quinta-feira, 29 de setembro de 2016

#1010grau

 
A pessoa tem tanto medo de ficar por baixo que vive se esforçando pra provocar a quem nem se importa com sua existência! Otariana pra k-ra-lho! Né? Ou num né?
#TOCA-LHEPAU.COM

#1009grau

Então! Não tem como fugir da política. Mesmo quem não gosta acaba fazendo algum tipo de política algum dia. Porque pra tolerar a falsidade alheia, no mundo real ou nas redes sociais, somente sendo político. E o pior é que os falsetas sempre usam frases prontas do tipo: Obrigado meu Deus! Livrai-me do mal! Isso é o cúmulo da hipocrisia! Deixa pensar que ta arrasando...
#ARREGAÇANDONAMÍUDA.COM

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Tempos de busão: Piraju X Ourinhos (SP)

Momentos atrás recordava-me um período de trabalho e faculdade quando ainda morava em Piraju, interior de São Paulo. Trabalhava durante o dia e viajava em média 130 quilômetros, entre ida e volta, de segunda à sexta até a cidade de Ourinhos onde cursava Administração de Empresas. Foram sacrificantes cinco anos, de 94 a 98, mas que valeram muito a pena. Dificuldades das mais variadas possíveis, muitas histórias e amizades que se eternizaram.

Por conta da minha cidade natal não ter Faculdades ela disponibilizava ônibus que transportavam os alunos às escolas técnicas e faculdades situadas nas cidades vizinhas: Avaré (SP), Ipaussu (SP), Ourinhos (SP), Marília (SP) e Jacarezinho (PR). Óbvio que não era de graça. Havia um custo repassado aos usuários do transporte. E mais óbvio ainda imaginar que a maioria dos que necessitavam do ônibus eram jovens que se autossustentavam.

Vale lembrar, com muito orgulho e respeito, que estudei em escola pública nos antigos primeiro e segundo grau, Moreira Porto e Nhonhô Braga, respectivamente. Excelentes professores e claro, não dava para ter a simpatia por todos mas, sem exceção, foram excelentes no cumprimento de seu dever. Uns mais profissionais, outros mais amorosos e aqueles que possuíam os dois adjetivos.

Penúltimo ano de faculdade ou o último talvez. Não lembro ao certo e também não tem muita importância. Estávamos num período de eleições municipais e devido à dificuldade em saber se haveria ou não apoio da prefeitura para contratar uma empresa de ônibus para transportar os alunos às cidades vizinhas nos anos seguintes, mesmo tendo 100% do custo repassado a nós usuários, resolvemos criar uma comissão e questionar os candidatos.

A preparação foi ótima. Na verdade arquitetamos um debate na Casa da Cultura. Posso dizer que a preparação foi melhor que o resultado. Sempre assim, a escalada da montanha traz mais experiência entre cansaço e prazer do que a chegada ao topo propriamente dita. Nós, que tomamos a frente do evento, crescemos enquanto pessoas e literalmente exercemos o papel de jovens cidadãos. Lutamos pelo nosso interesse e pelo de todos os estudantes que utilizavam o serviço de transporte, mesmo não tendo o comparecimento de 10% deles. 

Mas, ainda não era essa a lembrança maior. Não me contendo, pra variar, assumi a responsabilidade num determinado ano, talvez o de 97 ou 98. Enquanto "coordenador do busão" todo final de mês eu fazia um relatório dos dias úteis que utilizaríamos o transporte no mês seguinte e as devidas contas para se chegar ao valor que cada usuário deveria desembolsar. Apresentava o resultado ao então responsável da época, o Sr. Pedro Rocha. Pelo que me recordo, nunca tivemos divergência no quesito valores e o mesmo resultado era apresentado à toda galera do busão.

Era de costume, pelo menos ouvi isso de algumas pessoas, que o coordenador do ônibus não pagava a sua mensalidade. Como ele já assumia toda a responsabilidade em estar à frente das situações, inclusive participar de reuniões com o responsável da prefeitura e intermediar o diálogo entre usuários e a máquina administrativa, seu benefício era estar isento do pagamento. Como o ônibus tinha um preço fixo mensal, acredito que o valor acabava sendo rateado pelo restante dos colegas. 

Sendo assim, quando resolvi assumir a bronca, tivemos uma proposta diferente. Não havia um pagamento mensal fixo. Pagávamos pelos dias úteis utilizados e o valor era razoavelmente variado, mês a mês. Por isso era necessário fazer as contas antecipadamente. Tínhamos um valor de viagem diária. Desse valor multiplicávamos pelos dias que utilizaríamos e desse montante dividíamos pelo número de usuários. Um outro porém: haviam alunos de várias escolas e com calendários letivos variados, o que acarretava uma certa dificuldade na elaboração do custo mensal. No final, foi bom para todos. 

