2020 poderá ficar marcado para sempre como o ano que nunca se acabou. As consequências de tudo o que vivemos e passamos serão marcas eternas em nossa vida, em nossa alma.
Muitos distantes que se fizeram próximos, muitos próximos que se distanciaram. Enquanto fomos obrigados a usar máscaras por um bem maior, muitos seres tiraram a máscara e mostraram sua verdadeira face.O sertão é o sozinho, é dentro da gente, está em todo lugar. Deus e eu no sertão.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
2020, o ano que não terminou
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
Esperas ou esperança?
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
Entre desertos e trincheiras
Entre um deserto e
uma trincheira a vida se tece
Durante meus desertos carreguei o peso do meu próprio mundo
Com minhas livres decisões e também com aquilo que me foi imposto
Em minhas trincheiras reencontrei quem já partiu
E aqueles que merecem toda confiança e amizade
Lágrimas e suor limparam qualquer vestígio de dor
Aquilo que chamam de derrota eu trato como lição e aprendizado
Tombo e lona não são vergonhosos
Vergonha e desonra é para quem foi desleal
Estes, sempre serão lembrados por seus atos covardes...
Entre um deserto e
uma trincheira, o pensamento e a luta
Minhas manhãs de deserto, sem brilho e sem sol
Solidão a sós, em nós, nas lutas desarmadas, desalmadas
Trincheiras da vida, da lida, da labuta
Poeira nos olhos, calor, dor, presença
Há quem nunca ouse acreditar
Há quem nunca queira sonhar
Mas há quem só quer lhe roubar
A esperança, o sonho e a vida
Sua própria travessia...
Entre meus desertos e
minhas trincheiras...
Ah, quanto medo derrotado, quanta dor perdoada
Entre meus mundos, eternas lições
Entre meus devaneios, anjos e demônios
Entre o sonho e a realidade, fantasmas e esperanças
É assim, é a lida, é a vida... meu saber, meu querer, meus sonhos
Ninguém rouba, ninguém tira, ninguém mira
Só quem tem a chave e conhece o desejo, o segredo
É capaz de decifrar, sentir, pulsar,
Tanta ternura, loucura, amor...
Entre vitórias e
derrotas, a vida e a morte
Há quem sabe um tanto de suor e um dedo de sorte
Mas poucos conhecem a dureza das batalhas
Foco na intensidade das pegadas, e me afasto das migalhas
Maquiagens não me distraem, imagens não me atraem
Em meu rumo e meu foco só cabem essência
Lado a lado, de mãos dadas, pés descalços
Descarto a frieza da mórbida aparência
Enterro vivo os corpos desalmados
E assim cicatrizo meus próprios machucados...
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
A vida, a travessia, o amor e a solidão
A vida é estranha, mas também engraçada. Ela
é difícil, repleta de desafios, surpresas, decepções, conquistas, derrotas,
suor, lágrimas e sangue... Tudo isso e mais um tanto de considerações fazem
parte da ação, do "viver a vida", da travessia que fazemos desde
nossa concepção no útero materno até o apagar das luzes.
Noutra óptica, ela é o oposto de morte.
Lançamo-nos o desafio diário de viver intensamente porque ela é uma só. A morte
é certa, é a parada final, o encerrar do espetáculo. E quando as cortinas se
fecham, sobram apenas as lágrimas da plateia.
"O tempo que escoa não permite
despedida
Todo dia ecoa uma nova chance
Todo dia destoa uma eterna partida
Há quem nunca mais alcance
Viver a vida como haveria de ser vivida" ("Espelho da Alma" - Cá
de dentro - A.D.O. - 2015)
Sempre ouvi histórias sobre maritacas,
de que elas formam casais inseparáveis até o fim de suas vidas. Pesquisando
sobre, pude conhecer a diversidade de nomes e suas variantes de cor que
predominam em determinadas regiões do nosso país. Claro que existe sim um certo
exagero, que alguns consideram como mito a questão da fidelidade de seus pares.
Por razões diversas, a formação dos casais pode se dissolver ao longo do tempo.
Como eu disse, por razões diversas que não cabe explicar aqui. O que há de
interessante e romântico nisso é que em sua maioria, os casais são eternos e
quando um deles morre, o outro tende a viver só.
Essa experiência eu tenho acompanhado
de perto, aqui onde estou. Notei que uma maritaca tem se aninhado sob a aba do
telhado na lateral da casa. Quando passo por ali ela bate as asas em disparada
e voa pro alto dos coqueiros. Está sempre só. Parece esconder-se do mundo.
Recolheu-se em luto num cantinho incomum. Animais também sofrem de amor e
solidão...
"No repente do tempo
O tempo de repente se vem
No repente do tempo
O tempo de repente se vai" ("No repente do tempo" - Cá de dentro
- A.D.O. - 2015)
A vida é um exagero... e vai da ação de
cada um para entende-la como boa ou não. Prefiro crava-la como um presente
único que recebo diariamente. Que, no decorrer do tempo, tenho a oportunidade
de vivenciar, experimentar, degustar, saborear, lutar de forma intensa por mim
mesmo, pelos que amo, pela sobrevivência, pela essência... Não serão objetos
adquiridos ou construídos que deixarão memórias de quem partiu. Mas, a ação da
construção, o tempo dedicado, o sorriso aberto e o pensamento calado que se
eternizarão...
"Vida na memória...
é o som que reverberará por toda a história" (A.D.O. - 2019)