"Sou costuras no tempo... Apenas a costura que consegue prender cada retalho. Meus amigos são os retalhos, em cores e tamanhos diferentes. Por vezes alguns dos retalhos se rasgam. Outros caem e o buraco fica ali. Não é permitido colocar outro neste lugar. A colcha só cresce para os lados. Retalho novo em colcha velha repuxa os outros. O buraco que fica faz parte da lembrança e da história. Não pode ser preenchido.
Sou costuras, apenas costuras... E costuro na minha memória, história e coração o que há de mais importante: amizade. Amizade, como base de tudo. Sempre aparecerão novos retalhos. Sempre haverá espaço para a costura, o cultivo do novo. A vida é feita também de costuras...
Sou e quero continuar a ser a costura que possibilita o encontro dos meus queridos e queridas. Quero sê-la enquanto existir. E se um dia a linha que nos prende se soltar, tenha certeza de que o registro ficará repartido conosco... Quero ter sido em suas vidas, tanto quanto foram nas minhas... Laço eterno, costura sincronizada em tempo, espaço, distância e ausência...
Sou sentimento vivo. Sou reflexo. Sou esperança. Sou homem, sou maduro, sou criança. Sou um pouquinho dos amigos e amigas, sou família, sou amor. Sou nos detalhes, sou na simplicidade, sou na dor da saudade. Sou costura no tempo, que o vento ao sussurrar faz lembrar o que jamais se esqueceu. Sou um pouquinho de você e você um pouquinho de eu..."
Ailton Domingues de Oliveira
09/07/12