O mundo é lindo. A princesa encantada está trancada numa torre alta, cercada de fortes guardas. Uma proeza chegar até lá, vencer um a um dos brutamontes, escalar a torre, salvar a princesa e viver felizes para sempre. É, isso vai até os 12 anos, talvez 14 ou mais. Logo entendemos que aquela idealizada princesa, na verdade não estará numa torre alta. E, talvez o único brutamonte seja o pai dela à esperar por um diálogo. Não há muralhas. Um portão com cerca elétrica talvez, mas com interfone na entrada.
Em determinado ponto tudo o que foi sonhado começa a tomar rumo diferente. Infância, aborrecência, e adolescência, juventude e maturidade. Em frases prontas a mesma sequência poderia se resumir assim: "eu entendo mas quero!"; "eu quero, eu preciso, eu vou!"; "eu quero, e brigo até o fim por isso!", "eu quero mas buscarei o melhor jeito de conseguir e entender caso não seja o melhor para mim."
A maturidade vem com o tempo, com os erros e acertos. Os cuidados passam a ser maiores e as ousadas investidas passam a ter menos frequência. Jogar apenas a peça certa no lugar certo é o que mais tentamos fazer. O processo de maturação acontece cada vez mais, mesmo que não percebamos.
Prova disso são as inúmeras vezes que ousamos nos calar diante da vontade de responder ao pé da letra aquela resposta que só nós sabemos dar diante do que nos contrapõe e nos indispõe. Ou ainda, os diversos momentos que recorremos ao silêncio para assim esvaziar nossa ira e de certa forma virar a página para se manter a relação.
O processo de maturação é um momento intimamente de grandeza e sabedoria. Sem perceber, caminhamos para uma libertação dos vícios de atitudes surradamente intransigentes para nos dar conta de que há coisas superiores e mais importantes que a nossa vontade naquele momento.
Momento de maturação não é só reflexão e silêncio. É, quando se dá conta de que nele está, momento de enxergar o que antes só se via externamente. É como colocar a massa ao forno e esperar o tempo certo para assim provar do resultado. Seria ter a ideia da obra a se realizar, mergulhar nos sonhos e coletar os detalhes, idealizar e planejar cada passo e por fim mãos à obra.
O tempo nos permite esse espaço e momento de maturação. Por mais que queiramos levar tudo ao pé da letra a ferro e fogo, chegará o dia em que seremos levados e consumidos pelo tempo. Ou nos damos conta de que o processo se torna lento e necessário ou sobreviveremos à esmo, na imensidão de nossa intolerância. Amadurecer não é aceitar tudo tal qual como vem mas assimilar o que há de bom, se vale ou não uma tentativa, e não hesitar em descartar caso necessário. O tempo, além de nos permitir a maturação, e para isso é necessário estar atento, nos põe em águas mais profundas... Momento em que o rio deixa de ser rio para se juntar ao mar...
Ailton Domingues de Oliveira
11/07/12