domingo, 21 de janeiro de 2024

Resenhando com a EJA: projeto tour pela biblioteca



Faltam adjetivos para descrever sobre as linhas que se seguem. Talentos natos irrigados de extrema sensibilidade, conseguiram reproduzir para além de uma simples resenha crítica. Trouxeram o seu olhar clínico, puro, que atravessa o enredo de cada obra e nos retorna em expressões de pura maturidade, responsabilidade e sentimentos vários. 

Para os dias atuais, a leitura já é algo difícil por si só, seja para estudantes, seja para as pessoas em geral. A falta de tempo, os compromissos do cotidiano e até a nossa falta de motivação são alguns dos itens que contribuem para a não leitura. Sabemos, que tanto a leitura como a escrita são elementos que nos promovem a libertação. Libertação de corações, de almas, de sentimentos e de quebra nos possibilita conexões e ressignificações de vida. 

Agora, uma leitura, seguida de uma resenha crítica é algo que está anos luz à frente de qualquer tempo. É preciso reconhecer e aplaudir tais talentos, tais olhares que, quebraram os padrões e se debruçaram na produção de algo tão valioso e sensível quanto essa obra. Diante de tantas adversidades enfrentadas nas lutas diárias, trazer essa obra à público é mais do que necessário, é como hastear uma bandeira de vitória após duras batalhas. 

É preciso que esse projeto continue, com gana, coragem, e muitas vidas envolvidas que se beneficiarão. É urgente que tais talentos, com essa produção, inspirem novas turmas a descobrirem os seus. Parabéns a todas e todos. O início já é agora, o fim um dia virá, mas, como disse Guimarães Rosa "a vida se dá é no meio da travessia". 

Parabéns à professora Heliene Rosa pela iniciativa e pelo belo trabalho que possibilita aos estudantes romper barreiras e estigmas através da leitura e da escrita. E parabéns à escola Mário Godói por propiciar esse espaço de crescimento, interação e arte. 


sábado, 6 de janeiro de 2024

Vidas Secas das ruas



Vi um senhor passando na rua. Estava puxando uma carrocinha carregada de recicláveis. Corri e peguei as sacolas com os plásticos recicláveis que sempre guardamos e fui entregar a ele. Uma simplicidade em pessoa, poucas palavras e muitos agradecimentos pelos materiais que o entreguei. Mas essa não é parte principal. Não se trata dos descartáveis, muito menos no meu movimento de entregá-los ao senhor da carrocinha. 

Assim que atravessei a rua em direção a esse senhor, sua carrocinha estava parada junto à calçada e ele estava conversando com outro senhor. Este, estava sentado na calçada sob a sombra de uma árvore comendo um pão. Apenas um pão. 

Ao retornar ouvi o senhor que estava sentado à calçada oferecendo um pão ao homem da carrocinha. Este aceitou e disse que estava mesmo com fome. Estavam numa boa prosa, comendo pão, apenas pão. 

Minha mãe havia acabado de fazer café. Coloquei dois copos e voltei com os dois homens. O da calçada é morador de rua. O da carroça já tinha visto algumas vezes pelas ruas. 

Mais do que saborear o café, seus olhos transbordavam alegria e agradecimento. O sentir-se notado numa sociedade que não respeita a condição alheia resgata um pouquinho de dignidade e devolve fios de esperança e coragem para enfrentar as batalhas diárias.

A prosa com pão e café mereceu uma pausa no tempo para ambos os protagonistas. 

Dias depois concluí a leitura de Vidas Secas de Graciliano Ramos, um clássico que já acumula mais de 85 anos desde seu lançamento, e não pude deixar de correlacionar a ficção experenciada pelo olhar do autor, com as cenas que contemplei na rua. 

As ruas estão lotadas de personagens como os do livro, vivendo suas mazelas diante de tantos olhares indiferentes frente às suas Vidas urbanamente Secas. Fios de esperança frente a um gole de café, é como gotas de chuvas que minguam no sertão, vez ou outra, como Graciliano Ramos bem nos contou.

Na ficção o fim foi incerto, triste, desesperançoso. Na vida real, há muito o que se pode fazer com poucas atitudes... basta não apenas olhar, mas enxergar que existe vida.





Velhos tempos novos



Meu sentimento em forma de espera

Minha dedicação no tempo de ausência

Era tudo o que tinha de mais intenso e verdadeiro...

Depois de você,

Não sei se antes já amei

Mas tenho plena convicção

De que dessa forma foi a única.

Amor não devia sentir dor

Mas é bíblico que faz doer.

Não sei qual o meu papel dessa história

E já nem sei mais dos meus planos para essa vida

Só sinto que havia algo pra viver e aprender

E tinha que ser com você.

Devia estar escrito em algum canto

Traçado no céu

Que haveria de encontrar a Mulher

Por quem, de fato, iria amar...

E amei...

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Alguém no céu


Não. Esse não pode ser o fim.

E não é! Nem nunca será.

O amor é o único antídoto para preservar a história, a memória.

Só ele é capaz, mesmo diante de tanta dor, de nos ressignificar no tempo e as travessias.

Essa história não se encerra com a passagem final.

Ela é o recomeço, um sinal de luz que passou e deixou seus raios.

Cabe agora, cuidar para que esses raios sejam a luz guia de todos os que um dia a viram brilhar.

Este sinal não pode jamais ser uma cicatriz. Cicatriz remete a feridas, a dor e não foi isso que essa história nos deixou.

Sua curta travessia, nos ensinou e ainda tem muito a nos fazer refletir sobre a vida, suas nuances, o porquê e para quê estamos aqui. Esse é o legado deixado. Essa luz não pode ser esquecida jamais. E não será!

Seus olhos exalavam vida.

Sua coragem, sua luta se tornaram inspiração para qualquer um que um dia teve contato direta ou indiretamente com ela.

Mais marcante que essa data, a qual sua passagem se confirmou, não há.

Um dia, que representa esperança, união, reunião de pessoas queridas... um verdadeiro marco para a família. Ela é luz, e escolheu uma noite de luzes, de festa, alegria para então brilhar ainda mais, no alto, no céu...

Que sua força seja a motivação necessária para quem a conheceu de perto ou de longe.

Que a luz de seus olhos sejam o guia para os dias mais difíceis dos seus.

Que sua trajetória seja vista, sentida, lida e ressignificada, como um legado, um compromisso de existir e fazer ressoar sua voz e seu amor por toda a eternidade.

Querida, seja luz para nós aí do céu.

Nós, daqui, te levaremos em nosso coração, em cada passo, por todos os dias de nossa existência.


Isabelly Onaka
* 23/06/2014
+ 31/12/2023

Papai: Othávio
Mamãe: Natália

"Essa é a nossa homenagem à essa estrelinha que agora brilha no Céu da vida de todos os que a amaram e a conheceram de perto ou de longe e a acompanharam com muita oração."