"Hoje, daria tudo por um puxão de orelhas dos meus avós
Um grito da minha mãe no pé do ouvido,
brava por eu ter deixado os chinelos fora do lugar
E a toalha em cima da cama...
Sentiria feliz, restabelecido, confortável,
por ver meu pai adentrando a casa na hora do almoço
E ver meu avô chegando do seu trabalho no final da tarde,
subindo a rua devagarinho com seus pertences na mochila
E o meu outro avô levantando cedinho pra fazer o café.
Minha avó me chamando e chamando, já brava,
pra eu levantar e me aprontar para a Missa de domingo
E minha outra avó preparando a macarronada de domingo
E o frango de panela... As asas eram só minhas!
Hoje, muita coisa não faria de novo...
Brindaria mais e mais a cada vez que sentássemos ao redor da mesa
Momento sagrado que marca e envolve a família no seu seio
Tiraria as meias suadas dos meus avôs sem reclamar
E faria mais, lavaria seus pés em sinal de amor e respeito.
Ajudaria minhas avós no preparo das refeições
Cantaria músicas enquanto a família não se reunia
Ao som de um violão invocaria a presença de Deus...
Talvez, não fizesse muita diferença
mas estaria mais e mais e mais perto...
Hoje, só queria sentir o cheirinho de vó
O carinho de vô
A segurança de mãe
E a fortaleza de pai
Muita coisa já não é mais possível
Mas, na missão que a vida ainda reserva
Levo cada lição, cada lágrima,
A dor da ausência e a saudade
No fundo do coração
E o transmito na maior emoção
Ao meu eterno legado,
Presente de Deus,
Eternizado em meu filho..."
Ailton Domingues de Oliveira
03/07/12