sábado, 12 de maio de 2012

Mãe

Mãe,
Nas lutas que travei com a vida você sempre esteve perto.
Em alguns momentos não percebi tua presença...
Mais tarde descobri que você tomava conta da retaguarda,
Enquanto eu seguia rumo ao horizonte.
Ou ainda, esteve adiante dos meus passos,
Abrindo caminho em meio ao desconhecido e o inevitável.

Mãe,
Mesmo na distância, mesmo na impossibilidade momentânea
De sentir o teu abraço e o teu calor que conforta a alma,
Quando o mundo me intriga, me desorienta ou me impossibilita de desbravar,
Ainda assim, tua voz me acalenta, me sustenta, me encoraja e revigora.
Não há barreiras, nem mesmo o tempo com suas intempéries
A nos tirar o vínculo mais lindo e profundo que nos uniu nesta vida.

Mãe,
Não bastasse, ainda tive o privilégio de ter outras duas mães:
Minhas avós Iolanda e Aparecida, que ainda são minhas referências.
Obrigado mãe, você que ainda tenho como meu esteio e meu rochedo.
Obrigado por me fazer forte, por me levantar quando caí, e por estar próxima
Quando errei e precisava apenas do teu olhar e do teu silêncio.
Minhas avós, mães por duas vezes, suas vozes ainda ressoam no meu coração,
Ainda me orientam...

Mulheres de fibra da minha vida, obrigado à todas vocês e parabéns por este dia. FELIZ DIA DAS MÃES!

Ailton Domingues de Oliveira
12/05/12

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O primeiro combate

Hoje, atendendo ao pedido do Felipe, levei-o pela primeira vez para fazer uma aula experimental de artes marcias: aula de Tae Kwon Do. Isso parece estar no sangue. Quando tinha sua idade também era louco por esportes de luta.

Bom, o interessante nisso tudo foi o obstáculo que ele enfrentou de forma solitária mas com muita compostura e honradez. O Tae Kwon Do necessita de uma roupa adequada, ou seja, o kimono. Por sorte, ele havia ganhado um de seu primo, mas era de Karatê. Caso não tivesse, teria de ir de agasalho.

Ao entrar no tatame os outros meninos ja o identificaram por dois motivos: o primeiro por ser novato e o segundo por estar com um kimono que não seria o ideal para o Tae Kwon Do. Tudo bem, era só para esta aula experimental. No caminho para a academia já fui tratando de dizer que esta aula seria apenas para conhecimento. Se tudo desse certo e ele se identificasse, providenciaríamos o necessário para continuar.

Antes mesmo de começar o treino, ainda enquanto estavam todos sentados à espera da organização do espaço, alguns meninos trataram de puxar assunto com ele e saber de onde era aquela roupa que usava. De longe pude perceber o tom que rolava a conversa. Mesmo sendo crianças e sem saber a forma que se expressavam, com certeza a segregação já havia começado, obstáculo que somente ele poderia resolver. Sozinho.

Apenas observei e percebi que ele respondia às perguntas dos meninos à sua volta. Enfim o treino começou e num dos "corres" para aquecimento alguns mais engraçadinhos quiseram passar na sua frente. Sem atropelar e com muita compostura ao retornar para a fila ele disse aos que já haviam se colocado à sua frente que ali era o seu lugar. Com muita disciplina, coisa exigida nessa arte marcial, os alunos apenas deram o seu espaço de volta.

Quanto ao treino em si, foi ótimo! Foi lindo! Quanto orgulho meu explodindo num olhar silencioso. A cada exercício realizado, o seu olhar procurava o meu. Um sorriso contido em seu rosto, mas com tanta satisfação por estar ali.

O treino acabou e eu pude me encher ainda mais com a seguinte frase: "Pai, obrigado por me trazer aqui! Hoje é um dia muito importante em minha vida!!!" Bom... sem comentários!

Filho, estou orgulhoso de você! Hoje, conseguiu vencer seu primeiro obstáculo! Estarei sempre ao seu lado, independente quem seja o adversário e qual seja o tipo de luta.

