quinta-feira, 31 de março de 2016

Renegado



Não!!!
Não temos as mesmas ideias nem os mesmos ideais
Não corremos escandalosamente pro mesmo rumo
Não cobiço a ascensão de uma vida alicerçada nos materiais
Não vislumbro o topo da cadeia como meta de um futuro
Não me vejo em escaladas gananciosas e surreais
Não, simplesmente não...

Sim!!!
Eu vim pra andar, voar, nadar e seguir em frente
Eu vim pra brincar, crescer, entender e mudar
Eu vim, muito mais do que isso, pra ser gente no meio de gente
Eu vim pra sonhar, acreditar e lutar
Eu vim pra fazer, acontecer e talvez pensar diferente
Eu vim, aqui estou...

Não quero as mesmas coisas padronizadas
Mas quero sim caminhar em paz e descalço na calçada
Não quero ser refém do pensamento que aliena
Mas quero sim pensar tranquilo sobre cada dilema
Não quero massificar o exagero dos corrompidos e ignorantes
Mas quero sim arregaçar com a bandeira da hipocrisia deturpante

E o que tenho para a lida
É o que me traz a alegria
Fazer poesia da vida 
E da vida levar poesia

quarta-feira, 30 de março de 2016

Ventando no mundo


Inquietou-o o mundo
Na corrida contra o vento
Sentiu o tempo escoando
O respiro de cada peito
Abriu sem jeito a própria janela
Era casa, eram asas
Uma rima de alegorias
Que na própria estadia
Encontrava o prumo perfeito
Águas escorrendo pro céu
Nuvens tecendo o véu
E o vento em brisa soprando
Contra o muro, contra tudo
Na estreita passarela
E o apito então ecoou profundo
Era a hora, é agora
Na corrida contra o tempo
Senti o vento me pairando

Bataclã Planalto: enfim sós, PMDB e o tão sonhado trono!

Sem baixaria é o cacete! Baixaria de verdade a gente só vê por ali ó (plim-plim), entre purpurinas e ornamentarias de um putanesco cabaré de luxo, onde está a cafetina do prostíbulo mais frequentado do arrebol político dando aulas de cidadania com requintes de educação moral e cívica para a civilização da terra de Pindorama. Haja omeprazol!

Portanto, para o bem geral da paciência e contra a minha exacerbada gastrite alérgica e seguindo orientações com altos teores filo-alcoólicos anti-estresse, sigo apertando o botão do pânico em 3, 2, 1: FO-DA-SE! Quem?! Como assim quem?! Sei lá!!! Só deu vontade de gritar um "foda-se" bem grandão!!! Pode gritar também. Não resolve, mas ajuda. Meio que paliativo, sabe?! Melhor do que a tec-pix, garanto!

É meus bródis! Enfim os PMDB's estão prestes a colocar a mão no precioso. K-GA-LHOOOO!!!! Como diz um tal livro, "ninguém é de ninguém". Putz! A bosta da situação política atual se encaixa perfeitamente nesse tema. Troca-troca de partido, coligações, conchavos, "fecha comigo que eu fodo com tu", etc...

To tentando falar sério mas não tá favorável... Já sei: "Extra! Extra! Maluf está na comissão de ética!" Também não rola. Agora, até o japonês da Federal está sendo investigado! Acreditar em quem, mano? O ridículo e charlatão do Malafaia tá armando um mega-ato com profecias sobre o fim da corrupção. Isso que é um monte de merda num só meliante! E eu que votei no Tiririca me decepcionei com a piada dele. A coisa ficou pior sim meu caro Palhaço, mas continuarei votando em você! Pode crê!

Vamos falar de quem continua no inferninho global? Cunha, o inabalável: é quenga! Aécio e Serra foram expulsos da manifestação... Ah, essa notícia é velha. Mas é legal! Então: quengas despeitadas! Por último o Temer... e não é porque é a dona que deixou de ser quenga. Quenga-quenga-quenga-quenga-quenga...

