segunda-feira, 23 de maio de 2011

Comentário - "Eclesiástico 4,12-22"

Leitura do Livro do Eclesiástico – 4,12-22

A SABEDORIA comunica a vida a seus filhos e acolhe os que A procuram. Os que A amam, amam a vida; os que A procuram desde manhã cedo serão repletos de alegria pelo Senhor.
            Quem a ela se apega herdará a GLÓRIA; para onde for, Deus o abençoará. Os que A veneram prestam culto ao santo; pois Deus ama os que A amam. Quem A escutar julgará as nações; quem A ela se dedicar viverá em segurança. Se alguém confiar Nela, vai recebê-la em herança; e na sua posse continuarão seus descendentes. No começo, ela o acompanha por caminhos contrários, trazendo-lhe temor e tremor; começa a prová-lo com a sua disciplina, até que ele a tenha em seus pensamentos e Nela deponha sua confiança. Então voltará a ele em linha reta, o confirmará e lhe dará alegria, lhe revelará os seus SEGREDOS e lhe dará o tesouro da CIÊNCIA e da compreensão da JUSTIÇA.
            Se, porém, se desviar, ELA o abandonará e o entregará às mãos do inimigo.


Comentários

Deus, o Criador, nos dá o livre arbítrio e assim escolhemos o caminho pelo qual queremos trilhar. A sabedoria é um dom celeste que não requer nenhuma inteligência extraordinária para tê-la, é necessário apenas querer, mas um “querer” com determinação, um “querer” com persistência, um “querer” com renúncia. A SABEDORIA está para quem A quer.
ELE, nosso Deus, deixou a SABEDORIA não só como um dom, mas também como herança divina. Não é necessário um vasto currículo ou diversos diplomas para possuí-la. Ao contrário disso, ela está para todos em igualdade. A humildade e a sensatez são caminhos de perseverança ao qual podemos alcançá-LA.
A SABEDORIA que Deus se refere é aquela que nos mantém no caminho do bem. E nem sempre este caminho nos traz satisfação. A renúncia entra justamente aí. Muitas vezes, nos vemos em encruzilhadas e para sermos diferentes renunciamos nossa vontade ou nossa opinião para atender ao próximo, ao irmão.  Eis aí a SABEDORIA que o Criador nos dá. Quem se apóia Nela alcançará a Glória e as bênçãos de Deus para onde quer que vá.
Deus ama a quem A ama. Somos instrumentos do Criador, ora imperfeitos no ser e no agir, mas que nas mãos Deste Arquiteto tão Sublime e Onipotente, as maravilhas realizadas tornam-se verdadeiras obras-de-arte; somos como um cano d’água, sujo por fora e repleto de limbo por dentro, mas que transporta em si um líquido cristalino e puro que sacia a sede de muitos. Assim são aqueles que buscam essa SABEDORIA, verdadeiros instrumentos.
A dedicação e a confiança nesta Dádiva refletem uma vida em segurança que continuará por todos os seus descendentes. No começo ela nos vem por caminhos incertos de provação, dor e sofrimento, tribulação e tentação e é justamente aí que somos provocados a nos auto-disciplinar. Quando A tivermos constantemente em nossos corações e pensamentos e Nela depositarmos nossa confiança, nem temor nem tremor haverão de nos provar ou abalar. Neste momento Ela retorna nos confirmando e presenteando de alegria, revelando seus segredos, dando o tesouro da ciência e da compreensão da justiça.
Em suma, a sabedoria está para todos, mas são poucos os que a buscam. A tão famosa e celebre frase bíblica completa este pensamento: “Conheceis a verdade e a verdade vos libertará.” Sejamos sábios da Sabedoria de Deus para reconhecer esta verdade de libertação. Não deixemos as colunas de nosso Templo interior sucumbirem diante das provações. Aprendamos e re-aprendamos com humildade e perseverança, cada dia mais, a sermos pessoas sábias nesta sociedade que habitamos. Estejamos conscientemente atentos de que o desvio deste caminho, do caminho da Sabedoria, refletirá única e exclusivamente sobre quem o fizer.

(Sugestão de leitura: Salmo 118(119)

Ailton Domingues de Oliveira

sábado, 21 de maio de 2011

A história de uma enxaqueca e suas lições.

            "Era o ano de 1.990. Cursava a 8ª série do 1º grau. Tinha 14 anos de idade, porém já trabalhava desde os 12. Em meados deste ano tive hepatite, não me lembro ao certo qual o tipo mas sei que foi a de de nível mais "leve". Fiquei mais de 40 dias em repouso absoluto, com uma dieta cheia de restrições (sal, óleo, qq tipo de gordura ...), o que me resultou em dificuldade para andar quando liberado pelo médico. Minha mãe e minha avó me cuidaram em todo o período. Fiquei pálido, quer dizer, amarelado, ou melhor ainda, desbotado ... ah, sei lá !!!
            Neste mesmo ano, após recuperado, comecei a trabalhar em uma farmácia, e nela permaneci durante 10 anos. Até minha ida para a capital. E foi justamente neste ano (1.990) que tive os primeiros sintomas da enxaqueca.
            No princípio achava que era apenas uma "queda" de pressão, seguida de uma dor de cabeça forte. A danada foi se apoderando e acontecendo nas mais inusitadas situações. Começava dificultando a visão, fazendo com que eu não conseguisse ler qualquer coisa, "embaralhava as vistas" dizia minha avó. O médico que diagnosticou essa conjuntura como enxaqueca, disse que a este sintoma se dava o nome de "perda da visão lateral", com "raios" ou "flashs" ou "relâmpagos" que caiam simultaneamente. Paralelo a isso, a pressão realmente baixava. Aí, vinha a tontura, ânsia, vômito, diarréia ...
           Num diagnóstico médico, um doutor me receitou uma injeção endovenosa com um remédio que amenizava todos esses "pi-ri-ris". Enfim reorganizava a bagunça.
           Passado um tempo fui substituindo a injeção, pelo mesmo medicamento em comprimido. Li muito sobre a enxaqueca. Fiz inúmeros tratamentos. Realizei, de simples exames à eletroencefalogramo e tomografia. Não deu em nada ! Não estava enlouquecendo ...
           Como ela sempre aparecia em horas incríveis me senti obrigado a carregar sempre um kit-enxaqueca, com injeções EV e IM e outros tantos analgésicos.
           Ela funciona assim: depois que começa, nos primeiros sintomas, se não tomar o "remedinho" certo em tempo mais certo ainda, não esquenta não, que a dor vem pior. Daí, é só procurar um quarto escuro, silencioso, com cama e um recipiente para os vômitos vindouros.
           Dezenove anos se passaram desde a primeira crise e esta "minha santa enxaqueca minha" ainda me ensina muito ...
           Aprendi, nesse tempo todo, a me conhecer melhor. Cada vez que permitia que a ansiedade tomasse conta dos momentos, dos atos, do meu ser, ela aparecia; cada vez que não dava o descanso necessário ao corpo, ela aparecia; cada vez que ingeria um pouquinho a mais de álcool nos finais de semana, ela aparecia; cada vez que permitia que os momentos de puro estresse e adrenalina se tornassem maiores que o meu controle sobre a situação, ela também aparecia. Enfim, diante de qualquer coisa, em qualquer situação, em qualquer hora, ela poderia aparecer de surpresa, sem ser convidada.
           Precisei então, me respeitar mais, e respeitando pude também me conhecer melhor, reconhecendo assim minhas humanas limitações. Entendi que após os momentos de crise, de problemas causados por fatores internos ou externos principalmente, ela vinha pra reorganizar meu corpo, meu ser, minha vida ...
           Eram momentos únicos de dor intensa e pulsante, com sensações das piores possíveis, que pareciam intermináveis. Um simples abrir ou fechar de portas, qualquer barulho era o suficiente para refletir diretamente na cabeça, na dor ...
           Passado os momentos de sofrimento, vem a tranquilidade, a serenidade, a calmaria, melhor ainda, a sensação de ter sobrevivido após uma difícil e estratégica batalha, onde com as armas certas - "os remédios" -, e muita paciência, o inimigo era mais uma vez superado.
           E não há nada melhor do que a sensação de estar vivo, de não sentir dor, de sentir-se purificado, renovado, descansado, após uma tormenta.
           Bom, hoje, tenho certeza de que essa "abençoada" enxaqueca, chegou e se instalou em mim não por um mero acaso ... acredito muito que aprendi e ainda aprendo com ela... Por isso, procuro, dentro dos limites, viver bem e feliz, onde quer que esteja e com quem estiver. Quando ela desponta, já sei que to desorganizado comigo mesmo, extrapolei os limites. E aí, o ciclo recomeça ... e a batalha também.
           Vivendo e aprendendo ... sempre ... "

Ailton Domingues de Oliveira

Terceiro sonho, menos uma.

