quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Sensibilidade exacerbada!



As pessoas andam com a sensibilidade exacerbada ou, em outras palavras, à flor da pele! Inflamam-se por poucas coisas. Minha avó falava que esse tipo de personalidade era o tal do "não me toque não me rele"! Pior, que, de tão sensíveis, criam reféns de seus pensares e o agrupamento vira um motim envolto de plumas sensibilíssimas.

Filtro. Falta uma filtragem quando se lê um artigo, uma crônica, uma fantasia real e até mesmo uma crítica argumentativa. O mundo individualista no qual algumas pessoas se enclausuram faz com que a arte do ler, interpretar e pensar seja vista sempre como um ataque terrorista em sua direção. Em outras palavras, esse exagero de sensibilidade faz parte do pensamento de quem acha que o mundo conspira contra si. 

Certa vez ouvi uma retórica de um profissional que "pessoas que têm sua sensibilidade exacerbada deveriam manter-se afastadas da civilização pois o mundo é uma inconstância e estamos sujeitos às mais variadas intempéries naturais ou criadas pelos maus civilizados." Esse é um fato real! Tem quem considera que tudo o que lê foi escrito para sua pessoa. Síndrome "de si para mim mesmo"!

As coisas são simples. Não gostou, argumenta! Não curtiu, comenta! Tem uma ideia melhor, escreva! Não gosta do pensamento de "A" ou de "B", não perca seu tempo lendo! Não tá satisfeito com as coisas ao seu redor, faça melhor, sugestione. Só não fique perdendo tempo "cochichando aos ventos". O telefone sem fio é uma arte perigosa. 

Os lugares andam repletos de adultos com mentes imaturas. E, não adianta revoltar com o que está escrito. Melhor é se reciclar! Detalhe: eu não escrevo diretamente para uma pessoa, ou para um determinado grupo de uma determinada comunidade. Não levo em consideração um fato isolado e nem perderia meu tempo com irrelevâncias esporádicas. Fatos como os que eu citei no escrito anterior acontecem por todo o Brasil. Aí vale a pena gastar um tempinho e umas letrinhas. Só não pode deixar passar do ponto, senão vira sopa!

Deixo aqui uma boa dica para quem sofre de síndrome de hipersensibilidade: se não sabe fazer uma leitura com olhos críticos e uma boa interpretação então pare de ler porque eu não vou parar de escrever!

Água de batata ou sopa de letrinhas?





Depois de "ÁGUA DE BATATA" agora é a vez de "SOPA DE LETRINHAS"! Não bastava ser sem gosto, precisava ser uma música evangélica na hora da comunhão! O resultado disso foi o pronunciamento da cantora gospel Aline Barros que criticou os católicos por usarem sua música para adorar um "pedaço de pão" durante a Missa! Uma especialista em Liturgia comentou que isso até demorou a acontecer.

"É preciso que o respeito ao Sagrado comece por nós mesmos. Basta que queiramos nos inteirar do assunto para que não cometamos erros chulos."

A Liturgia não é algo engessado. É para ser vivida e celebrada com e em comunidade. Os direcionamentos nos são repassados vias tradição e magistério. Geralmente quem se deixa levar pelas ondas melodiosas e individualistas inflamadas pelos movimentos desconhece a riqueza contida em nossa sacra liturgia, cantada ou orada. Ou, talvez, gosta mesmo é de formar "palavrinhas" no pratinho de sopa...

E por falar em música, aprendemos e repassamos que, dentro do ambiente litúrgico da Santa Missa, ela deve ser cantada com toda a comunidade. Não se pode nem se deve cantar para a comunidade apenas ouvir. Outro detalhe aprendido é que a música litúrgica sempre nos remete a uma vida em "comunidade", ou povo, o "Povo de Deus". Ela deve inflamar o "nosso" coração nesse sentido. Quando fala de forma individualista e mágica, ou seja, "eu e Deus", deixa de ter um sentido litúrgico de comunidade e portanto está sendo usada equivocadamente.