Bataclan Planalto: enfim sós PMDB e o tão sonhado trono... Em vias de assumir a bagaça, o vice presidente Michel Temer, anda treinando para dar o fatality no momento exato! E com uma ajuda inusitada! Advinha de quem? Simmmm! Os cara-de-pau, os loko, os tuca, os PSDB! Heeeee! Os mano que gosta do pó branco vão dar tiro pras alturas pra festejar a inserção de um irmão da facção no poder. Um irmão com norral de cheiradô. Dali Neves!

É isso aí... assim o arretado noticiário do Bataclan Planalto se despede de mais um momento fodástico para todos. Porque todo mundo tá sifu enquanto lá em cima a briga é para saber quem comanda o puteiro. 

quinta-feira, 24 de março de 2016

Recanto imortal


Haverá quem diga que te conhece
Pelo simples fato de uma corriqueira prosa
Tomará por base aquilo que sentiu
E te definirá para todo o sempre
Tão frustrada por não poder ir além
Por ser impelida de adentrar-te
Nos redutos mais improváveis do seu ser
Tornar-se-á uma algoz incontida
E tramará um relato sobre o que não viveu
Dirá que te conhece no coração
Mas se esquece que imortal é a alma
E esta não é para quem quer...

Haverá quem diga que te conhece
É fraco
É sarcástico
É mentira
Quem te conhece não se pronuncia
Quem te conhece já está contida em tu
E tu a contém nos mais loucos recantos
Nas mais improváveis e insanas estações
Em todas as estações...

Haverá quem diga que te conhece
Haverá quem não se contenha
Haverá quem te desdenha 
Haverá quem não se mantenha
Sempre haverá quem não admita
Que o tempo passou 
A vida seguiu
E você se reencontrou
Na alma que te descobriu...

segunda-feira, 21 de março de 2016

Bataclã de Brasília


O atual cenário político e o seriado Gabriela, exibido algumas vezes na TV, tem muito em comum. Ambos acontecem num ambiente de luxúria, status, poder, cobiça, ganância, jogatina, falsa moral, dinheiro, mentira e prostituição. 

Sem querer dar muita atenção à ficção, digo apenas que Dona Doroteia era o falso pilar moral da sociedade, uma vez que carregava as sombras de um passado por ter sido quenga. Ela fazia o julgamento dos atos de cada cidadão de Ilhéus como se desde sempre tivesse uma reputação ilibada. 

Bom, partamos ao que interessa. Melhor, vamos ao que nos resta. Foco na cena real. Serra e Temer. Representantes de um futuro romance partidário. Ou talvez, aconchavantes de um próximo seriado nacional. A possibilidade de um bem frequentado e promíscuo Bataclan a lá brasiliense já está além de um fato iminente, é uma meta.

O PSDB no momento é a cafetina que paga melhor pelos serviços do cabaré. O PMDB, por sua vez, é a quenga mais cobiçada da zona política e que tende a se apaixonar facilmente por quem lhe garantir a oportunidade de continuar subindo e descendo a rampa do Planalto. Afinal, amor de poder, aonde bate faz doer. E neste quesito o PMDB é experiente. 

O PT... Ah! Não tem como deixar de fora dessa disputa. Só que, na atual conjuntura, este cabaré encontra-se fadado por falta de óptica gerencial, o que o tem colocado como possível ambiente falido de terceira categoria. Seus atuais sócios não conseguem recolocá-lo no rol dos bons frequentadores.

Emputecidos ou desputecidos, partidários ou simpatizantes, inocentes ou intolerantes, seguimos da bancada baixa assistindo os assíduos frequentadores desse meretriz cenário, a nobreza varonil, numa fria guerra prostitucional com direito aos dez mais pecados capitais. Aguardemos as cenas dos próximos cabarés. 