"Ela foi morta por minhas mãos...
Num único golpe certeiro
com um martelo que foi do meu avô,
e hoje está comigo.
Golpe este que acertou sua cabeça e seu guiso
Ela ficou imóvel,
aparentava ser grande
pois dava várias voltas em torno de si
Não tive medo e não hesitei em acertá-la
O
local era muido conhecido, familiar
pois estive nele em muitos dias de minha infância
Era a casa da Nina, seus filhos e seu marido.
Um terreno grande, um pé de laranja
que brincávamos nele
Era um quintal gostoso de estar
chamativo a qualquer criança
que gostasse da variedade do verde e da terra
cenário perfeito para grandes invenções
de pequenos geniosinhos...
A visão do local era perfeita
impossível de não reconhecer
A família da Nina, hoje,
basicamente se resume nele e seu neto,
filho de seu filho mais velho.
Separada de seu marido, alcoólatra,
não pode fazer muita coisa pelos filhos.
O mais novo escolheu viver sua vida de maneira não convencional
Tornou-se pastor de uma igreja para homossexuais, segundo as últimas notícias.
O mais velho, traficante, preso em outro país.
A filha do meio, sua única companheira fiel,
minha amiga de infância, parceira de diversas quadrilhas em festa junina,
companheira de trajeto casa-escola...
vivemos uma vida escolar do pré ao cursinho pré-vestibular.
Morreu na cidade de Bauru, aos seus vinte e um anos de idade,
no primeiro ano do curso de Serviço Social,
Vítima de aneurisma cerebral...
Um choque, uma dor inigualável ...
Foi encontrada caida no banheiro da faculdade.
Levada com vida para o hospital,
não aguentou as primeiras setenta e duas horas,
teste, de sua sobrevivência, dado pelos médicos.
Em seu caixão, branco,
a visão derradeira das diversidades, dos contrastes,
das desilusões, questionamentos sobre o que vale a pena ser,
acreditar e morrer
Por que uma jovem, no auge de sua vida,
é levada de forma tão sem explicação ?
Tantas pessoas não merecedoras do ar que respiram,
continuavam por aí ...
Enfim, contrastes da vida ... injustiça cruel ...
Sobre a cobra que matei, quase nem me importa mais ...
Um problema a menos talvez, resolvido de maneira rápida e objetiva,
num golpe absoluto.
Muito mais do que um problema resolvido ou
uma cobra morta,
valeu relembrar e sentir saudades
de uma infância pura, bem vivida
repleta de histórias e encantos,
amizades e intrigas infantis,
superação,
de uma vida abençoada de amigos e amigas
que no decorrer dos anos que se seguiram
cada um escolheu o seu caminho
e o trilhou com seus fascíneos
e suas consequências ...
Não fazer da morte uma pausa eterna,
mas sim, uma reflexão do quão bela a vida é,
tão simples, curta, foi a lição deste sonho ...
Um abraço aos amigos e amigas
e que nossa distância nos permita
estarmos próximos,
no coração e nas orações..."

Ailton Domingues de Oliveira

Outro sonho e uma profética lição.

"... No quintal da casa de meus avós...
na terra, próximo a um pé de mamão
e a uma casinha de madeira
Meu avô, falecido,
disse à minha avó
que retirasse aquela planta
daquele lugar ...
E assim, ela o fez.
Saíram debaixo da terra,
na cova da planta,
e na raíz que parecia não mais existir,
pequenas cobras.
Eram cinco ao todo.
Vinham em minha direção.
Eu me afastava,
rastejando sentado e de costas
Elas, não me alcançavam ...
Uma pela esquerda
Outra enrolada numa folhagem à direita
Três saindo de dentro da casinha de madeira ...
Um sonho, que tirou-me o sossego
do dia seguinte e da semana.
Sonho, porque vi meus avós,
senti-os bem próximos ...
Lembranças e saudades ...
Um pesadelo, porque agora eram cinco e pequenas ...
Levei em consideração um outro que tive ano passado,
sendo uma cobra grande, verde, sobre minha cama:
enorme, próxima, astuta ...
E não houve como pensar diferente,
e não fazer nenhuma ligação ...
Serão, agora, cinco traições ???
Não !!! Literalmente não !!!
Um problema, uma cobra,
quando detectado já em seu tamanho grande,
maior o esforço para solucioná-lo,
maior a chance de fracasso
na tentativa de resolvê-lo...
Problemas pequenos,
que sejam cinco ou dez,
não subestimando o veneno de uma pequena serpente,
mas, muito mais fácil e prático
de pisar em sua cabeça.
Problemas, quanto identificados em sua raíz,
em sua essência,
tal qual uma doença malígna diagnosticada
em tempo certo e tratada
com uma prescrição certeira,
as chances de uma cura total
são cem por cento e otimistas.
Força, coragem, fé e atitude !!!"
Ailton Domingues de Oliveira

Caem lágrimas

"Caem lágrimas, lágrimas do céu
Caem lágrimas, as gotas de Deus
Caem lágrimas, as bênçãos do céu
Caem lágrimas, lágrimas de Deus

Um universo aos seus pés Ele te deu
A perfeição da natureza para sua vida enfeitar
O canto dos pássaros para te alegrar
E te dizer, te seduzir, te envolver
Em seu amor sem fim

Muitos motivos já o demos para nos abandonar
Uma razão somente Ele tinha para continuar
Acreditou em seu Pai, e no projeto de seus irmãos
Simplesmente amou, sua vida foi por ti, foi por mim
E sua misericórdia é sem fim"


Ailton Domingues de Oliveira

Verdade no meu mundo

"Ontem, no primeiro dia, a verdade nua
simplesmente, da maneira não convencional, mas revelada
Buscando preservar o valor de quem a ouviu
O som frio e descauteloso da voz
não expressaram o coração apertado
Uma dor a quem ouviu
Um alívio a quem falou
Perde-se tudo, mas a sinceridade e
ou a verdade, mesmo que demorada,
prevalece em ambos os corações
Em busca do tesouro,
talvez, não perdido,
sigo rumo ao horizonte,
trilhando no caminho da luz
em busca da paz,
às vezes, em guerra comigo mesmo
procuro proteger-me,
na noite calada,
dos riscos ousados que permito
Meu mundo encantado
de histórias vividas
de sonhos intermináveis
de pessoas divinamente humanas,
perfeitas pelo criador,
imperfeitas pelo mundo,
agraciadas pela vida,
Histórias, vidas, razões e emoções
Palco real, cenário da vida
Eu, protagonista e autor,
culpado e inocente,
em busca do conhecimento profundo
De minha pedra bruta,
procuro o que há de melhor
E me esforço em ser apenas
e tão somente apenas
TEU instrumento,
de Amor e Paz.
Amém."