"Ninguém é tão sábio que não tenha nada a aprender e nem tão leigo que não tenha nada a ensinar." (Augusto Cury)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Primavera de 2013

Mudanças, andanças, lutanças 
Destemperanças, aliança, esperança
Nada poderia ser igual, 
e não fora
Sentia que o tempo era meu, 
A oportunidade, com ousadia e fé, me pertencia
De casa, de trabalho, de coragem
Dores que me fizeram reavaliar-me
E melhorar meus passos
Cuidar-me, sem quimeras
Afinal, de que valeriam os pensamentos
sem o corpo para praticá-los?
Eis um ano de primaveras!
Felicidade sem limites por inúmeras mudanças
As dores, como um verão, se passaram
Forçaram-me a "reinventar-me"
Ainda é possível ser melhor
Viver melhor!
Sempre é possível. 
A primavera deveria ser uma estação contínua.
As flores enfeitam, perfumam, 
Harmonizam todo e qualquer cenário
De luto à festa
Esse ano, fé e mística sem precedentes
Repleto de flores para a alma
Que os olhos do corpo não vêem
Mas os da alma sentem
Se comprazem 

Ao Deus que me cuida,
que me guia e me faz enxergar 
pelas janelas do pensamento,
o meu bem querer 
transformado em gratidão,
com amor, com ternura, com fé
com ousadia, alegria, travessia
pés no chão, pensamento inflamado
desejo aguçado no coração,
o de doar-me, a ser luz,
e assim cumprir meu papel
protagonizando aqui na terra
o que o Papai do Céu
legou em meu viver.

Aos 7 anos - medos



Estava na primeira série, antigo primeiro grau. Tinha 7 anos na época. Minha professora se chama Leni. Exigente. Eu a considerava brava. A gente tinha medo dos professores mas havia muito respeito. Caso houvesse reclamação por mau comportamento, com certeza o castigo da minha mãe seria escrever os números de 1 a 1000, perdendo assim o tempo de brincar. Que trauma!

Pior do que isso era pensar que meu pai poderia ficar bravo e me dar umas palmadas. Até essa idade eu só havia apanhado uma única vez por conta da birra no dia da quadrilha do pré. Eu queria cachorro quente antes de dançar. Ele só me daria após terminar a quadrilha. Devia ser para evitar que eu me sujasse todo. Enfim... odeio cachorro quente!


Engraçado como carregamos alguns medos durante toda a nossa vida. Um desses medos era o de ficar só. Desde pequeno ele me acompanhara. Quando tocava o sinal do Moreira Porto, que na verdade era um sino, eu já começava a me apavorar ao imaginar que ninguém da minha família estaria ali me esperando. Eram minutos que pareciam uma eternidade.

Alguns pais adentravam no pátio da escola. Outros aguardavam no portão. Fato era que eu tinha medo de ficar preso na escola. Imaginava a noite como devia ser assombroso ficar ali naquele complexo sem meus amiguinhos, sem professores, só e abandonado... 

Passavam mil coisas pela minha cabeça, nesse espaço de tempo que meus olhos percorriam cada centímetro daquele lugar, desde que pisava além da porta da sala de aula. Ficar trancado ali sem ninguém era um medo meu e não adiantava meus pais me garantirem na presença do diretor e de outros funcionários da escola, que ela não fecharia porque a noite haveria a turma do ginásio, antigas 5ª à 8ª séries. Não adiantava.

Eu saia em disparada e quanto mais eu corria em direção à saída maior a ansiedade e o medo. Era uma verdadeira manada de crianças fazendo esse mesmo trajeto. Claro que nem todas tinham esse medo e muito menos sabiam do meu. No portão eu via e sentia que em poucos minutos a escola se fecharia porque o movimento de crianças e pais diminuía. Era uma lógica natural na minha cabeça, por mais que insistiam em me explicar o contrário. A sensação de alívio e conforto se dava no momento que meus olhos encontravam um semblante familiar.