E, pra resumir, como diria Dona Doroteia: "é tudo quengaaaa!"


domingo, 20 de março de 2016

Curiosidade e frustração de Herodes

(Reflexão inspirada na homilia do dia 20/03/16,
por Frei Geovane Santiago - Lc 23,1-13)

O contentamento causado pela curiosidade e pela expectativa de um milagre foi desfeito com o silêncio do galileu. Herodes estava em Jerusalém no tempo da prisão de Jesus. Muito maior do que o desejo incomensurável em conhecê-lo, era o fato de que os ensinamentos e milagres do Nazareno se alastraram desde a Galileia até a Judeia fazendo com que seu nome ganhasse repercussão e consequentemente fosse perseguido pelas autoridades, tanto as políticas quanto as religiosas. 

Uma vez que não encontrou culpa naquele filho de carpinteiro Pilatos resolveu entregá-lo a Herodes. Diante de tantas perguntas e expectativas o silêncio foi a única resposta que obtiveram do moreno de Nazaré. Assim sendo, a alegria do Governador foi frustrada quando percebeu que não seria testemunha ocular de nenhum milagre. 

Os sumos sacerdotes e os mestres da lei, como hienas carniceiras, não perdiam tempo e reforçavam a dramatização acusando Jesus de ser um agitador das massas por conta de seus ensinamentos libertários. Entre outras culpas pesava-lhe o fato de fazer subversão entre o povo, proibindo pagar impostos a César e afirmando ser ele mesmo Cristo, o rei. Palavras dos acusadores.

Revoltado por não ter sua curiosidade saciada, Herodes tratou logo de desferir toda a sua arrogância que o posto de autoridade lhe concedia. Em atos de desprezo, juntamente com seus soldados, não polpou zombarias ao Nazareno. Encerrou sua participação na acusação de Jesus vestindo-o com uma túnica vistosa e devolvendo-o a Pilatos. Assim pode demonstrar ao dito Cristo e a toda plateia quem é que detinha o poder. 

A curiosidade e frustração de Herodes é algo que me chamou a atenção no Evangelho de hoje. Óbvio que no contexto existem particularidades mais importantes as quais devemos nos atentar. Porém, essa insaciável busca por milagres concretos e palpáveis que possam definir a existência de um Deus que escuta e atende ao pedido é algo que tomou proporções alienáveis no meio religioso. São práticas vendidas pelos diversos templos de nossa contemporaneidade. Muitos herodes de nosso tempo perdem sua fé quando não tem seus desejos atendidos. Desejos estes que estão no campo material, na prosperidade, na ganância, no poder...

A fé se tornou um produto prático no mercado religioso. As pessoas são instruídas (alienadas) a exigir um milagre de Deus, uma vez que participam de determinado templo e contribuem com o que lhes é solicitado. É quase uma permuta sagrada. Longe dos holofotes midiáticos e dos detentores da passagem para o Céu ainda podemos encontrar pessoas desalienadas, destorpecidas, e sábias em suas práticas de fé. Afinal, a vida é um milagre.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Um passo mais perto


Na dispensa de todas as incertezas
Seguimos embarcando em cada estação
Quebrando bancas e virando mesas
Vivendo o sonho em nosso chão

No caminhar seguro do coração
Os pés se firmam com esperança
As mãos se unem em oração
O amor se tece na aliança

Nas linhas de um sonho a profecia 
Sob o céu uma nova história
Tecida com sentimento e sintonia
E o amor sentenciando nossa vitória

Em nossos mundos as guerras não têm mais
Pois dissipamos todos os medos
Em nossas vidas reconquistamos paz
E o nosso amor não tem segredos

A vida sorriu em flores
No sertão que era deserto
Nosso sonho se uniu em cores
Pintando um passo mais perto

quinta-feira, 17 de março de 2016

Jeitinhos e manobras

Sujos e mal(us) lavados medindo forças nas jogatinas onde o prêmio é o poder do mando. O cenário político virou um reality show estilo BBB. Muitos oportunistas de jargões e clichês representando seus partidos são os que comandam a putaria. Deus me livre desse diabo, pois esse inferninho não tá legal! Aliás, nem o pobre diabo quer fazer parte dessa trama sem código. Afinal, "cruza ruim" que se preze tem ética e respeita a classe.