Ailton Domingues de Oliveira

Terra

"Da terra brotou o alimento
Do alimento, o necessário para a vida
Da terra jorrou a fonte
E a água formou o mar
Da terra o céu abraçou-a
E assim a sintonia firmou
Da terra a lua enfeitou-a
E ela iluminada ficou
Da terra a estrela brilhou
E trouxe o brilho às vidas
Do grupo uma família formou
Muitos nomes surgiram e aceitaram
Caminhada longa e complicada
De espinhos que protegem a flor
Flor que vale a pena o espinho
Graça, ternura, beleza e fortaleza
Histórias diversas, aversas e avessas
Dores, alegrias, perseverança e céu
Brilhos, talentos, romance, esperança
A lua e a estrela
Tempestade, calmaria, agitação, recompensa
O mar da vida
Elementos e alimentos
Diferenças e entendimentos
Rumo e objetivo
Um só corpo e vários membros
Somos assim,
Somos o Grupo Terra,
Nem pior, nem melhor
Apenas diferente..."

Poema dedicado ao Grupo de Jovens TERRA, Comunidade de Imaculada Conceição,
Paróquia São Gaspar Bertoni, Uberlândia, MG.
Ailton Domingues de Oliveira

Registros de outrora, lembranças de agora

"No calor da pele, outrora já registrado,
Senti nos braços quentes,
O abraço, agora, frio
Uma viagem no tempo
Turbilhão de passagens, mensagens ...
O que será que nos colocou a trilhar,
por algum tempo, juntos ?
Por que não conseguimos transpor
as barreiras deste tempo,
de marcas, emoções, cicatrizes, razões ...?
Mudamos, transformamos,
lapidamos de acordo com as dores
Esculpimos novas formas
Incorporamos máscaras.
Sinto ainda, mesmo diante das divergências
que o sangue, o mesmo sangue,
na mesma intensidade,
diante de cada instante que
de entre lances a vida nos proporciona.
Duelo invisivelmente injusto
Covardia nossa
Está na cara, rotulado
tais vidas entrelaçadas.
Que Deus nos permita
este fim, para que juntos ou não,
recomecemos uma vida única,
lado a lado, na mesma direção
como sempre sonhamos. Amém."


Ailton Domingues de Oliveira

Nem tudo é assim

"Nem tudo é assim ...
Nem tudo o que ?!
Tudo ...
É assim como ?!
Assim ...
O mundo nos testa
Paciência à prova
Fidelidade a si
Nem tudo é assim, como a gente quer
Aprender a esperar
Esperar e amar
Amar e viver
Viver e aprender
Um ciclo constante
Um Deus Onipotente
Lição, paciência, Amor e Vida
Nem tudo é assim, como a gente quer
Extrair do solo sem vida
O fruto para subsistência
Requer tempo, paciência
Perseverança, dedicação, sujar as mãos
Regra, disciplina, Fé
Hoje erro, mas esse erro
Já não o quero amanhã
Nem tudo é assim,
Mas Deus é por mim."


Ailton Domingues de Oliveira

Não posso me esquecer

"Não posso me esquecer ...
Esquecer jamais
A razão maior pela qual estou aqui
Não somente neste exato local
Mas nesta imensidão de matéria e vida
de vidas que se entrelaçam
O motivo único pelo qual fui chamado
O convite sincero pelo qual ainda,
sem pensar, hesito ou questiono seu propósito,
minha missão, meu objetivo,
coisas distintas, desejos distantes,
amor simplesmente
Não quero, não posso e não vou me esquecer
do Homem que Deus confia em mim
do Pai que me esforço em ser
do Filho, falho, surdo e cedo que finjo ser
do Pilar que Deus me designou
num ambiente de realidades conturbadas
desestruturadas talvez
de um quebra cabeça de peças não encontradas ...
Sou feliz, estou feliz !
Aumenta minha fé, minha razão divina e humana
minha emoção sincera e verdadeira
Afasta tudo, tudo, simplesmente tudo
o que aliena, destrói, corrói ...
Dai-me a paz que tanto procuro
as respostas que tanto busco
Faz-me enxergar
Enxergar a vida
Sentir o Amor
TE aceitar em minha vida."

Ailton Domingues de Oliveira

Mulheres de fibra

"Tudo está tranqüilo
desde que ninguém invada o seu espaço,
ocupe o seu lugar e toque no que considera propriedade sua.
Dentro das oportunidades de presenciar, ouvir e participar de fatos do tipo
eis agora as considerações ...
Na terra do nunca (lugar de Peter Pan – desenho infantil),
onde tudo é permitido fazer para se alcançar fortes emoções e aventuras,
o ser humano sai em busca ou acaba cedendo as tantas tentações.
Ciente de que nada lhe acontecerá de mau
nas aventuras escolhidas, tudo será normal,
arrisca-se em terras proibidas ...
Só não contava que o que considerava propriedade sua
no caso, a verdadeira companheira, que deixou em casa
aquela que o ajudou a constituir sua família,
um dia se veria livre de suas correntes,
um dia caminharia, mesmo só,
pela mesma calçada, que outrora andaram juntos
E hoje, com a alegria da liberdade imposta,
quem mais perdeu, foi quem se aventurou,
foi quem não se dispôs a inovar,
foi quem sucumbiu as paredes do lar,
foi quem não valorizou o outro.
As lágrimas que hoje te escorrem pela face
são pura e simplesmente, pela perda de sua propriedade,
Aquela que não tinha voz diante de tua falta de verdade,
Está de pé, mantendo forte e reerguendo o que ficou em ruínas.
A felicidade dela é o que te aflige
Pois essa felicidade, é o sinal de que não há mais nada
que a prende ao passado de dor e lágrimas que você cultivou.
Mulheres de fibras são assim
Doces, suaves, flores ou
Fortes, destemidas, feras
Ao dar-se conta que os teus caminhos é que te levaram a este ponto
realmente a dor fica pior.
Não é desdenho, nem desejo maldito que se afunde na lama,
é apenas a realidade nua e crua de quem trilha as aventuras do mundo.
Aquelas que sobreviveram e se libertaram
que sejam exaltadas e agraciadas, sirvam de exemplo
Aquelas que ainda não encontraram a sua chave para a liberdade
apenas lembrem-se que
Deus não apóia nenhum tipo de sofrimento”


“Homenagem às tantas mulheres,
Mães, irmãs, amigas,
As “Marias” que se fortificaram,
Sobreviveram, se libertaram,
Diante de cada sofrimento imposto”

Ailton Domingues de Oliveira

Meu chão, meu céu

"Força invisível, invencível
Auxílio adorável, incontestável
Dedicação transparente, presente
Presença única, divina
Voz que conforta, liberta
Mãos firmes, fortes
Amor sublime, singelo
Fortaleza e destreza
Mulher de fala marcante
Protetora fiel
Espelho de minha vida
Exemplo de vida
Meu alicerce, minha solidez
Minha ternura, minha esperança
Me fez assim
Deu seu melhor
Aprendemos em você
Na
sua força de superar
Que não há obstáculo insuperável
Quando sua fé é mais
Obrigado a você, mãe
Por seus carinhos,
Mesmo os que não me tocaram
Que os nossos dias
Nos sirvam para nós mesmos
Em intensa convivência e partilha
Amo você, e jamais sobreviveria
Na guerra do mundo
Sem você ao meu lado
Obrigado, simplesmente pelo que você é:
Minha mãe."

Dedicado à minha mãe Aparecida Claudete Rosa.
Ailton Domingues de Oliveira

Já é hoje!