Um belo dia fazendo o mesmo trajeto, com os mesmos anseios e medo, da sala até o portão, após os badalos do sino nas mãos do Sr. Luís Teixeira ou da dona Iara, eis que a chuva caia. Da sala para o pátio do recreio. Do pátio até a porta da biblioteca, local onde se via claramente o portão de saída e aguardando, com as mãos no bolso da minha jaqueta de nailon de touca e com a mochila nas costas, o primeiro rosto familiar aparecer.

Acontecia naquele momento a realização do meu medo. As últimas crianças saindo e ninguém pra me apanhar. A chuva estava forte e a todo momento eu corria até o portão e voltava para a frente da biblioteca. De repente, só a responsável pela arrumação das salas andando de um lado para o outro. Eu tinha certeza de que ela me trancaria ali dentro e eu não voltaria mais pra casa naquele dia.


Fui até o portão e ali fiquei debaixo de chuva. Nesse momento, água da chuva lavava meu rosto de choro repleto de lágrimas. Uma angústia inexplicável. Vivia ali um pesadelo. Sentia-me abandonado. E agora, será que não verei minha família nunca mais? Fui caminhando até as árvores do outro lado da calçada. Descumpria ali a regra que meus pais me deram, de não sair da escola até a chegada deles. Eles também descumpriram a promessa que me fizeram, a de estar ali me esperando quando o sino badalasse. 

Já todo ensopado com aquela chuva, eu debruçava sobre meu braço e chorava encostado na árvore. Alguém que fora buscar seu filho na escola, que não faço ideia de quem seja, parou perto de mim e com pena se colocou pronto a me ajudar chegar até em casa. Naquele tempo eu nem sabia voltar pra casa sozinho.

No carro de um estranho, aguardava-o voltar com seu filho para que me levasse embora. Batendo o queixo, tremendo e já sem lágrimas imaginava como seria reencontrar minha família. Ele retorna e com um homem alto que me parecia familiar. Era meu pai... Nesse momento eu já não sabia qual medo era maior, o de ficar só e esquecido ali na escola ou da expressão de braveza que ele me dirigia. Não importava mais. Eu estava a salvo.

Entramos no carro e lá estava meu tio, seu irmão. Eu já estava todo sorridente, apesar de ter me acabado em lágrimas e chuva e quase ter ido embora com um estranho que naquele momento era um anjo. Meu pai, lembro-me bem, questionou-me tentando conter sua ira, o porquê de não tê-lo esperado la dentro. Apenas respondi que tinha medo de ficar trancado lá...


Esse fato, já passado a exatos 30 anos, reaparece na caixa da memória de forma clara e nítida. Medos que adquirimos ao longo da vida, desde o útero materno e durante toda a nossa travessia. Alguns, conseguimos despachar pelo caminho, enterrando ou afogando. Outros persistem, os controlamos ou deixamos que nos controlem. Não importa, medo é medo. Cada um tem o(s) seu(s). 

O que vale nessa reflexão é a devida atenção que dispensamos a quem está sob nosso cuidado. Não posso condenar meus pais por não terem compreendido melhor a dimensão desse medo de ficar trancado na escola. Hoje, isso é fato cômico a ser lembrado ao redor da mesa quando nos encontramos. Esse medo já não me perturba mais. Ficou pelo caminho, enterrado não sei onde. Tenho outros, com certeza, mas que não permito que dominem minha razão nem a emoção. Respeito meu ser, meu espaço, meu tempo e não forço o impossível para além dos meus limites. A superação de cada um se faz no momento certo, com entendimento e compreensão, paciência e persistência.

