E quando as folhas secas tocarem o chão?
E quando o romper do dia ceder aos encantos da noite?
E quando o frio chegar?
E quando o verão voltar?
E quando eu quiser soltar a voz sem nada a dizer?
E quando eu quiser, sem saber direito o que?
Foi quando, então, desacreditado, em minha trilha sem rumo
Percebi as mudanças do tempo em minha vida
Foi quando notei o cair das folhas secas,
Sinal do ciclo natural da transformação
Foi quando ansiava a passagem do dia
Aguardando a chegada das estrelas no céu,
Passagem naturalmente romântica que cobre o cenário fiel
Foi quando com a chegada do frio
Aguardei o calor sensível e confortante
Foi quando no calor do verão,
Quis a companhia suave
Almejando apenas a brisa singela a nos tocar
Foi quando quis apenas entoar a voz,
Para ouvir uma resposta
Foi quando quis sentir, ver e ouvir a voz do coração.
Ao acalmar, após as tempestades,
Notando o cenário permanecido
Senti que o tempo era de reconstrução, limpeza, arrumação
Para que o lugar estivesse pelo menos preparado
E diante do novo, mesmo que conhecido,
Permiti a imponência do medo,
Mas também deixei a ousadia ir além,
Conscientemente além,
Momentos que não me via mais
Sensações que me podei
Medos que alimentei
Histórias que não fiz
Foi-se, escoado como areia...
Hoje, na inovação do coração, um renascimento marcante,
Descobrindo a cada dia um novo motivo para acreditar no amor
E uma nova forma de amar
Tempo ingrato, tempo amigo, demorado na tua distância, rápido na tua presença,
Coração feliz, emoção e razão... sentimento, doação
Eis-nos aqui, no giro do mundo, nos encontrando, entre causas e efeitos
Com a chance da felicidade.
Basta ousar...
Quando julguei-me incapaz, tentei me vendar
A luz foi mais forte e ultrapassou as cortinas do coração...
Ainda posso...”
Ailton Domingues de Oliveira