"Quando o ontem era o presente
E o hoje era o futuro
Já existia o passado, o antes do ontem,
Já existia o sonho do amanhã
Já imaginava os horizontes ...
Sem condições de mudar o que passou
Livre para agir agora
Consciente para planejar
Este é  hoje, o agora
Momento presente
Dádiva de Deus
Segundos que expiram no tempo ...
Sempre haverá o que passou
e em tudo o que ficou
haverá a pergunta
se algo seria diferente
se o caminho escolhido fosse outro ?
ou, se a resposta dada fosse outra ?
ou ainda, se a atitude tomada fosse outra ?
Por isso, de várias formas,
e por vários autores, sempre escutamos
que a vida não é um rascunho
que se pode passar a limpo
Só existe uma chance
Após pintar o papel,
a folha não se pode descolorir
Em 'O Pequeno Príncipe',
’Saint Exupery’, em sua máxima,
já conhecida por muitos, diz:
'Viva intensamente cada momento de sua vida,
como se fosse o primeiro e o último,
pois cada segundo que passa nunca mais volta'
O presente não pode mais ser usado
para responder questionamentos do passado apenas,
É necessário a proeza de vivê-lo em tempo real
de maneira coesa, coerente
para que não haja constrangimentos futuros
Passado, presente e futuro
se entrelaçam na vida de cada um
Um presente bem vivido
é o alicerce para o futuro
e história real a ser lembrada sem frustrações
Escolher o caminho a seguir
é o livre arbítrio que Deus nos deixou
Sabemos o que e como fazer as coisas
Temos o direito de escolher qual semente plantar
Porém, não podemos exigir que um pé de limão, dê laranjas
Ouvi a frase 'Já é hoje', entre tantas outras,
numa celebração especial de Consagração
Foi verdadeiramente emocionante quando
a pessoa que afirmava seus votos perante a comunidade,
olhou para todos e disse com brilho nos olhos,
e lembrando que quando era passado,
o futuro seria o presente, o hoje,
e este hoje chegou, 'já é agora',
com a certeza de ter feito sua escolha certa,
feliz por celebrar e entregar-se
com amor e por amor
àquilo que será sua missão, sua vocação, sua vida
Tirei desse momento, algo de inovador para minha vida
revendo conceitos, recriando fórmulas,
reaprendendo a viver e viver bem o presente.
Fechei algumas trancas do passado,
e deixei os questionamentos de lado.
Pus-me a viver fervorosamente meus momentos
com a intensidade única de cada segundo.
Alicerçando o agora, já sinto
o brilho chegando do horizonte
o planejamento consciente
do caminho a trilhar.
Hoje, já é agora
e como presente
só há tempo de ser feliz."

Ailton Domingues de Oliveira

Frases ao vento...

“Quanto mais me aproximo de Deus, mais eu me afasto das pessoas.”
Essa, com certeza, não foi uma frase de minha autoria. Quando a ouvi pela primeira vez achei apenas engraçada e não dei muita importância. Como ela começou a repercutir entre os integrantes de um grupo de jovens do meio católico, resolvi parar e analisar com mais minúcias. Antes, procurei um grande amigo, pensador, que também usa da escrita para levar as mensagens de Jesus aos fiéis. Sua opinião, bem como seu nome serão o desfecho desse texto.
O homem, imagem e semelhança de Deus; Deus, que entregou seu filho ao mundo por amor; O Filho, que dizendo sim ao Pai, obediente, entregou-se, provando seu amor leal e único.
Afastar-se do ser humano não é o que Deus quer. Um dos seus maiores ensinamentos deixado através de Jesus é amar ao próximo como a si mesmo. Amando ao próximo, amamos a Deus. Amando a Deus, amamos ao próximo. Evitar ao ser humano é, de certa forma, deixar de lado o próprio Deus. Total incoerência cristã. Decepcionar-se com o ser humano é passível de entendimento, pois como tal é imperfeito. E nesta imperfeição, que aprendemos um com o outro, com erros e acertos, a superar, e cada vez mais confiar em Deus.
Agarrar-se em Deus, não significa excluir o humano, o irmão ou irmã, de sua vida. Amar a Deus, é desprender-se de si, perdoar ao outro. O perdão é prova de amor. Amor é doação, caridade. Amar o perfeito é fácil. Amar o que gostamos, os que nos fazem bem é ótimo. Mas, a maior prova de amor é aceitar, encarar, não afastar daqueles com os quais não nos identificamos. Se usássemos isso como regra de nossa vida comunitária pastoral, aos poucos deixaríamos de participar da Igreja, ou exagerando o pensamento, cada um correria atrás de criar a sua própria igreja com suas regras e aceitar nela somente os que comungarem de sua idéia.
Amar, com doação, caridade e perdão, não significa ser omisso, muito menos se permitir ser explorado. Amar, também, é dar o castigo na dose e hora certas, como pedagogia de amor, que prevenindo e punindo educamos os que amamos.
Para finalizar este texto, segue abaixo o comentário de um grande pensador, ao qual admiro e respeito por sua pessoa, e sua integridade vocacional:
- “Quem falou tal frase não entendeu ainda que não se pode buscar a Deus estando longe das pessoas. O apóstolo João em sua primeira carta afirma que quem diz amar a Deus mas não ama ao seu irmão é mentiroso. Somente posso amar e encontrar Deus encontrando com as pessoas. Longe de Deus e das pessoas somos como Romeu sem Julieta.” (Pe. Diogo – Uberlândia/MG)


Ailton Domingues de Oliveira

Amigos fiéis

"Amigo Fiel
que em ti recorro meus pensamentos
me dou o direito de expressar
minhas angústias e frustrações
bem como as alegrias e vitórias
tua cor, branca, se mancha,
diante da dança de minhas mãos
quando empunhado com a tinta,
no desenrolar de cada história
Na solidão de que me acerco,
hoje, necessária para minha maturidade
me entrego sem pudores aos teus ouvidos
que apenas sentem a ponta aguda deslizando,
ora tremendo pela ansiedade
ora calma e pausadamente pelo pensamento leve
Caso a minha história se finde antes da última folha
o que relatamos aqui perpetuará
no caração daqueles que amo
Formamos aqui um trio de amigos fiéis
Eu, o pensador,
Tu, o meu caderno, o relator,
Deus, fiel, o sábio do silêncio ...
que aparece nas obras divinas de cada dia
Que nestas obras de razão e emoção
sejamos apenas o instrumento
D'Aquele que nos agracia
com as palavras profetizadas,
escritas e entalhadas
nas vidas dos que amamos.
Amém"


Ailton Domingues de Oliveira

A busca

“Como uma ideologia,
Como um sonho, um horizonte ...
Vivo,
Assim,
Hoje ...
Sempre em busca, às vezes, de outra busca
Incessante, insaciável
A minha sede de encontrar
Aquilo que não se vê,
Que não se sente ...
Amarguras, frustrações
Inexplicáveis ...
Emaranhado ...
Uma teia ...
Voltei, retornei ...
Revendo, avaliando agora
Não passarei minha existência em vão
Libertação de mim
Perdão sem fim:
- Perdão ao que fui
- Perdão ao que vim
- Perdão ao que sou
- Perdão ao que não fui
- Perdão aos que amo
- Perdão aos que me amaram
Que essa busca, distante, na minha terra
No Templo Sagrado que, hoje, sei que sou
Deus me permita viver
Os dias que se extinguirão no final de cada noite
Que ao deitar, possa me lembrar, com entusiasmo,
Com orgulho do bem que fiz e fui
E, principalmente, do mal que não fiz e não fui...
Amém”

Ailton Domingues de Oliveira

Dos mistérios de um sonho a realidade de uma visão

"Ela estava ao meu lado
enrolada em si mesma
grande, verde ...
Eu, deitado sobre minha cama, dormindo ...
Ela, quieta, me assistindo ...
Era nítido o quanto estava imóvel
Próxima demais, literalmente enorme.
Já acordado do pesadelo
A quem se comentava sobre tal,
a resposta era sempre a mesma: 'Traição' !
Passado algum tempo,
já me desligando de uma vida
a qual não queria mais pra mim,
algo em meu íntimo
ainda me pedia pra esperar ...
esperar sabe-se lá o que,
mas esperar, com paciência ...
Dois meses se foram
e num dia qualquer as máscaras caíram,
uma mentira de tempos chegou ao fim
Traição pura, teatro real, vida surreal ...
Uma lição diante de um tombo da vida
Um mundo redondo
onde as teias se entrelaçam
e numa dessas voltas caímos nela.
Uma cobra tão próxima
como quem vivia ao redor
Tão íntima por estar na cama
Tão grande quanto o problema que me seguia,
me cercava e enrolava minha mente, minha vida.
Num domingo especial
senti o peso da minha falta com Deus.
Voltei, consciente dos passos outrora dados,
Numa capela, a de Nª Sª Aparecida,
as luzes começaram a clarear o meu caminho,
Como Mãe, Ela me deu forças
para pisar na cabeça do problema.
Limpei minhas vidraças
e enxerguei o óbvio
Voltei não só para a Igreja,
mas também para Deus,
para minha família,
voltei para mim,
a ser um eu que jamais pensei existir.
Voltei por meu filho.
Larguei o mundo.
Vi adiante, em local distante
meu trabalho recompensado
Glória interna, justificada,
Alegria nossa, glorificada.
Os problemas sempre existiram e existirão
em formas e tamanhos diferentes
Mas, o que mais oscilará, inevitavelmente,
é a Fé ...
E, que de agora em diante,
Aumente... somente ..."  