Sentidos da vida II


Pode ser que eu já esteja na metade da minha existência. Talvez mais... ou menos... Não sei e não vem ao caso! O tempo que se escorre feito areia nas mãos me põe a pensar cada vez mais no verdadeiro sentido da existência, principalmente o da minha.

Aos 36 anos de vida, considero que já vi e vivi muita coisa. Sempre consideramos e nos colocamos num patamar que já vimos de tudo. Não! Por mais que não nos espantemos com o sistema operante ao nosso redor ao qual somos protagonistas, cúmplices, encarcerados, cegos, surdos, mudos, ousados e as vezes questionadores, ainda assim não vimos nada, nem tampouco vivemos de tudo.

Sempre corremos em direção ao melhor. O prêmio, muitas vezes, é aquilo que economizamos tanto para adquirir e depois da conquista feita, vislumbramos o próximo item. Sim, item. O melhor a que buscamos, em 80% ou mais do nosso tempo, se refere a itens materiais. Claro, óbvio, que todos querem o melhor para sua sobrevivência e a dos seus.

O tempo de hoje me permite degustá-lo com outro olhar e com outro paladar. Permito-me o direito de dar descanso ao perfeccionista que co-habita aqui dentro. Livro-me do desafio de querer tudo ao mesmo tempo, ao meu tempo. Dou-me a auto-orientação da espera, com sabor de apreciação enquanto o esperado não acontece. Cuido-me para que eu não me torne refém, nem escravo dos meus algozes.

O tempo de agora me coloca em pontos estratégicos de reflexão. O degustar dos momentos nas mais variadas filas de espera é algo que jamais imaginava acontecer. O cumprimento do dever em tempo recorde sempre foi marco nos meus dias. Meu filho é assim. Tenho visto o meu próprio reflexo nele. Mais que isso, tenho cuidado para que ele valorize o tempo desde já.

O tempo que se foi virou lembrança. Lembrança de vitória e também de derrota; lembrança de alegria e também de dor; ganhos e perdas; simplesmente, lembranças... A saudade que aperta diante do que não volta mais é em relação ao tempo que talvez poderia ter sido degustado melhor.

Levando por essa óptica, questiono-me sobre o que me satisfaz de um modo geral, em todos os aspectos. É uma questão ampla, objetiva e também subjetiva. Importo-me então em não fazer correrias desnecessárias. Tudo a seu tempo, respeitando os limites e os espaços. É quase uma contradição, ou melhor, uma luta contra os instintos e vícios que não agregam.

Mas, e o tempo que virá? Falar de sonhos impossíveis e inalcançáveis em tom de utopia vale a pena? Sim! Com toda clareza e certeza vale muito a pena não só falar mas sonhar de pés no chão, ter convicção do que se almeja, acreditar na capacidade, não deixar abalar as estruturas da fé, engajar-se numa luta positiva, ou seja, sair da comodidade do lugar e se por a caminho rumo ao sonho. Sonhar por sonhar é vazio.

Então, o tempo do amanhã, do futuro, de horizontes desejados e caminhos variados, é algo que não se pode deixar ao acaso. O amanhã depende das estruturas do hoje. Não se importar com o que virá é desleixar-se com o momento que está.

O sentido da vida também sofre mudanças com o tempo, com o amadurecimento, com os pódios e também com os obstáculos, principalmente. Quando os problemas e as dificuldades batem a porta o que mais refletimos, além da busca para a solução, é sobre os tempos que não tínhamos tanta responsabilidade, dos momentos de aconchego familiar que muitas vezes era desapercebido.

Algo nos motiva, algo nos impulsiona, algo nos põe a caminho, algo nos obriga a cumprir tarefa. A vida pode ser uma rotina de horas e paisagens mas pode ter um sentido a cada dia. Basta que não tenhamos medo de silenciar e assim consigamos enxergar além, além das vidraças, além dos olhos, e a nós mesmos.

Entre cruzes e luzes, o sentido de cada um, para cada um, está ao alcance de quem ousar-se...