terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Meu sertão enluarado

Sim
À poesia que pelos olhos escorrem
São lágrimas que brotam
E regam o céu, o solo, o deserto
E trazem vida ao coração incerto

Instantes
Que os olhos cruzaram pelo vazio
Rumo ao desconhecido e desejado
E no medo incerto e ousado
Aquele instante ficou eternizado

Loucura
Paixão, emoção, doce e fiel tentação
Que incendiou o palco da solidão
Acalentou o espetáculo do coração
E acalmou a entendiada razão

Vida
Esperada por mil estações 
Entre pedras, espinhos e caminhos 
Em estradas que percorri sozinho
Alumia agora o céu do meu sertão

Amor 
No acaso das linhas em poesia
Ultrapassou o vento da mera utopia
Irrigou a alma em tom de magia
Que a pele transcende e contagia

Nada
Nada mais será igual
Nunca mais só em noites de temporal
Nenhuma tristeza ou dor
Somente o seu colo e o seu calor 

Amor
Dolosamente seguro e sonhado
Chegou em dia de poesia
E em noite de sertão enluarado
Selou no tempo a nossa alegria

https://www.youtube.com/watch?v=ITHCvpK50-g

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Confissões



Nunca mais, nada será igual
O tecido que cobre a cama sofreu sintomas
Guardou perfume, suor e sensações
As eternizadas noites de um recém carnaval
Ficarão gravadas entre lágrimas, suspiros e aromas
Sem poréns nem reféns mas com extensas razões

Na longa cruzada pelo deserto da solidão
Entre nomes, cantos, sonhos e rotina
Fiz prosa sem querer e poesia sem saber
Calei meus medos e refutei a emoção
E nas entrelinhas de cada rima
Busquei razões para viver

Mas a vida, essa traquina
Me presenteou com doses embriagantes
Descompassando minha comodidade
E trouxe-me no olhar de uma menina
O sentimento delirante
Minha gostosa insanidade

A tranquilidade que eu buscaria
Já fora guardada de outras vidas
E chegou em tom de desorganização
Até mesmo as minhas poesias
Tão doces ou atrevidas
Encontrariam uma nova emoção

Ao enxergar além do meu conforto secreto
Coloquei-me em uma nova travessia  
Sentindo a brisa vir de encontro ao coração
Ao sentir o abraço de peito aberto
Recebi na pele a sintonia
E o calor de tua mão

Caminho agora, insanamente apaixonado,
Pela vida, repleta de uma feliz loucura
Em pleno chão do meu sertão
Plantando sonhos e colhendo poesia
Não sigo solo, estou acompanhado
E o que é bom eternamente dura
Pelo recanto de cada estação
Pois nada mais será do jeito que já foi um dia...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Ex-conceito!


Reconhecer-se. Esse é o limite perfeito da própria razão. Nem mais nem menos, nem melhor nem pior, apenas diferente. Bom, o tempo quaresmal é propício e já se faz necessário um novo olhar sobre um escrito que data de 03/12/2012, dia em que exacerbei numa crítica ironicamente satirizada tentando achar certa graça na razão que me faltava. Na imagem que seguia o texto de poucas linhas o rosto do Mussum (dos Trapalhões) numa fantasia de Mestre dos Magos (da Caverna do Dragão). O título: "Consulta o Mestri dos Maguis". Uma crítica nada velada. Razões temporais que algumas vivências me levaram a crer que eu estaria correto nos pensamentos. Não. Hoje vejo que não mesmo. Por isso, um novo escrito com o título "Ex-conceito" pra deixar claro que reconheço os meus limites e que na data passada eu os extrapolei. Tive sim, como já disse, motivos vários para escrevê-lo e que hoje não vêm ao caso. Naquele momento eu não poderia englobar a todos na minha forma de pensar em virtude de um fato isolado. Pensei também em simplesmente apagar o texto passado mas muitas pessoas o leram. E é pra esses que eu me reescrevo com um sincero pedido de desculpas. A crítica era diretamente para os que vivem pulando de religião em religião, coletando o que melhor lhes convém. E?! Quem disse que isso tá errado? Na verdade, a minha auto pergunta deve ser outra: "Quem disse que o que atrapalha a vida da pessoa é o fato dela buscar o melhor das religiões ou viver à procura da que lhe faz sentir-se bem?" Enfim, nenhuma denominação é detentora da Verdade nem tem a chave secreta para o Céu, o Paraíso, o Jardim do Eden, a próxima fase, outra vida... 

Segue abaixo o link do texto "Consulta o Mestri dos Maguis" de 30/12/12: 

http://escritosemtempos.blogspot.com.br/2012/12/mestri-dos-maguis.html


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Dilemas


No silêncio escuro das entrelinhas a gritar
Onde a batida no silêncio é imperfeita
Uma arma é apontada ao coração

Melancólicos sussurros e gemidos
Maquiam o cenário em cada ato
Enquanto o calor explode co'a razão

Tão refém não reajo a este olhar
Que se aproxima, alucina, me espreita
E almeja invadir o meu sertão

Neste sonho surreal o perigo
Tem suor, tempestade, verde-mato
Tentações, orações e emoção

 No deserto se ouviu o estampido
De tão tarde esvaiu-se o tempo neste mundo
E agora estou cercado neste quarto

Adormece a minha dor
Acalenta a minha alma
E florirá o deserto do meu chão

Destino certo, pela janela, estala o tiro
Correr não dá, também não quero, preciso estar junto
Mas o tempo, o silêncio, meus algozes tão ingratos

Derramando em pétalas este amor
Afugentando meus fantasmas
E enraízando no meu duro coração

Do verso e do riso
Da rima e do mel
Sem poréns nem problemas
Com coragem e improviso
Vamos juntos para o céu
E viver nossos dilemas...



terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Jesus é um cara legal, o que arregaça é a torcida.

Escribas, os doutores da lei.

Naquele tempo...

Jesus liberta e cura pessoas de suas doenças simplesmente para que possam ser reinseridas na sociedade que até então as excluía.

Uma sociedade regida por leis religiosas severas que rotulava de pecadores e amaldiçoados os leprosos e as mulheres estéreis, dentre outras vítimas.

Para que a vida humana fosse valorizada foi preciso romper com os tabus exagerados, excessos de demonizações, sacrifícios infundados, bem como a visão erroneamente inocente de um deus-castigador criado pelos doutos, que ao invés de interpretar a lei deturpavam-na.

O tempo passou e as denominações ditas religiosas reciclaram-se, multiplicaram-se e reapareceram com novas leis retiradas de forma alucinada dos textos bíblicos.

A religião que não proporciona a libertação da pessoa para a vida está longe de sua função e corre o risco de ser outra mera fonte de alienação.

A diferença entre a proposta do Homem de Nazaré e a dos doutos interpretadores das Escrituras é que enquanto Ele resgata a essência humana, a torcida condena pela aparência.

"Jesus é um cara legal, o que arregaça é a torcida." - autor desconhecido.


                                 Cardeal Burke e suas pompas.