quarta-feira, 4 de julho de 2012

Nos mistérios de cada olhar...


"Daqui pra' li
Dali pra cá
As pessoas andam, zanzam, perambulam
Olhares certos, incertos
Com destino traçado, hora marcada
Ou, esquecidos, sem nada a esperar ou por quem esperar...

Nos cruzamentos pelas calçadas a fora
Onde a praça é o ponto
Ponto de chegada e de partida
Ponto de ônibus e de táxi
Ponto de droga e camelôs
Ponto onde se lê a sorte nas mãos
Ponto onde se alguém diz que prega a palavra
Ponto de encontro e desencontro
Ponto onde a malandragem corre solta
Ponto onde o menino solta pipa
Ponto de fronte à Igreja, a Cruz, a torre e o sino

Lá vão todos, acelerados
ou retardados pelo tempo
Apressados para o fim
Estressados com o atraso
Agitados com o barulho
Interessados, tão apenas, consigo mesmo

Os olhares se cruzam despretensiosamente
Ou em busca de direção
Ou de algo... que nem se sabe o que é...
Pelas ruas, pelas praças e calçadas
Pessoas, andam, desandam
Alinham e se perdem
Sem perceber que tudo gira em torno de um fim

A rotina, que já não se vê como vida nem como divina
É quase um sistema implantado
E não percebido, que tira a essência do que é simples
No olhar perdido, por mais direcionado que esteja
Existe o mistério divino, o toque sublime
Do Autor da vida

Pessoas grã-finas que tentam passar desapercebidas
Pessoas mal intencionadas que se fazem percebidas
Pessoas que não mais se vêem com pessoas
Pessoas simples de alma e de vida
Pessoas pobre de alma e de vida
Pessoas perdidas e disfarçadas
Pessoas agraciadas e encontradas

O universo íntimo de cada olhar
O mistério vivo em cada caminhar
O sagrado aflorado em todo ser
A vida bendita desde o amanhecer
O sentido único de cada vida
Só será morte eterna
Se não tiver um vivo sentido

Sublime, indescritível, andar e enxergar
Em cada rosto, em cada olhar
O toque sublime de Deus
Em cada filho seu
No amor humanamente divino e infinito
De Jesus, o Salvador, o revolucionário
A humildade e sabedoria escancaradas em seu olhar
Sempre me ponho a pensar
Qual o sentido da vida
Se não a de entender e se dedicar ao próximo?

Nas vias de mãos diversas
Os olhares dispersos
Sempre me ponham a refletir
Sobre a sua essência e seu mistério
Universo a ser descoberto

Que a vida jamais se finde
Sem que a última gota de suor
De amor e quem sabe de dor
Tenham encontrado um sentido maior..."

Ailton Domingues de Oliveira
04/07/12