De tudo isso posso dizer hoje, com muito orgulho, que eu paguei todas as mensalidades no período em que estive à frente do busão. As planilhas eram apresentadas a todos. Estava à mostra para quem quisesse conferir. Claro que haviam possibilidades infinitas de burlar as regras, dar um jeitinho, pagar de malandro e deixar de cumprir com a minha parte, afinal eu estava assumindo uma função que me demandava tempo e dor de cabeça. Mas, honrei com meus amigos, colegas de transporte e principalmente com minha consciência. 

Hoje posso contar ao meu filho e dizer o quanto foi bom optar por fazer diferente. Consciência tranquila e a certeza de que fiz a coisa certa em prol da maioria, mesmo sendo essa maioria pessoas que não eram do meu convívio diário. 

Aos meus amigos do busão e do provão:
Cristiane, Carla, Flamínio, Flávio, Cristiano, Soraia, Valdir. 

* Foto: 1º Grito dos Excluídos realizado pela Pastoral da Juventude - Piraju-SP - 07/09/1999.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Impossibilidades humanas

Um mundo sem impossibilidades, como seria? O que edificaria de fato o ser humano? O que engrandeceria sua existência? Um mundo sem guerra dispensaria a utopia? Um lugar para todos que fosse comum evitaria a disputa pelo poder e a morte? A inexistência das diferenças seria passiva de fraternidade e comunhão? Enfim, se não existissem impossibilidades, o amor existiria plenamente? Ou elas são necessárias para que haja o crescimento do ser e a descoberta do próximo? Impossibilidades humanas, talvez sejam parte da sabedoria divina que a tudo concede e permite através do livre arbítrio.

Sobrevivência e vaidade

Na descrença em que o mundo se planta, ser e estar é uma questão de sobrevivência e vaidade. Limiares que jamais cruzam suas fronteiras. A quem é destinado a lutar pra viver cabe um dedo de sonho e crença. Utopia. Além da cerca a vaidade está para poucos e para tais viver é esbanjar-se até repugnar. Mas se tudo é vaidade, até pra quem não é permitido a encontra em alguma soleira. Há quem ame pela vaidade, há quem não ame também pelo mesmo motivo. Deus mesmo se fez vaidade em sua obra de criação, ou seria o mundo uma vaidade Sua? Ele, em seu trono majestoso, a ouvir a canção da lua que se deleita em estrelas e depois chove lágrimas ao mar, diante do resultado de sua obra, deve lamentar-se pelo deszelo que seu fruto têm neste lugar. Mas, se prometeu liberdade, não há que interferir, é o que regozijam os doutores da vaidade. Se bem que pode vir e lutar e que esteja armado e disposto a sangrar. E, se assiste a tudo porque se emudece? Quer que haja resistência pela sobrevivência mas permite o fruto de suas obras se gladiarem até o vermelho manchar a terra. Mostra-Te aos seus e equilibre essa labuta, essa luta, essa guerra a que tanto assistes...

Quer votar por amizade ou parentesco?

Eleições chegando e as figuras mais escrotas se rasgando em pronúncias na TV. Santinhos entupindo as caixas de correio, bueiros e lixos. Cabos eleitorais pedindo voto para seus patrões candidatos via facebook, whatssap, sms, etc. Se pelo menos os funcionários eleitorais se atentassem para o fato de que o seu candidato é lá da cidade do "Karai", e pior, de outro Estado totalmente diferente e distante do lugar onde resido e voto... mas nem isso o fazem! 

Tormentas à parte, vamos para o caos propriamente dito. Nunca votei por questões de partido político ou legendas coligadas. Nunca votei por interesses particulares. Nunca votei por questões de amizade nem tampouco por grau de parentesco. Taí algo que minha consciência jamais permitiu fazer foi entregar voto para agradar a terceiros, mesmo que esses terceiros fossem sangue do meu sangue. Enfim, nunca votei pela obrigação mas sempre pautei a vida da pessoa, sua disposição e capacidade de atuar na referida função, atribuindo a isso uma avaliação ao seu caráter principalmente. 

Portanto quem fizer sua escolha apenas pelos laços afetivos, sente-se e aguarde o abestado foder com resto do sistema. E se um dia ousar a falar que a política é suja só não esqueça que quem contribuiu para que a sujeira continuasse a proliferar e feder foi você, ao escolher o referido meliante! Entendeu?