Ailton Domingues de Oliveira
11/05/12

Marcas na Bíblia

Lembro-me da vez que demonstrei explicitamente minha chateação para com minha avó Iolanda... Ela, ativa na Legião de Maria, no Apostolado da Oração, nos Grupos de Oração, não perdia uma Missa, bem como estava em todas as celebrações e novenas que aconteciam na Comunidade. Por tantos compromissos na Igreja ela sempre carregava a minha Bíblia, a que ganhei no dia da Crisma. Não tinha uma bola leitura, e a escrita ainda era um pouco pior, mas era disciplinada no que fazia e tinha o hábito de ler a Bíblia todos os dias.
Ao longo do tempo e com tanto uso, esta minha Bíblia foi criando marcas, ou seja, gastando e envelhecendo pelo uso. Um dia me dei conta disso. Achei que a Bíblia deveria permanecer tal como a ganhei, sempre nova e com cheirinho de presente que marcou data. Mero e tolo engano!
Quando disse à minha avó o quanto a Bíblia estava gasta, percebi que ela ficou chateada e disse que me daria uma nova. Respondi que não precisava, pois o meu presente era aquela e não o que possivelmente ela queria me repor. Não dissemos mais nada, e ela continuou a usar.
Um belo dia, meu avô deu-lhe de presente uma Bíblia, tal como a minha. Ainda assim ela me perguntou se eu gostaria de ficar com a nova. Falei que não e que eu continuaria com a mesma.
Hoje, não tenho mais minha avó, aliás, não tenho nenhum dos meus avôs e avós aqui comigo. Todos já têm sua morada junto de Deus... Mas, carrego por todo canto não só a minha Bíblia, mas também a de minha avó. Pra ser sincero, tenho mais quatro Bíblias de marcas e editoras diferentes. Tornei-me muito mais que um colecionador, na verdade um fã de Bíblias. Ainda me faltam duas, as mais caras, que ainda terei para pesquisas e estudos. Faço a minha liturgia diária todas as manhãs antes de ir para o trabalho e sempre que me proponho a estudar de maneira mais concisa e profunda, consulto pelo menos duas delas.
Aprendi nesse tempo de saudade causada pela ausência dos que amo, que não importa as marcas deixadas, por mais que aparentem sujeira, excesso de uso e desgaste material. O que importa é que alguém passou por ali, alguém esteve de posse daquilo e usou da melhor maneira possível. Importa que a sabedoria contida nas prosas daquela que nem teve escolaridade, deixou-me de herança a humildade e a necessidade de buscar sempre a Deus, acima de qualquer coisa.
Têm marcas que valem a pena ter e manter. Marcas em nossa história, com a autoria de pessoas que realmente nos deixaram de herança a sabedoria que dinheiro algum poderia comprar. Cada vez que pego não só a minha Bíblia, tanto usada por minha avó Iolanda, mas a que ela ganhou de meu avô, procuro imaginar quantas verdades ela pode ter lido, entendido, aprendido e vivido durante os anos de sua existência.  Quantas vezes ela se pôs de joelhos pra falar com Deus e ouvi-Lo durante os seus momentos de oração.
Marcas, que tenho o orgulho de contar e repassar ao meu filho de 8 anos. Hoje, ele já têm duas Bíblias, que faço questão de lermos juntos, sempre que o tempo presente nos permite...
Que nossas Bíblias sejam cada vez mais marcadas pelo excesso do uso!...
Ailton Domingues de Oliveira
11/05/12

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Inquietações

Inquietações"

"O tempo...
A cada passo uma pegada na história. A cada dia de vida, caminhamos para o fim. Ah, se soubéssemos quando e a que horas... Infelizmente não sabemos! Na liberdade nos dada, ilimitada, rumo ao desconhecido seguimos, na certeza de que será o melhor, sempre. Calculamos, acertamos ou não, lamentamos ou vangloriamos, enfim, caminhando ou parado, o tempo se escoa. As ferramentas adquiridas nos possibilitam tecer elos.

Quando nos decepcionamos, sempre pautamos tal momento focando que foi um mero e grave erro. É certo?! Acredito que não. Ao contrário, o amor é pautado de dor. E amor é perdão. E perdoar a quem, de certa forma, nos magoa, decepciona ou contraria, com certeza é uma dificuldade sem precedentes.

Eis o tempo que auxilia, contraria, dosa, as vezes como paliativo, as vezes como certeiro... Mas, ainda no que se refere às inquietações que consideramos perdurar na história de nossas vidas como erros, de alguma forma, serviram para, no mínimo, reestruturar a base. O que doeu ficou marcado, mas nem por isso foi um erro. Consideramos a dor como resultado de uma escolha, que por não ter tido êxito, a consideramos errada. Errar é estar ciente do resultado que sua atitude gerará, mesmo que prejudique só a si.

E porque hoje vencemos, não significa que somos invencíveis. Quantos empresários antes de obterem êxito em seus negócios passaram pelo caminho da derrota, da falência, das portas fechadas. Venceram seus medos. Fortaleceram suas então fragilidades. Reegueram-se e se tornaram referências.

O tempo cura. O tempo ajuda. Mas, particularmente, prefiro que me inquiete. Jamais me permita meramente assistir de camarote a vida passar. Quero, no mínimo, continuar sendo protagonista. Que minhas escolhas me tragam dores e lágrimas, mas quero chegar no fim, e dizer que eu vivi minha história, sem poréns. Não importa quem gostou do meu jeito, quem me amou ou quem me odiou. Importa sim, que fiz grandes amizades, vivi grandes emoções, debulhei meu sentimento e estive ao lado dos que sempre amei..."

Ailton Domingues de Oliveira
(04/05/12)