Paralelamente à escancarada guerra de poder entre a ala governista, a antigoverno e o próprio governo em si acontece nas ruas e nas redes sociais uma simulação de uma guerra civil iminente. O desrespeito e a intolerância com o pensamento alheio saíram das crônicas para as vias de fato. 

Estamos reféns de um barco à deriva... Pior que isso, nenhum comandante capacitado para arriscar o leme. O oportunismo está em todas as instâncias. Até mesmo os corruptos querem se capitanisar das ações independentes realizadas pela sociedade civil contra a corrupção governamental denunciada. A política virou um velho oeste, terra sem lei e de ninguém. Estamos à mercê não sei de quê...

Um filho teu não foge à luta, celebre frase que já teve um teor mais elevado em outras crises não generalizadas. Sonhos que já foram metas, depois de utopias viraram cinzas. E se as cinzas se dissipam com uma brisa qualquer, quiçá com ventos fortes tal como os que tem devastado a justiça e a moral dessa terra de gigantes. A luta é independente, por si...

Não tenho vergonha de ser brasileiro por um simples fato: não comungo da corrupção alheia. De onde estou não posso mudar o topo mas posso contribuir fazendo cada vez melhor a minha parte ao dizer NÃO às prostituídas propostas alá "jeitinho brasileiro". Tenho orgulho do meu lugar e quem sou reflete diretamente na vida daqueles que amo. Isso me basta!

Se esquerda ou direita, já não me importa agora quem vai deitar-se com a oportuna vagabunda, ou se esta experiente senhora que pende para o lado de quem paga-lhe mais vai conseguir enfim sair das sombras e por falta de outros "tus" terá a emancipação de sua própria história política. Digo do partido que sempre esteve nas camas de cada governo (des). 

Ainda credito a atual conjuntura ao racha das últimas eleições. A partir daí só foram manobras para derrubar (des)governo e para instaurar uma crise social. Creio que, talvez, fosse a hora de um novo partido ter assumido o comando. Só não poderia ter sido a outra quadrilha liderada pelo partido derrotado nas urnas. Quadrilha por quadrilha... continuamos ou continuaríamos a morrer na praia.

E aos discurseiros especialistas em política virtual, espero que pelo menos em suas ruas sejam verdadeiros exemplos de caráter, honestidade, justiça, ética, moral...

quarta-feira, 16 de março de 2016

Novo tempo de amar


Na despedida do que bani
Ficaram apenas cinzas
E se dissiparam no tempo
Na força do pensamento
Com o novo que explode
Novo que traz o fogo
Traz calor, amor
Acalenta a alma
Esquenta e acalma
Aquece do frio
Provoca o calafrio

Falam (rão) aos ventos
Mas já não estarei aqui
Nem velado serei
Não permitirei
Não quero sombras
Nem fantasmas
Nem memórias de vidas vazias
Que meu eu descanse em paz
Longe do veneno que a língua traz
E bem vivo para uma nova vida

Não há o que dizer
Ao que já foi
Já foi, não é mais
Porque não haveria de sê-lo
Na real da vida
Se existe um destino
Eu o descobri
E não há o que me faça desistir
E se não existe o acaso
Minhas linhas foram pintadas
Por mãos sagradas
Que me tiraram do léu
Por um anjo do céu

Que o tempo de cada qual
Seja usado ou guardado para si
Que não se limitem a conspirar
Pelo fato de meus atos
Adeus ao que ficou
Adeus ao que findou
Adeus ao que passou
É novo tempo
Tempo de florir
Tempo de sorrir
Tempo só de amar

Amei o amor e o amor me amou!

terça-feira, 15 de março de 2016

O filho do carroceiro - III


Pelas ruas de um bairro sob o céu mineiro, encontrei o velho conhecido senhor carroceiro. Ao longe o avistei, guiando seu transporte puxado pelo fiel parceiro de quatro patas. Nosso cumprimento foi imediato. Seguíamos em direções opostas. No entanto, no relance do cruzamento percebi seu olhar desolado. Algo anormal pairava em seu semblante. Tristeza.