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Um mínimo de utopia: dignidade

Uma boca de sorrisos imperfeitos. Olheiras profundas que retratam noites mal dormidas ou nem dormidas. A fome saciada sob a sombra de um muro qualquer num dia indeterminado em que uma nobre alma quis ser caridosa. A comida fora dada numa sacola plástica (...). Ou atirada de longe para não ter contato com o sujeito faminto. Têm "caridades" contaminadas com a hipocrisia religiosa. E por tal fede a enxofre. De longe vi um vulto abrigando-se sentado entre o muro e o portão. O rapaz fez daquela sombra um reduto sagrado para sua refeição. A primeira do dia, da semana, talvez. O sol escaldante das treze horas, creio, seja o único sentimento de sua pertença nesse mundo uma vez que está brilhando para todos. A comida era degustada incontrolavelmente. O talher era sua própria mão. Bermuda, camiseta, chinelos nos sujos pés e um sorriso desmedido. Tão desmedido quanto puro. Serenidade no olhar sombreado pelas fortes olheiras. Ele queria apenas um suco. "A comida eu já tenho, senhor." Atendi o seu pedido mas sabia que era necessário mais para aquele momento. Fui buscar prato e talher mas ele já havia se retirado da sombra. Foi uma partilha em que não fiz o que deveria ter feito de fato e mesmo assim recebi através da força daquele olhar de dignidade as gotas de esperança e de amor para a utopia dos meus dias.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Onde andará?

"(...)Por vezes o dessentir se faz necessário
Não lembrar quem eu sou é também despojamento doloso
Sou a mesma pessoa em poesias diferentes?
Sou apenas poesia em pessoas diferentes?
Por vezes o poeta também me abandona, se abandona
E minha alma veleja solitária pelo deserto
Enquanto o caos da desilusão se instaura
No amor ou na dor
Com ou sem poesia
Com ou sem alma
Comigo ou solitário
A autenticidade de meus pensamentos jamais me abandonaram
Talvez seja por isso que a travessia é refúgio e o deserto é abrigo
Não conto com nada além do que eu posso carregar no coração
Já fugi de mim
Já cacei por mim
Já busquei me encontrar
Sem querer encontrar-me de fato
Já declamei às razões
Querendo esquecê-las de uma vez por todas
Pintei-me de aparências
E sangrei-me na essência
Aquela que não se vê
E não se partilha
Tantos "talvez" que nem sei qual foi a última vez que me encontrei de fato
Meu corpo desobedece minhas intenções
E se perde num olhar sem fim
Em busca de mim... respostas, talvez...
Onde andarei eu?
Onde andará minha alma?"

Tons do tempo

O tempo... Tons de cinza e um ponto alaranjado ao fundo que se esforça para expandir suas nuances o mais longe possível é o máximo que os olhos podem ver. Depende do dia, do momento, do tempo, depende principalmente de quem está por detrás do olhar. Há quem consiga mergulhar nas profundezas da simplicidade e extrair para a alma a essência daquilo que não se vê, apenas se enxerga e se sente pelas janelas da alma. 

Em tempo... No caminhar único que a vida é, uma segunda chance ou uma oportunidade de refazer os passos sempre aparece após um evento que marca a nossa história para sempre. Dor, perda, morte são fatos que nos isolam o pensamento em busca de um ressentido. O rio só corre uma vez para o mar. Esperança, fé, sonho, suor e sangue são marcas que encontramos ou conquistamos pelas margens que cruzamos. 

* Foto: A.D.O.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Saudades do meu chão

Um dia eu e ela seremos felizes...
Libertados de todas as mordaças
Despojados de roupagens e ornamentarias
Estaremos eternizados no tempo
Enterrados, talvez
Porém, renascidos para a liberdade
O dessentido das estradas será dispersado
Dissipado pelo vento
Nenhum colo estará nu
Nenhum dolo será desamor
Todo o sentido estará sucumbido
E um broto qualquer exalará esperança
Travessia que chega na estação derradeira
E toda a utopia terá se enraizado no passado
A dor não mais atingirá
A cor não será barreira, nem bandeira
E nós correremos pela eternidade...
Um dia, eu e minha alma, embarcaremos...
Saudades do meu chão.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Dossiê do tempo...

