"Piraju, São Paulo.
Há mais ou menos dezesseis anos atrás.
Minha mãe dirigia o carro.
Minha avó no banco da frente.
Eu e uma criança no banco de trás.
Pela época e o tempo
a criança seria minha irmã.
Transitávamos com o carro
por uma avenida, ainda de mão dupla,
e que hoje é via única.
Seguíamos o sentido que hoje é contramão.
Minha avó avistou uma mulher
arrumando uma sacola de plástico que havia rasgado.
Na sacola havia alimentos.
Ao lado da mulher, uma criança,
entre seis e sete anos, sua filha.
Era uma pessoa necessitada de ajuda.
A pessoa era conhecida.
Minha avó pediu para parar o carro,
e irmos até a mulher e sua filha,
de alguma forma ajudá-las...
Minha mãe não parou. Minha avó se chateou.
Diante daquela situação, lembro-me de ter dito as seguinte palavras:
- 'Mãe, não podemos perder as oportunidades de nossa vida.
O trem da vida só passa uma vez em cada estação,
e não há como correr atrás...'
Minha mãe nada respondeu.
Silêncio total.
Hoje, quando acordei, lembrei-me deste sonho,
e coloquei-me a pensar sobre o 'Trem da Vida',
as oportunidades que temos,
ganhamos e perdemos,
falando ou calando,
agindo ou omitindo...
Escolher em qual estação embarcar e desembarcar
é opção livre de cada um
Muitas vezes é necessário esperar o próximo trem
Outras, é importante chegar com tempo
e antecipar o desembarque.
Na vida também, nem tudo são flores,
a poda é sofrida, dolorosa
porém, indispensável para o crescimento
nas próximas estações.
Nossa auto-poda é ainda pior,
tirar o que gostamos, o que nos dá prazer
é mais que necessário para a vida
Renunciar a mim mesmo
é respeitar além do que o corpo pede
Contraste quase que indecifrável
de superação e necessidade
Reconhecer-me como limitado
é aceitar meus erros divinamente humanos
e atentar-me para os dias que virão
Da estação onde estou,
só enxergo os pontos já passados
Sentado no meu banco, solitário
vejo a sombra de outros que esperam o seu embarque
Em cada chegada, é também uma partida
Milhares de olhares que se cruzam
Se aproximam e distanciam...
Foi muito bom ver e rever seus olhos ...
Até a próxima estação.
Meu trem acabou de chegar ..."
Há mais ou menos dezesseis anos atrás.
Minha mãe dirigia o carro.
Minha avó no banco da frente.
Eu e uma criança no banco de trás.
Pela época e o tempo
a criança seria minha irmã.
Transitávamos com o carro
por uma avenida, ainda de mão dupla,
e que hoje é via única.
Seguíamos o sentido que hoje é contramão.
Minha avó avistou uma mulher
arrumando uma sacola de plástico que havia rasgado.
Na sacola havia alimentos.
Ao lado da mulher, uma criança,
entre seis e sete anos, sua filha.
Era uma pessoa necessitada de ajuda.
A pessoa era conhecida.
Minha avó pediu para parar o carro,
e irmos até a mulher e sua filha,
de alguma forma ajudá-las...
Minha mãe não parou. Minha avó se chateou.
Diante daquela situação, lembro-me de ter dito as seguinte palavras:
- 'Mãe, não podemos perder as oportunidades de nossa vida.
O trem da vida só passa uma vez em cada estação,
e não há como correr atrás...'
Minha mãe nada respondeu.
Silêncio total.
Hoje, quando acordei, lembrei-me deste sonho,
e coloquei-me a pensar sobre o 'Trem da Vida',
as oportunidades que temos,
ganhamos e perdemos,
falando ou calando,
agindo ou omitindo...
Escolher em qual estação embarcar e desembarcar
é opção livre de cada um
Muitas vezes é necessário esperar o próximo trem
Outras, é importante chegar com tempo
e antecipar o desembarque.
Na vida também, nem tudo são flores,
a poda é sofrida, dolorosa
porém, indispensável para o crescimento
nas próximas estações.
Nossa auto-poda é ainda pior,
tirar o que gostamos, o que nos dá prazer
é mais que necessário para a vida
Renunciar a mim mesmo
é respeitar além do que o corpo pede
Contraste quase que indecifrável
de superação e necessidade
Reconhecer-me como limitado
é aceitar meus erros divinamente humanos
e atentar-me para os dias que virão
Da estação onde estou,
só enxergo os pontos já passados
Sentado no meu banco, solitário
vejo a sombra de outros que esperam o seu embarque
Em cada chegada, é também uma partida
Milhares de olhares que se cruzam
Se aproximam e distanciam...
Foi muito bom ver e rever seus olhos ...
Até a próxima estação.
Meu trem acabou de chegar ..."
Ailton Domingues de Oliveira