Ailton Domingues de Oliveira 

Disposição para inovar é que falta

            Disposição. Essa é a palavra escolhida para este início. Disponibilidade, estar disposto, estar a fim, querer, ter força de vontade, não morrer na mesmice, inovar as formas de expressar, inovar as maneiras de dizer, inovar sem perder a essência do amor.
            A quantidade de palavras escritas acima, cresceu e se intensificou, ampliando o sentido inicial de ‘disposição’.
            Aonde chegar com essas informações ?
            Alguns fatos foram notados, outros vivenciados, outros aprendidos na teoria e prática ou ainda com experiências de terceiros.
            As relações entre homens e mulheres construídas ao longo do tempo diversificaram muito.
            Hoje, pode se considerar que a proporção de casamentos desfeitos aumenta muito mais do que os casamentos propriamente ditos. Por medo de toda a burocracia na hora da separação legal, as pessoas evitam a formalidade, ou seja, para não terem obstáculos na hora da divisão de bens e outros acertos mais, simplesmente, usando o popular, elas juntam os trapos. Quando se resolvem juntar, pensam muito mais nas possibilidades de não dar certo, do que nas formas de não deixar a relação cair na monotonia. Logicamente existem os que casam e levam uma vida matrimonial normal, bem como os que se juntam e também vivem normalmente.
            A família, nossa primeira instituição e escola, fonte de todo o alicerce e educação primários, deixou de ter sua importância. Causas disso tudo, pode ser a busca de tanta evolução, a corrida pela liberdade desenfreada, a omissão de pais que não se metem na educação de seus filhos para evitar invadir o espaço deles.
            Tirando as inúmeras conseqüências causadas pela falta de um alicerce familiar, principalmente entre os pais, chegamos a um problema ainda maior: as relações de apego, onde falta o principal, o sustento, a raiz, o amor.
            Sem base, as relações começam. Com a frieza que o mundo prega, onde tudo pode, tudo é permitido, em qualquer hora e lugar, dão-se os primeiros passos ...
Por outro lado,  a maioria quer assumir ninguém. As pessoas não querem arriscar uma relação duradoura. Preferem apenas o impacto do momento, a ‘pegação’, antes tratada como ‘o ficar’. Assumir uma pessoa para que, se pode ter várias sem assumir nenhuma ?
Inicia-se neste momento o movimento íntimo para sua derrocada, sua queda futura. Relações puramente superficiais, sem diálogo, sem conhecimento, sem crescimento, sem maturidade. Um alicerce em cima da areia, onde qualquer brisa pode derrubar. Uma semente jogada entre as pedras, impossibilitada de crescer e frutificar.
Relembrando a palavra ‘disposição’ e colocando em tempos atuais. Para quem busca uma relação normal, não aquele normal para o mundo e sim o normal para os padrões de qualquer ser humano que tenha uma família e uma educação, deve-se ter a consciência de que o tempo se encarrega de mostrar um ao outro, principalmente com os defeitos de cada um, pois as partes boas, foram de certa forma cultivadas.
A disposição de aprender e inovar a relação pode ser um dos passos que considero importante.
Para que não surjam apenas ‘tentativas’ de casamentos, a sociedade, a igreja, o ser humano deve ter total consciência de que não pode acelerar a relação tal qual  o mundo acelera seu desenvolvimento tecnológico.
Podemos até ter sido frutos de relações desse tipo, ou podemos ter presenciado de perto ou a distância, outras tantas que se dissolveram, fracassaram, sucumbiram diante da falta do alicerce seguro. O que não podemos é continuar dando os mesmos passos em falsos e tropeçar nos mesmos obstáculos que já conhecemos. A família deve continuar sendo o grande berço de cada um.


Ailton Domingues de Oliveira

Carta ao Grupo Terra

          "Foram aproximadamente cinco ou seis meses assumindo o papel de coordenador, que, a princípio, foi um grande desafio, ousado, mas antes de tudo, apenas um 'SIM' ao chamado dos Céus, através de um convite divinamente humano.
          Tempo que passou rapidamente, fazendo histórias, assumindo riscos, acertando e aprendendo com os erros.
          Histórias individuais de sofrimento, superação, confiança, amizade, experiências para minha vida trazidas por pessoas que jamais pensei existir e que hoje fazem parte do meu dia a dia, através do grupo.
          Personalidades únicas, de talentos brilhantes, alguns por hora ensimesmados, fruto de sua época.
          Por alguns momentos, sendo estes a maioria, a falta do sangue pulsante, do calor humano, da vontade de transpor os limites em prol de uma justiça, às vezes, apenas imaginária. Em suma, a falta do sangue revolucionário.  
          O espaço pelo qual brigam é quase que sem objetivo, sem rumo, sem direção. O comprometimento é comprometido pelas exposições mundanas.
          Um grupo fechado em rodas de poucas pessoas, excludente onde deveria ser acolhedor.
          Fico, mas numa posição onde não posso interferir diretamente no processo de formação. Os erros devem acontecer apenas para que haja a formação, crie experiência e fortaleça a caminhada.
          Assumo uma assessoria de olhos, de ouvidos, mas a voz, somente quando necessária ou, melhor dizendo, quando solicitada.
          Através da minha experiência, em algumas situações, acabava dando a resposta pronta, não deixando o grupo passar pelo processo onde a formação e experiência aconteceriam naturalmente. Por isso também a necessidade de não ser o coordenador e sim um assessor, posição que não lidera, não impõe, apenas acompanha ...
          Como já tratado em Assembléias Diocesanas, a necessidade é que a pessoa na função de coordenador tenha idade suficiente e que esteja, por sua idade, inserida no cotidiano dos jovens, próximo à maioria dos integrantes. Sendo assim, mais um 'porém' para me tornar assessor.
          A experiência foi ótima. Melhor ainda foi ouvir e aprender com as histórias de cada um ..."

Ailton Domingues de Oliveira

Carta aberta I

"Estamos sempre a um passo...
Atrás ou a frente...
Sempre, nossos objetivos estão a frente
Parecem tão distantes de alcançar
E, por fim quando chegam
já perderam a graça.
Criamos uma expectativa enorme.
Nos tornamos ansiosos por uma espera,
num tempo que não chega.
Alguns sonhos parecem ainda mais impossíveis, inalcançaveis...
Perdemos a esperança rápido demais...
Desanimamos diante das dificuldades;
diante dos obstáculos mudamos nossos caminhos
e até nossos sonhos.
Não acreditamos em nossos potenciais e
pior, não confiamos em DEUS.
Diante dessa descrença e comodidade
nossas atitudes, se elas existirem ainda,
se tornam nulas, ou como numa engrenagem,
onde as peças trabalham rotineiramente,
sem descanso ou intervalo, sem avaliação
de resultados, de forma viciosa...
Avaliar atitudes, refletir sobre o momento
deveriam ser como que uma rotina, no mínimo, diária,
pois assim teríamos mais consciência sobre nossos passos,
pois assim, também, teríamos mais chance de acertar ou de errar menos.
Perguntar ao nosso íntimo:
- Quem sou eu?
- De onde vim?
- Para onde vou?
- Qual meu objetivo?
- Qual a minha missão nesta vida?
nos ajudaria e muito, a termos um senso crítico mais vivo e aguçado.
Questionar o nosso tripé da fé - 'estudo, oração e ação' - nos auxiliaria
a sermos cristãos com 'C' maiúsculos.
'Sonho, Fé e Luta' deveriam ser as características predominantes em cada jovem.
Mas, jovens apáticos, amorfos, indefinidos, imaturos, sem sonho,
sem fé, acomodados é o que predomina neste mundo de caminhos ambíguos.
O mundo do 'Ter' também prevalece sobre o do 'Ser' ...
Não importa quem ou como somos, e sim o que temos ...
A vida pede um socorro ...
A comunidade precisa de pessoas cristãs
com empenho e atitude.
O grupo precisa de perseverança, doação e vontade de fazê-lo crescer.
Os frutos serão à longo prazo.
Deus poderia fazer tudo só,
mas preferiu contar com você!"