Tão livre quanto o vento
Vivendo, os grãos de areia a contar
Que a onda repele, lava e leva de volta pro mar
Num ritmo cíclico e interminável
Numa rotina quase que insuportável
Até que o último piscar
Já não dê mais conta de contar
Tão preso nesse tempo

Na chama que incendeia a alma
A arder de paixão
Ou a queimar de solidão
A sonhar com os tempos idos
Ou a sofrer com os não vividos
O presente é mera penitência
Em que se lida com a vivência
E a vida em uma nota só se declama

Livre nesse tempo indurável
No limiar do passado irrestrito
Com o compromisso do futuro inaudito
O insistente guerreiro avança
Sem escudo, desarmado, sem aliança
A percorrer tantos mundos, tantas terras
A viver tantas vidas, tantas guerras
E esperar pelo tempo indecifrável

Preso nesse tempo algoz
De paixões dilaceradas
De feridas não curadas
As histórias que eu quis pra mim
Já nasceram fadadas ao fim
E as mãos que me ensinaram a andar
Já não podem mais me acompanhar
E assim eu sigo, desmedido nesse tempo atroz

Nas ondas que o tempo levou
No caminho batendo pedras
Plantando sonhos, ora quimeras
Os espinhos protegeram o amor
Assim como protegeu a flor
Em tempos bons celebramos a vida
Em tempo nublado curamos feridas
E a melodia sacramentada ao tempo, no tempo se eternizou

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Manhã de um dia qualquer


7:00 horas. Manhã de um dia qualquer que se encaminha na costumeira rotina. Crianças e adolescentes marcham entre a calçada e o sono rumo à escola. Alguns pais acompanham seus filhos. As padarias de portas escancaradas recebem seus fiéis do sagrado pão. As igrejas ainda repousam no silêncio. Ao longe os caminhões rasgam a rodovia fazendo serenata contra o vento. 

Os aviõezinhos do tráfico encenam o protocolo de recolhimento. A noitada no relento é solitária. A movimentação não é intensa por parte da clientela que oriunda de diversos cantos da cidade. Estão sempre no mesmo lugar a partir de determinada hora entre o fim da tarde e a chegada da noite. Suas aparências são de zumbi. Magros, descuidados, com olheiras profundas e sem nenhuma higiene. Figuras conhecidas no bairro. 

Pouco ou quase nada se vê de ações concretas por parte do Estado para acabar com as drogas no bairro. As patrulhas de polícia também conhecem os distintos jovens que fazem parte do esquema de tráfico de drogas. São peixes pequenos, a ponta que tem o papel de vender e entregar o produto para os clientes. A maioria dos que estão nesse meio são usuários viciados. 

Difícil mesmo é colocar as mãos no grandão que comanda o esquema pesado. O cara tem poder. Poder e dinheiro. Carrões, lanchas, imóveis e botecos de fachada. Todo mundo sabe. A polícia também. Nada acontece com o cara. Mas para que o braço armado do Estado que dá as caras no bairro haveria de se preocupar com um sujeito que nem aparece na cadeia alimentar do esquema? Esse sujeito é liso. E a polícia faz de conta que não o conhece...

Enquanto isso um adolescente de cabelo alisado, com um violão pendurado nas costas, aguarda do lado de fora da sua casa a chegada do corpo de bombeiros para então seguir rumo à escola. Sua mãe sofre depressão, tem síndrome do pânico e precisa ser amparada pelo socorro neste dia. Porém, quem chega no local é uma viatura da PM. 

A abordagem do soldado é espetacular. Com ar de ironia pergunta se o garoto é gay. O rapaz lhe responde a altura dizendo que não mas se fosse não seria de sua conta. Enquanto isso a mãe do garoto aparece no portão chorando. Não lhe bastassem os problemas que carrega ainda tinha que ouvir o policial fazendo um desserviço e descumprindo o papel que lhe é devido. 

Pré-julgado por manter um cabelo alisado, que deve fugir aos padrões que estão incutidos na cabeça do policial, o garoto se revolta mas não perde o foco de seus objetivos. Palavras sua. 

Os valores se inverteram e o problema real é deixado de lado através do olhar da hipocrisia social. Respeito? Só com o traficante!

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Por trás da cortina


Por trás da cortina o palhaço chora. Encerra-se o espetáculo. As risadas dão lugar ao silêncio. Sepulcro da solidão do artista. É hora de protagonizar sua própria vida. Desembarcar do mundo das alegrias e sem dores para confrontar a realidade nua. Por trás da maquiagem que sorri estão as lágrimas cristalizadas. Estas que aguardam o toque de recolher do palhaço para escorrer pelos vincos faciais do humano. Na peça da vida, a vida torna-se uma peça. Sentidos dessentidos, não sentidos, sem sentido talvez. Se o mundo fosse verdadeiro a alegria dos palcos seria desnecessária. Prefiro deleitar-me com a realidade que as cenas levam ao palco a perder-me na inquietude que o mundo falseia em alegria. Por trás de cada ato, ecoa a imensidão do abstrato que o palhaço eterniza para o mundo.