A alegria no sorriso de outros dias não estava estampada em seu rosto. Faltava-lhe algo. Faltava-lhe uma parte. Faltava o seu companheiro, o seu menino, o seu filho... Um garoto simples e esperto, que trabalhava com o pai, feito gente grande. Tímido na presença de seu tutor. Totalmente respeitador das regras de seu senhor.

O mestre da carroça, que faz fretes para sobreviver com dignidade, com toda certeza ao encontrar-me pela rua, mesmo sem nada dizer, quis contar-me de alguma forma sobre a ausência do filho. Em todos os serviços que ele nos prestou em outros tempos, seu filho o acompanhava e eu fazia questão de conversar com o garoto. Deve ter sido essa a lembrança que ele teve nesse momento. Nada falamos. Ficamos no aceno e no olhar.

De certa forma a notícia triste já havia chegado até meus ouvidos por um outro senhor que conhece a história desse digno carroceiro. O seu filho havia embrenhado pelo mundo das drogas. Quatorze anos talvez. Morava apenas com o pai. Não tenho história sobre a mãe. Na última conversa que tive com o menino, ainda ajudando seu pai, ele estava ausente da escola. Motivos que não me competem julgamento.

O olhar do pai, repleto de tristeza é o ponto mais tocante dessa história. Palavras aqui não descrevem o meu sentimento muito menos o desse senhor. A simplicidade deste homem não permite partilhar a vida e seus desafios. A ele cabe apenas cumprir com honradez dignidade tudo aquilo que fora combinado em sua prestação de serviço. Justo. Essa é a palavra que o define, uma vez que não tenho como descrever o tamanho de seu caráter e honestidade, quando no acerto de sua mão de obra esqueci de um adiantamento feito e paguei a quantia cheia. Ele deu dois passos adiante e voltou rapidamente para devolver o valor da primeira paga.

O filho do carroceiro é uma história real e continuada. Os protagonistas são os mesmos e serão eternos neste espaço. Neste momento e em nenhum outro caberá um julgamento sobre o desandar do menino. Sem um desfecho pensado para a passagem de hoje, encerro estas linhas ofertando o olhar desse pai aos céus e pedindo toda a proteção e sabedoria divina para que reencontre seu menino...



PS: Leia também "O filho do carroceiro I e II":

http://escritosemtempos.blogspot.com.br/2014/01/o-filho-do-carroceiro.html

http://escritosemtempos.blogspot.com.br/2015/12/o-filho-do-carroceiro-ii.html

domingo, 13 de março de 2016

Pelos olhos da alma


"Há quem espere uma nova descida do Rei 
Numa carruagem dourada 
Por cavalos alados guiada
E por querubins cercada
Há quem espere uma manifestação real
Para dizer que é Ele dando um sinal
Existem as crianças porém
Que sabem admirar como ninguém 
Nas paisagens as cores
Nos bichos os amores 
E o balé dos beija-flores
Talvez assim sejamos
Felizes com aqueles que amamos
As nuances do céu compartilhando
Ora sorrindo, ora chorando
Mas jamais sem crer
Como loucos de amor para viver
Que Deus jamais deixou de existir
Basta os olhos da alma para sentir
E sorrir"

sábado, 12 de março de 2016

Lua de sangue



Na profecia de outrora
Em noite tão bela de cheia
Astros no céu incendeiam
A reluzente nascente do agora
Magia pintada em flor
Nas águas cantantes que levam
Que lavam, desnudam e entregam
Ao horizonte dançante do amor

