segunda-feira, 19 de maio de 2014

No limiar da noite


Dá-me teu sorriso tão nua no céu
Cede-me teu brilho tão Lua sem véu
Dança comigo a canção da eternidade
Canta em segredo a razão da saudade

Afugenta de ti os espíritos mundanos
Acalanta em ti a mística humana
Labuta ao sol a duras penas
Escuta o rouxinol na cantoria suprema

Não fuja do caminho sem destino
Que venha ao encontro do coração menino
Já não corro do seu céu ao incerto sertão
Faz daqui tua morada, minha terra, coração

Hoje longe, a esperança se finca
Muito perto, a andança se finda
Venha do sul e eu me entrego do norte
Sobreviva a tristeza e eu disfarço da morte

Viver o amor, que seja proibido
Enterrar o temor, que sejamos banidos
Vivenciar o regresso, sepultar o passado
Entregar o possesso, descartar o Estado

Do início ao fim, espinhos e flores
De árduos sim, caminhos e dores
Na pele o cheiro, a mágica presença
Nos olhos a poeira, a vontade e a pertença



Devaneios do tempo


Entrega-se ao sensível
Eternamente impossível
Emoções e razões
Aos nossos corações

Nem tão longe nem tão perto
No limite discreto
Ausente mas frequente
Em química eternamente

Foste única no jardim
Foste a Lua e o Serafim
Fuja agora de tua prisão
Nos meus olhos, tua direção

Enigma da verdade
Audácia da vontade
Sofrer do querer
Amar é perder

Perder na vida
Alcançar na corrida
Jamais no interior
Pois impera o amor

Não há clausuras
Escritas sem rasuras
Libertado é o sentimento
Devolvido pelo tempo

Afasta-te do medo
Desnuda teu segredo
Afirma teu olhar
Direciona o teu caminhar

Que se estabeleça o elo
No toque tão singelo
A entrega desmedida
A vitória ainda em vida

Aqui ou noutra dimensão
Da terra ou do coração
Selado foi o beijo amado
Derramado enfim o sangue sentimentado


quinta-feira, 15 de maio de 2014

Terras sentimentadas, sedimentadas


Olho por onde andei
Oro por onde passei
Coisas que vivi
Lágrimas que sorri
Sorrisos que chorei
Amores que amarguei

Vidas que se foram
Vidas que chegaram
Sonhos percorridos
Sonhos enterrados
Estradas sobrevoadas
Estradas atropeladas

Duetos cantados
Duelos lutados
Sentidos sentimentados
Sentidos amagoados
Céu entristecido
Céu escurecido

Flores do jardim
Amores sem fim
Finitude dos atos
Longitude dos fatos
Poesia da vida
Utopia perseguida

Gente que vem
Na estação do trem
Gente que vai
Pra onde o sol se cai
Água do céu a derramar
Que apaga e volta pro mar

Terra do sim
Do medo do fim
A esperança que fica
Na fé que pratica
No solo sagrado
O Amor Sacramentado


A cena que encerra
O espetáculo na terra
Na lembrança a história
A saudade na memória
É preciso partir
Sem saber aonde ir

Nem presente, nem ausente
Nem passado, nem estado
Nem futuro, nem escuro
Vai-se o dia, a mente
Perpetua-se o tempo alado
Percorre-se as vias, tão duro

Nem flores, nem amores
Nem rancores, nem...
Que se vão
Que se venham
Que se me arranquem
Mas que eu ainda viva...


quarta-feira, 14 de maio de 2014

Defuntos vivos


Estranho título. Não havia outro que merecesse tal destaque nessa oportunidade.

Nos momentos que a vida proporciona temos sempre a chance de aproximar ou afastar das pessoas. Algumas vezes tanto a aproximação como o afastamento ocorrem de maneira natural. Isso é bom. Outras, acontecem de maneira intencional, o que não deixa de ser também.

Há pessoas que as temos no mais alto grau de consideração, seja pelo laço familiar, seja pela amizade, seja simplesmente pelo carinho. E, quando nos deparamos numa encruzilhada, entre continuar mantendo uma relação de um só remo ou seguir para outro lado então este é o momento de uma difícil decisão: encerrar, ou melhor, enterrar.

Concluir que sua presença, sua vida, sua história, sua pessoa não teve tanta importância, é algo que cala profundamente. Sendo assim é hora de partir, sair de cena, encerrar as cortinas dessa história de um monólogo triste. E encerrar uma história quando ambos os lados ainda respiram é ainda mais difícil.

Relações que não foram devidamente resolvidas e sanadas merecem um bom e eterno descanso. Encerrar uma história é o mesmo que colocar a tampa sobre o caixão e jogar os primeiros punhados de terra por sobre o mesmo. 

Todos nós carregamos defuntos vivos em nosso coração e isso é pior do que carregar a lembrança daquele que partiu pra eternidade. O primeiro traz a dor da decepção, o segundo deixa a da saudade.

Como tudo na vida existe um tempo certo, um momento reservado, depois de muito ter velado o "defunto vivo", eis que é chegada a hora de permitir que a memória dos que partiram na calada da vida descansem em paz e no esquecimento.

E que assim seja: "aqui jazem sem memorian."

domingo, 11 de maio de 2014

Mãe



Mãe...
Pensei num poema, pensei em flores, pensei em música
Pensei qual seria a melhor forma de te homenagear
Pensei qual seria o melhor presente para te agradar e te agradecer
E concluí que não existe "essa forma", e nem um presente que contemple
Sei que esse dia é meramente simbólico, pra não dizer ilusório
Entendo melhor como uma maneira de parar tudo
E voltar os olhos totalmente para você mãe

De tudo o que me deste nada é mais valioso do que tua perseverança
Posso dizer que tua vida, de muitas lutas, difíceis lutas é a minha herança
Tua determinação, seu ponto forte, também se tornou meu lema
Sou feliz, por ter nascido do teu ventre
Eu não poderia ter sido abençoado de outra forma
Parabéns por todos os dias que você tem sido não apenas Mãe...
E obrigado, apenas obrigado por ter sido sempre essa Mulher
...Amiga, Companheira, Guerreira, Dedicada, Forte, Exemplo de Superação,
Sempre pronta para se doar e por quê não dizer se dar de corpo e alma...
Mãe, minha super Mãe, Te amo!!!

Feliz todos os dias de sua Vida,
Feliz todos os dias de Mãe!!!