Ailton Domingues de Oliveira

Altar para os homens e palco para Deus?


         ‘Vocês compreenderam o que acabei de fazer?’ Pergunta Jesus após ter lavado os pés dos discípulos. Quem segue a Jesus deve servir. Essa é a máxima desta passagem, João 13, 12-17.
Jesus veio para libertar os pecadores, veio justamente por eles; Jesus morreu por amor, amor incondicional, principalmente aos pecadores e excluídos; Jesus tem seu nome ecoado por mais de 2000 anos, apenas por sua vida exemplar de amor e fidelidade a Deus; Jesus veio para servir...
A Igreja, santa e pecadora, deveria ser o local maior, o templo sagrado onde nos unimos em partilha e comunhão para celebrar a vida de Jesus e a palavra de Deus. Ela deveria ser um lugar acolhedor e a comunidade o meio em que se vive na prática os ensinamentos de Jesus.
Porém, existe algo que acaba ressoando mais forte em corações individualistas. Sendo a igreja a Casa de Deus, Templo Sagrado de e da Comunhão com o Pai e com os irmãos, sendo a comunidade o meio de servir a Deus, onde então, estaria a nossa doação, como cristãos que afirmamos ser, de trabalho e carisma, de força de vontade e talento? Por onde anda o respeito para com a casa do Pai?
As laterais ficam entupidas de pessoas que nem “assistem” a missa, e nem bem ficam do lado de fora. Digo “assistem” porque a “participação” fica muito distante da atual realidade. Pra começar a querer “assistir” ainda deve-se melhorar muito.
E a quem trabalha, ou presta serviços, faz dessa “doação” uma função, um cargo de alto escalão, onde o seu trabalho é muito mais por ego que por gratidão e amor. Servir a Deus, à Igreja e aos irmãos, mais uma vez passa longe. Poucos são os temerosos a Deus, que realmente se fazem instrumentos Seu e se colocam a serviço.
O lugar onde deveria ser o Altar de Deus, o está sendo para os homens. Deixaram para Deus apenas o palco... E Jesus continuou: “O servo não é maior que o seu Senhor”.
Ainda há que se romper as barreiras do tempo, do espaço e do ego de cada um. Ainda há que se ter a noção da necessidade da educação, da humildade, do comprometimento com a causa Real. O crescimento virá no momento em que as intrigas, as brigas por espaço no centro do altar, deixarem de existir no meio e a partir daí a coerência dessa vida comunitária terá um sentido cristão. E nesse momento, o altar voltará a ser de Deus e não mais haverá o palco... Estaremos lá apenas por amor a Deus e ao serviço à Igreja e aos irmãos.


Ailton Domingues de Oliveira

Acordamos, e agora?



"E agora ?!
E agora que sabemos do acontecido ?...
Agora, que identificamos o ponto fraco da estrutura ... (?)
Agora, que reconhecemos o lado não desenvolvido ... (?)
É também agora, a hora certa para acontecer,
é agora a hora certa de colocar em prática
aquele nosso senso-crítico aguçado,
que por outros criticado.
Vimos o passado que criamos,
julgamos nossa atitudes e entendemos,
agiremos diferentes e conscientes,
reveremos cada passo e avaliaremos resultados,
celebraremos as conquistas e principalmente as derrotas,
pois, é diante delas
que os espelhos deverão ser colocados.
Nossas ações não foram em vão,
porém, reconhecemos que faltou algo,
nossos estudos não foram em vão,
pois, crescemos, aprendemos
nossas orações não deixaram de ser ouvidas,
nem tampouco vividas e refletidas,
porém, outros poucos se agradaram.
Nossa Fé foi testada,
Alguns resistiram, outros desistiram.
A reciclagem deve acontecer
Uma nova história começa
Um sonho de dois mil anos continua
Nosso sonho
Nossa Fé
Nossa Luta
Se fortalecem a cada dia ..."

Ailton Domingues de Oliveira

A reciprocidade do perdão: realidade na oração do Pai-Nosso.

“...Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais muito antes que vós peçais.” (Mateus – 6,7-9)
            “Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra” – dito popular, que também faz parte de uma das músicas da Pity -  ou seja, está perfeito demais para este mundo. Prepotência e arrogância, lançar olhares, gestos ousadas palavras diante de atos que julgam incorretos. Não somos juízes deste mundo, não somos filtros para o céu. Somos apenas filhos, pecadores, com o livre-arbítrio, com a chance de acertar e o direito de errar, conscientes ou não.
            Não temos o direito de julgar ninguém por incapaz diante de seus atos. Não podemos, nós, tornar as pessoas indignas, pela nossa língua.
            Não adianta inventar as orações para Deus, visando o retorno dos olhares para si... Hipocresia. Fácil ser cristão nas facilidades. Assumir como tal o compromisso real, não há candidato algum.
            Diante de tanta coisa, nota-se o sentido estrito de um trecho na oração do Pai-Nosso, citado em Mateus – 6,12: “...perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...”.
            Se é recíproco, se peço neste termo de reciprocidade, perdoa-me assim como já perdoei, o inverso também é coerente, pois caso eu não perdoe aquém me ofendeu, também não serei perdoado. É simples. Chega a ser lógica.
            Em outro trecho, João – 20, 23, Jesus após ter soprado o Espírito Santo sobre os discípulos reafirma: “Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados. Os pecados daqueles que vocês não perdoarem, não serão perdoados.” Eis...
            Perdoar e ser perdoado !!!
            Como filhos de Deus, somos todos queridos, amados. Como irmãos em Cristo, temos os mesmos direitos e deveres. Como cristãos, que afirmamos ser, temos no mínimo, em sã consciência, o dever maior de se prostar aos pés de Jesus, da Igreja, da comunidade; fazer-se presente, participando, comungando e partilhando, enfim, lutando por um Bem Maior, que não o nosso particular. Preocupando-se em, realmente, ser comprometido, esquecendo-se dos ciscos nos olhos dos outros e volvendo os olhos para as causas cristãs.
            Não temos o direito de apontar os erros alheios ou fazer daquilo, o combustível para a derrocada dos outros, mas temos o dever e a obrigação de nos doar ao Amor e ao Bem Comum, e fazer a nossa parte, tão bem feita.

Ailton Domingues de Oliveira

A lua e a estrela

"Tema de poesia única,
época do colégio,
inspirada e dedicada a um amor
platônico e complicado,
por sua época, seu momento, seu tempo ...
A Lua e a Estrela,
não só na poesia inocente
de adolescente
mas na real história
do dia a dia com dores e alegrias
sempre acompanhou e inspirou
momentos de êxtases
românticos, espirituais, fraternais
momentos de doces lembranças
ou amargas decepções
Tal Lua e tal Estrela
aparecem neste céu em temporadas curtas
A Lua por si só, explendorosa
A Estrela, com seu brilho diferencial
e destaque incontestável entre as demais
Elas se juntam a um espaço
que nos dá a impressão
de que se entreolham, num respeito mútuo
de grandeza e pequenez
fragilidade e doçura
romance e encanto
Poesia aos olhos
A Lua e a Estrela
Numa grande noite
de áura divina e magia
disse ao ser,
ao qual dedico grande parte dos meus momentos
da minha vida e minha existência,
que toda vez que olhasse para o céu,
para aquela estrela em especial,
se lembrasse que eu olhava por ele ...
e ... que ela seria o meu presente eterno.
Ele, não se esqueceu.
Meu filho, minha estrela
Eu, a sua lua
Poesia aos olhos
Admiração, respeito e graça
unidos num infinito céu
jamais separados por distância alguma
Ele, minha benção
Eu, o seu refúgio
Amor inexplicável
Dedicação impagável
Vida da vida
Vida que nasce da vida humana
Minha inspiração divina,
através de meu divino Deus
Fonte inesgotável, razão, motivação
Peso maior de uma mudança agraciada
Por ele que fiz, que vim, que me renunciei
Hoje, feliz, reencontrado,
tenho inúmeros motivos para ficar
Simplesmente, a Deus, obrigado."