A busca no tempo incessante
Do sonho contido no sangue
Mil mundos, mil vidas desbravando
E somente por seu coração esperando
Em noite da lua brilhante
Eis que toque suave e revigorante
Que o céu da alma incendeia
E o seu brilho aos olhos clareia

É a estação do momento sublime
É o encontro em tom de magia
Sensação que a boca não exprime
Mas que a pele se contagia
Em sintonia de amados e amantes
Traçando o destino sonhado
No mistério do beijo apaixonado
Se cumpre a lua de sangue

sexta-feira, 11 de março de 2016

Corpo, alma e dança


Dança e terra
Deserto tão certo 
Caminhante sereno 
De um mundo esquecido
Sem busca encontrando 
Do veneno curando
Errante atrevido
De volta ao sertão
Empunhando a coragem
Ousadia e coração

Alma e lua
Na chuva abraçado
Correndo sem rumo
Com você ao meu lado
Não importa o que vem
Nem o distante passado
Recomecei de outras guerras
Renasci tantas vezes
Esperando a estação
E a lua cobrindo a solidão

Corpo e mato
No manso recanto
Sintonia perfeita
Ausência da dor
De outras mortes vividas
Traz na estrela a sorte
Entrega sem temor
Eterna aventura
Do tempo que dura
Eterno e intenso em nós


quinta-feira, 10 de março de 2016

Mais mil vidas


Quando
N'algum momento estiver refém do meu silêncio
A vaguear nas sombras do pensamento
E faltar-me a inspiração para escrever
Ou as palavras para dizer
E no declínio fortuito do astral e da dor
Ainda assim te amarei, amor

Quando
A tristeza contida a me visitar o deserto
E o meu olhar não estiver tão perto
E faltar-me o sorriso na face estampado
E somente o som do suspiro espaçado
Neste terreno ardiloso que vai e que vem
Estarei caminhando com você meu bem

Quando for assim
Eu por você
E você por mim
A sós, a dois
Em nós, sem depois
No olhar o recanto
No colo o descanso
Em cada horizonte a vontade
Mais mil vidas pela eternidade

No acaso de um causo, a vida


No acaso de um causo
No tempo em que as linhas se derramavam
De saudades sórdidas e sofridas
De ausências vívidas e petrificadas
De inexistência dos sonhos
E da busca do real no olhar esquecido
Eis que assentado em cada estação
Derramando as águas no canteiro certo
Desfazendo-se da marcas e assumindo o destino
Sem o peso do fardo imputado
É chegado o tempo do tempo
Já não é mais acaso
É o milagre que se obteve da luta
É o sonho tão sonhado brilhando
É a cura das emoções pensantes
É a resposta para as perguntas ocultas
É o sim ressoando em atitudes tão concretas
É o filme, a novela, a rua e a passarela
Ação, emoção, razão, coração
Simplicidade, lealdade, liberdade sem dor
Vida nova, nova vida, loucura e amor

terça-feira, 1 de março de 2016

Estação Março: Sonhos, Poesias e Loucuras


E...
caminhando por entre as nuvens
percebi quão árido estava meu chão
paisagens solitárias entre as nuances do tempo
nada constante, nada faltante, nada restante
somente um personagem banido de seu próprio enredo
um desvelar regado a ausências e incertezas 
com um desfecho de solidões inéditas em cada ato
e um horizonte utopicamente inalcançável 
Fora assim...

Então...
nesse desembarque de outrora fica o caminhar apenas
cenários destruídos e reerguidos em novos palcos
enredo destemido de um sonho restabelecido
na lenta decisão de prosseguir e desapegar
perdoar e libertar, o presente vem a caráter
na estação da vida se recarrega de sonhos
e não se enterra mais poesias nem loucuras
que a fonte no jardim nos abasteça em amor
Somos assim... A folha e a raiz.