a assembleia, ouvir sua fala adorava
Ainda mais porque do lado estava
Dos devoteiros que a tudo veneravam
Dias de santos e santos, pra tudo só rezavam
Mas um dia o tal mago 
Já solitário e já cansado
Haveria de esculhambar com as regras
E pra curar a tentação do sertão
Já que não poderia se deitar por aí
Pra que não houvesse maior desgraça
Se embrenhou nos rumos da cachaça
E assim, este também partiu
E a assembleia sem eira nem beira
Preferiu manter a tradição acima de qualquer cristão

E o tempo nem passou direito na terra de um dia
E o co-assessor do mago cachaceiro
Na tramoia das noitadas de sair haveria
Já estava avisado que seu castelo cairia
Este então, mais tranquilo e modernão
Não se importava com muita coisa
Mas era de tal carteirinha um bom raparigueiro
E o povo tão tapado de hipocrisia
Vendavam os olhos para tantas façanhices
E cultuavam cada dia mais os santos
Que da escola do santo doutor
Esqueceram que o santo também é pecador
E o povo se sucumbia na fé
Já que nem mãos nem pés
Firmavam naquela terra de tantos "eiros"
Onde os "ismo" maquiavam os passageiros

Chegou então um homem sensato
E bem logo de imediato já se avisou
Eu sou chato e gosto das coisas às claras
Nada de papos atravessados e descompensados
Conversa tem de ser nos olhos, cara a cara
Mas o povo não digeriu
A santa hipocrisia que a tudo e santo se rezava
De ser chamada a atenção não gostava
Quando em seus exageros o devocionismo imperava
Seus santos doutores
Que os assembleeiros idolatravam
Podiam andar no errado em seus santos pecados
Mas desde que não atrapalhassem a cultuação
De todo santo de plantão
Que as lideranças traziam à mão
Este homem tão simples e centrado
Que não gostava de condenação
Teve um grande amparo em seu legado
Quando lá da cúpula um homem deixou seu reinado
E um grande e simples centrado
Abriu as janelas da alma
E limpou a poeira da hipócrita inquisição

No reino da terra de um dia
Já vi doutorzinho metido em estrepolia
Vi bebunzinho renovado em cachaçaria
E raparigueiro desdenhado em putaria

Mas,
Vi também um homem de bem 
Fazendo o melhor não importasse a quem
Sem se importar com as regras
Nem com os fiscais da santa inquisição
Que perduram no ócio de plantão
E no raiar de cada dia
Faz do seu legado uma fé viva 
Requentada de tantas flores e poesia
Com canções que nos arremetem a utopia
E ao abrir as janelas dos pilares
Permitiu ali adentrar
Um novo ar pra renovar
Os corações de quem os olhos abriu
Este mestre se vai um dia eu sei
Mas nem rio nem homem
Jamais serão os mesmos...