Ailton Domingues de Oliveira

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Uma chance ao coração, ao amor e a vida

“E quando o tempo certo chegar?
E quando as folhas secas tocarem o chão?
E quando o romper do dia ceder aos encantos da noite?
E quando o frio chegar?
E quando o verão voltar?
E quando eu quiser soltar a voz sem nada a dizer?
E quando eu quiser, sem saber direito o que?

Foi quando, então, desacreditado, em minha trilha sem rumo
Percebi as mudanças do tempo em minha vida
Foi quando notei o cair das folhas secas,
Sinal do ciclo natural da transformação
Foi quando ansiava a passagem do dia
Aguardando a chegada das estrelas no céu,
Passagem naturalmente romântica que cobre o cenário fiel
Foi quando com a chegada do frio
Aguardei o calor sensível e confortante
Foi quando no calor do verão,
Quis a companhia suave
Almejando apenas a brisa singela a nos tocar
Foi quando quis apenas entoar a voz,
Para ouvir uma resposta
Foi quando quis sentir, ver e ouvir a voz do coração.

Ao acalmar, após as tempestades,
Notando o cenário permanecido
Senti que o tempo era de reconstrução, limpeza, arrumação
Para que o lugar estivesse pelo menos preparado
E diante do novo, mesmo que conhecido,
Permiti a imponência do medo,
Mas também deixei a ousadia ir além,
Conscientemente além,
Momentos que não me via mais
Sensações que me podei
Medos que alimentei
Histórias que não fiz
Foi-se, escoado como areia...

Hoje, na inovação do coração, um renascimento marcante,
Descobrindo a cada dia um novo motivo para acreditar no amor
E uma nova forma de amar
Tempo ingrato, tempo amigo, demorado na tua distância, rápido na tua presença,
Coração feliz, emoção e razão... sentimento, doação
Eis-nos aqui, no giro do mundo, nos encontrando, entre causas e efeitos
Com a chance da felicidade.
Basta ousar...
Quando julguei-me incapaz, tentei me vendar
A luz foi mais forte e ultrapassou as cortinas do coração...
Ainda posso...”

Ailton Domingues de Oliveira

Vida

“VIDA
Viver, reviver, ser,estar fazer, acontecer, acreditar, orar lutar, doar...
Inúmeros verbos que fazem parte desta única palavra.
Viver bem, curtir a vida, aproveitar os momentos a qualquer custo, como dizia o 'Pequeno Príncipe':
- 'Cada minuto que passa nunca mais volta'.
Hoje, viver intensamente, acredito muito, já não é curtir a noite nas baladas intensas, ao redor de pessoas que não conheço, que não têm objetivos, que não se importam quantos beijam.
Pessoas que valorizam a fantasia da noitada, as máscaras maquiadas, num lugar onde ninguém é de ninguém.
O que importa nas cabecinhas de hoje é a curtição a qualquer custo, nada mais.
Beber, fumar pegar, curtir, pirar, viajar, farrear, liberar geral, esses sim são sinônimos de curtir a vida.
A graça e a beleza de estar com os amigos numa tarde ensolarada ou chuvosa, assistir filmes, comer pipoca e tomar guaraná já são coisas tolas.
Estar e almoçar com a família num domingo normal é ultrapassado.
O legal é beber todas, pegar todas ou todos pra poder discutir como os 'amigos' durante a semana.
Às vezes, queremos ser diferentes, queremos assumir nossa fé, mas... ainda somos fracos, pois permitimos que o mundo e suas guloseimas falem mais alto em nosso ser.
Por isso, por essa e outras mais, o ser humano, da infância à terceira idade, sente-se cada vez mais só.
Estamos perdendo nossa identidade de 'ser alguém' e 'alguém diferente'.
Permitimos que o mundo, através dos caprichos do homem/mulher, sufoque o nosso espírito.
A casca, o corpo, a matéria - 'pernas, bumbuns, peitos' - é a maior requisitada.
O que você pensa, sabe, entende, sonha, acredita, hum! meus amigos e amigas, isso não importa mais!
Muitos dizem que se convertem quando mudam de religião. Conseguem encontrar Deus diante de qualquer enganação humana. Esquecem de que Deus está em você, está em qualquer lugar, basta querer, basta acordar, basta aceitar, dizer o seu 'SIM', diariamente 'SIM'.
Conversão é todo dia, no trabalho, em casa, na escola, em você, principalmente em seu coração.
Pense: 'Não perca mais tempo. Você tem aqui amigos de verdade, e Um ainda maior que deu sua vida por ti'."

Texto escrito para reflexão em um dos encontros semanais do Grupo de Jovens TERRA (Com. Imaculada Conceição - Par. S. Gaspar Bertoni - Dioc. Uberlândia-MG).

Ailton Domingues de Oliveira

Uma carta pra Deus

"...Tão grande e infinito é Seu Amor ...
Tão difícil para mim, humano, homem,
egoísta, insensível, pecador que sou
entender o tempo dos acontecimentos,
provações que se repetem, que me testam,
que inquietam meu ser ...
Tantos sinais que já me deu
Tantos nomes que me deste em vida
Mostra-me
a cada dia o que posso fazer
o caminho do amor e do bem a seguir
purifica minh'alma, ilumina minha estrada
direciona meus passos, segura minhas mãos,
acalma meu coração.
Pai, Senhor Deus, que eu possa,
em Teu Santo Nome, renunciar cada dia mais
a mim mesmo, para que tudo o que há de velho
possa deixar de existir
e o novo possa nascer, crescer, transformar e frutificar
Dai-me o conforto, a paciência, que preciso,
aumentai minha fé Senhor.
Não deixe que meus inimigos se aproveitem
dos momentos de fraqueza e me atentem
Sustenta meu corpo quando eu não aguentar
Conforta meu ser.
Perdoa, me perdoa, perdão ...
Estou aqui ... para TI ... para Todos ...
E por meu eterno bem, meu filho amado.
Amém".


