"Eu?! Não! Não sou poeta nem cantor
Faço o que faço apenas por amor
Embutido nas entrelinhas das emoções
Na simplicidade complexa das razões
E na insensata sensatez das paixões
Na pintura das letras, o retrato
Do sonho, do Céu, do abstrato e do fato
A diversidade contida no sentimento
A eclética, única e mista, no vento de cada momento
A calmaria, a fúria, coragem e medo, num só tempo
Rasgo o silêncio, e grito à inércia, e arrebento barreiras no peito
A resposta vem de cima, quando o medo assola e me prostra ao leito
Minha armadura não é frágil, mas reconheço meus vacilos
Minha consciência é juíza, meus olhos são vilões, meu coração é réu, caço o meu objetivo e fim, agora tranquilo
Meu corpo reluta, meus pés não descansam, meu punhos cerrados disputam para vencer o aquilo
Eu, não buscarei os centavos, a riqueza
Faço da vida, dádiva, uma proeza
Desencanto de mim e me rendo ao belo, à sabedoria
Encontro fascínio na simplicidade, verdadeira alegria
Livro-me de máscaras sociais, euforia e hipocrisia
No coração de menino, alma de guerreiro
Sangue latino, disfarce de aventureiro
Busco a compreensão nos incompreendidos
A lágrima escorrida dos sofridos
E a face divina de Cristo nos excluídos..."
Ailton Domingues de Oliveira
08/07/12