Andarilha
pelos becos à procura
Das
indigências expelidas pela realeza,
A
besta sociedade que se endeusa de poder,
E
toma para si as graças terrenas da sorte
Como
os nobres romanos divinizados pelos seus feitos
Aclamados
e glorificados feito deuses
Andarilha
pelos becos à procura
De
toda gente sem sorte
De
quem sobrevive à margem real
E
cura com lágrimas e sangue
O
câncer de cada faminto andante
No
abraço desmedido e sem barreira
Andarilha
pelos becos à procura
Do
Deus da nobreza que salva a realeza
E
pune a massa escalpelada e empobrecida
Vira
as costas pra miserável fome
Esquarteja
e maltrata a quem não o teme
Desqualifica
o maldito por ser pobre e sem vez
Andarilha
pelos becos à procura
Um
ser sem regras, sem quimeras
Destorpecido
das fadadas leis morais
Protegido
contra o Senhor vingador
Que
a sociedade deturpou e matou
Eis
um homem sem o vitimizado Criador
És
um santo descrente e sem deus
Andarilha
por aí o meu bom ateu