Ailton Domingues de Oliveira

Um olhar crítico sobre a realidade religiosa em tempos atuais

            Em alguns meses atrás, caminhando por algumas ruas do bairro, notei a quantidade de igrejas recém-criadas, com os mais diversos nomes. Em algumas quadras com até três nomes diferentes.
            Preocupação com o nascimento desordenado dessas instituições até existe, mas a maior é pelo número de adeptos que se prostram diante das mais variadas falcatruas escancaradas. Muitos deles são conhecidos nossos ou parentes.
            Quem procura algo para se firmar na fé geralmente toma essa atitude em momentos de fraqueza, desânimo, esgotamento, descrença e justamente aí o marketeiro de plantão atua com seu poderio ofensivo. Uma verdadeira guerra fria. Infelizmente.
            Ser pastor e ter uma igreja tornou-se uma profissão e um negócio. E mais uma vez digo: infelizmente! Qualquer um que apenas não tenha receio nem vergonha de falar usando o nome de Deus, simplesmente já se coloca ápto para assumir tal função. Não há estudo, não há preparação, não há respeito. Claro que há controvérsias e que em alguns lugares exista um fundamento cristão.
            O número de jovens adeptos a tais igrejas cresce. Crescem também as formas de comunicação, as armas de propaganda e marketing. E muitas igrejas estão atentas a esse novo formato, estão atentas as necessidades das pessoas. Neste mundo de crescimento rápido e desordenado, as pessoas se tornam individualistas ao extremo. E diante de tanto individualismo, o aumento dos casos de estresse, fadiga, depressão, também tem aumentado. É a doença de quem vive somente e tão somente o mundo moderno.
            De maneira desordenada, sem limites e sem regras, o mundo avança tecnologicamente rumo ao desconhecido. A única certeza, particularmente, que tenho é que alguma atitude precisa ser tomada. Unindo pensamentos, idéias, força de vontade, com nossos talentos, pela nossa fé, com ideal cristão, diálogo, planejamento e prática, acredito ser um caminho, não impossível mas também nem tão fácil.
            Dentre as igrejas evangélicas existe uma migração das pessoas em busca do melhor lugar, da maior emoção, da maior proximidade com DEUS. Eis o momento crucial em que atuam as igrejas novatas, melhor dizendo, seus pastores.
            Relato diante da realidade que vivo, que a maioria das pessoas buscam um Deus extremamente transcendental, um Deus que está apenas nas alturas, um Deus que apenas assiste a tudo e que diante das preces e súplicas de seus filhos acata ou não os pedidos de cada um. Isso é o que há de mais comum entre as religiões de maneira geral. Sem exceção.
            O ser humano, de maneira geral, tem buscado um encontro com Deus através e tão somente diante de celebrações (reuniões, místicas, encontros, rituais, etc) que interajam emoção, comoção e lágrimas. Este é um caminho percorrido que, de certa forma, contribui para o individualismo. Pensamos em Deus lá em cima, esquecemos de Deus presente em nossa vida, no dia a dia, no trabalho, na escola, no próximo.
A tão sonhada Civilização do Amor, projeto da juventude das décadas de 80 e 90, foi deixada para trás. Hoje o projeto é simplesmente “eu e Deus, eu e meus problemas interiores, a minha preocupação é unicamente comigo mesmo”. Buscamos o nosso bem. Egoísmo, talvez.
A velocidade do mundo impõe a necessidade de buscarmos este Deus que ameniza nossos problemas (estresses, depressões), nossas correrias que resultam em solidão, nossa falta de tempo para com a família, para com o próximo, para conosco, para com o próprio Deus...
Em busca de um bem-estar do corpo e do espírito, as pessoas, jovens principalmente, acreditam que o contato único com Deus se dá no individualismo da oração, das súplicas e tão somente aí. As orações e súplicas fazem parte de nossas vidas e de nossa fé, e são de extrema necessidade e importância, porém não podemos viver somente nas alturas, pois a realidade está aqui, na terra.
Uma conversão dada, “fisgada”, pela emoção, num primeiro momento funciona. Existe porem a necessidade de fixar os pés de volta ao chão e trabalhar a realidade, encará-la com olhos cristãos, discernimento, sensatez.
Ir alem das últimas fronteiras do ser humano e plantar algo não é fácil. Cada um reage a seu modo. Cada um tem o seu jeito de entender e botar em prática. Uns entendem e não põem em prática, outros não entendem e muitos menos praticam, mas há os que entendem e realmente saem na chuva pra se molhar.
Quando se busca e se identifica com Deus apenas nos momentos de emoções e comoções, corre-se o grande risco de estar vivendo fora do contexto da vida, fora do real, pois a vida não é feita de emoções somente. Existe a necessidade do trabalho árduo, mãos na massa, com todas as dificuldades e desentendimentos que possam surgir e é justamente aí, nesses momentos que nossa verdadeira fé é testada.
Hoje, mais do que em outras décadas a Teologia para a Libertação se faz necessária; a libertação do individualismo, do eu, do mundo do Deus das alturas...
Resgatar origens, histórias, planejar, reestruturar, inovar a metodologia de ensino-aprendizagem, à Luz do Evangelho, eis aí a oportunidade para todos nós, eis aí a necessidade da prontidão ao trabalho ...


Ailton Domingues de Oliveira

Última folha: "eis-me aqui Senhor!"

"Encerra-se nesta última folha,
como neste último mês, dezembro,
tempo de espera, advento,
um ano de grandes marcas alcançadas,
sejam pelas graças,
ou, pelas dores e marcas
profundas e silenciosas ...
Fecha-se um ciclo
Finda-se um momento que
perdurou longos, eternos e cansativos dias
Nem tudo foi possível
Mas, ao mesmo tempo,
Tudo o que Nele busquei
Foi possivelmente necessário
e como uma luva, me serviu ...
Tempo de espera, que foi
Tempo de agonia, que finda
Tempo de fuga, que era
Tempo de solidão, que se vai
Tempo de angústia, que encerra ...
Crescimento que veio
Esperança que renasce
Encontro que acontece
Calor que consola
Alegria que brota.
Lágrimas que já secaram
em cada anoitecer
Deserto solitário da vida,
de tempo variado:
ventos cortantes
chuva fria
inverno quente
verão gelado...
Perfume que se foi na brisa leve
Ora, não fixou na pele
E ... não se guardou na lembrança,
tão fraca sua essência
O toque esquecido, deixado,
não gravado no registro do tato
Abraço recusado
Beijo jamais dado ...
Fugi e me encontrei
Corri e me alcancei
Disfarcei e não me convenci
Chorei quando sorri
Sorri ao chorar
Gritei calado
Calei falando
Sonhei, mas não acreditei
Quis, mas não tive coragem
Pensei, mas não ousei ...
Esta prece que ressoa agora
no cômodo menos habitado de minh'alma
seja levada pelos anjos Divinos
O meu SIM será único,
Minhas forças se renovam nas alegrias,
mas principalmente, pelas quedas.
Gritarei, calarei, sonharei, acreditarei, ousarei ...
Jamais desistirei !!!
Pronto, como, para uma batalha
Apenas deixarei ouvir a Quem
devo esta revolução:
Meu Deus !
Eis-me aqui Senhor !!!"

Ailton Domingues de Oliveira

Traços de vida e de morte


"Nos vincos faciais,
Traços de tua experiência
Vida vivida, alegre e sofrida
Mãos que tremem, descompassadamente
Olhos fecundos, fundos, que molham de emoção
Emoção de ver a vitória sobre os teus
Exemplo deixado, plantado e regado
Fruto colhido, na vida um sentido
Dias que foram, menos virão
Traços marcantes, pulsantes, gritantes
Traços riscados, direcionados, guiados
No livre desejo de escolha
Da linha que imaginamos
Só podemos um fim esperar
Quanto à história da vida
Essa sim podemos traçar"

“Ao atender um senhor já de aparente idade avançada, comecei a notar em sua face as várias marcas deixadas pelo tempo, o cansaço e a própria vida. Diante de tanta simplicidade, busquei em seu olhar apenas a sabedoria exaltada em tanta humildade.”

Ailton Domingues de Oliveira

Teu olhar



"Teu olhar se perdeu
no infinito da estrada
à medida em que nos distanciávamos
Teu olhar de despedida,
nossos olhos marejados na emoção
da alegria do reencontro
à dor da ausente distância
Teu olhar cansado pelo tempo
foi além do que podia me ver
ultrapassou a matéria do corpo
e fincou na alma
no amor e na saudade
Teu olhar
Ah, teu olhar
marcou forte presença em minha vida
reatou laços
encurtou distâncias
foi além das fronteiras e barreiras
derrubou obstáculos, ora invisíveis
Teu olhar me abençoou
fez-me lembrar o quanto é bom ser filho
o quanto é bom ser de alguém
o quanto é bom ter raízes
Teu olhar, de pai, meu pai
me reencantou nessa volta
que a vida nos deu
tornou-me menino homem
dentro de um homem ainda menino
Teu olhar, simples presença viva em vida minha,
hoje ainda mais viva do que
outras que já vivemos em vida ...
Pai, meu pai
amigo meu
confidente e ausente
herói e bandido
sou seu fã infinito
onde quer que estejamos ...
Amo você !!!"
Ao meu pai, Derci Domingues de Oliveira.

Ailton Domingues de Oliveira