“Quanto mais me aproximo de Deus, mais eu me afasto das pessoas.”
Essa, com certeza, não foi uma frase de minha autoria. Quando a ouvi pela primeira vez achei apenas engraçada e não dei muita importância. Como ela começou a repercutir entre os integrantes de um grupo de jovens do meio católico, resolvi parar e analisar com mais minúcias. Antes, procurei um grande amigo, pensador, que também usa da escrita para levar as mensagens de Jesus aos fiéis. Sua opinião, bem como seu nome serão o desfecho desse texto.
O homem, imagem e semelhança de Deus; Deus, que entregou seu filho ao mundo por amor; O Filho, que dizendo sim ao Pai, obediente, entregou-se, provando seu amor leal e único.
Afastar-se do ser humano não é o que Deus quer. Um dos seus maiores ensinamentos deixado através de Jesus é amar ao próximo como a si mesmo. Amando ao próximo, amamos a Deus. Amando a Deus, amamos ao próximo. Evitar ao ser humano é, de certa forma, deixar de lado o próprio Deus. Total incoerência cristã. Decepcionar-se com o ser humano é passível de entendimento, pois como tal é imperfeito. E nesta imperfeição, que aprendemos um com o outro, com erros e acertos, a superar, e cada vez mais confiar em Deus.
Agarrar-se em Deus, não significa excluir o humano, o irmão ou irmã, de sua vida. Amar a Deus, é desprender-se de si, perdoar ao outro. O perdão é prova de amor. Amor é doação, caridade. Amar o perfeito é fácil. Amar o que gostamos, os que nos fazem bem é ótimo. Mas, a maior prova de amor é aceitar, encarar, não afastar daqueles com os quais não nos identificamos. Se usássemos isso como regra de nossa vida comunitária pastoral, aos poucos deixaríamos de participar da Igreja, ou exagerando o pensamento, cada um correria atrás de criar a sua própria igreja com suas regras e aceitar nela somente os que comungarem de sua idéia.
Amar, com doação, caridade e perdão, não significa ser omisso, muito menos se permitir ser explorado. Amar, também, é dar o castigo na dose e hora certas, como pedagogia de amor, que prevenindo e punindo educamos os que amamos.
Para finalizar este texto, segue abaixo o comentário de um grande pensador, ao qual admiro e respeito por sua pessoa, e sua integridade vocacional:
- “Quem falou tal frase não entendeu ainda que não se pode buscar a Deus estando longe das pessoas. O apóstolo João em sua primeira carta afirma que quem diz amar a Deus mas não ama ao seu irmão é mentiroso. Somente posso amar e encontrar Deus encontrando com as pessoas. Longe de Deus e das pessoas somos como Romeu sem Julieta.” (Pe. Diogo – Uberlândia/MG)
Ailton Domingues de Oliveira