segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Então é Natal


Trago comigo lembranças...

Minha árvore já está montada.

Ela carrega nomes e saudades, sonhos e esperanças.

Foi construída com lembranças de pessoas queridas e amadas.

E são os enfeites recebidos que dão um ar especial.

Já tem um tempo que comecei a montá-la dessa forma. 

 

Trago comigo memórias...

Desde sempre admirava as árvores de Natal na casa dos meus amigos.

Na casa dos meus pais nunca teve. 

Porque talvez faltasse uma motivação.

No entanto eu e minha irmã sempre pensamos diferente. 

Hoje, capricharíamos nas nossas árvores.

Juntar os filhos, a família toda, montar e pendurar cada enfeite, cada lembrança, cada pedacinho de saudade, é uma arte, um sentimento de pertença também.

 

Trago comigo sentimentos mútuos de pessoas verdadeiras...

Amizades construídas e solidificadas no tempo.

Irmãos e irmãs que a vida e o tempo me deram.

Minha árvore têm histórias e, mais do que enfeites, tem carinho e reciprocidade.

Não é grande, mas aconchegante, abarrotada de detalhes e significados.

E somente quem é de verdade consegue sentir e compreender.

 

Trago comigo saudades...

A distância hoje está mais sofrida do que nunca.

Mas quando me deparo na beleza dos detalhes desta data e desta árvore, consigo sentir a presença de pessoas amadas.

Consigo também, imaginar o sorriso estampado no rosto de quem já partiu.

A data e o momento nos propiciam esse sentimento.

O coração aperta, as lembranças batem...

 

Trago comigo o tempo...

E nesse tempo eu escrevi nomes com tinta vermelho-sangue nas linhas da vida.

Nos caminhos que percorri, as vezes morri, mas também sobrevivi.

Em cada parada, cada estação uma memória a ser visitada.

E nesse tempo, luas e estrelas ressignificam a busca perfeita da sintonia do amor.

E nessa árvore, o que não falta é amor, é significado, é saudade...

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Desenhos e Psicologia


22 de novembro de 2021. Aula de Processos Psicológicos II com a professora Lia, UNITRI. A experiência do que é vivido dificilmente pode ser transmitido com a mesma intensidade para quem apenas vê de fora. Tal dinâmica vivenciada nessa aula trouxe-me à memória sentimentos, desejos, olhares e uma boa reflexão. 

Sob as orientações que a professora nos passou, desenhamos as primeiras coisas que vieram à nossa mente. Imaginação leve e solta, conforme o sentimento que permitíssemos fluir. Optei por não colorir à medida em que as imagens se teciam na minha cabeça. Cara informação no desenho é relevante, importante.

Começo pelo coração, símbolo do amor, de todos os amores, do que pulsa incansavelmente, do que acelera os batimentos e sofre segundo a poesia. Nele estão os nomes dos meus filhos Felipe e Joaquim, juntamente com uma flor que simboliza o amor por aqueles que já partiram e deixaram sementes, e também o amor da paixão. Ainda sobre meus filhos, me apego à música de Oswaldo Montenegro onde ele diz "porque metade de mim é amor e a outra também".

Os animais, um beija-flor e um elefante. Ambos são referências para meus filhos que são apaixonados por animais. A natureza com árvores e plantas que nos dá o sentimento de cuidado que devemos ter e assim repassar para os nossos filhos. O rio, que é travessia, que segue o fluxo entre margens, transpassando e contornando obstáculos, gerando vida por onde passa. A água que purifica, sacia a sede, nos lava e leva de nós o que não nos pertence mais.

A "casa da árvore" símbolo da infância, que é reconstruída para meus filhos e sobrinhos e nessa reconstrução é possível reviver sonhos e saudades. Casa da árvore é mais que uma brincadeira, é um projeto, e todo dia precisa ser olhada, observada, sonhada, e construída.

O sol que nos ilumina, nos traz a luz em raios de esperança de um novo tempo, com alegria, paz e amor. Sucesso é ter isso sempre presente na travessia.

 

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Aos mestres com carinho IV - Psico



E de repente um novo ciclo acontece. A travessia continua. E é no meio dela que a vida se tece e o que é bom se perpetua na história, na memória, no coração e na alma. E o que não nos serve e não agrega se desfaz pelo meio do caminho. A correnteza da vida se encarrega. É clichê mas também é fato que "a vida é feita de recomeços" e cá estamos nós fazendo e acontecendo, sonhando a realidade e realizando sonhos tecidos no auge da adolescência. Psicologia já é realidade na minha vida. 

Todo começo gera expectativas e receios também. Com certeza haverá superação de expectativas bem como frustrações ao decorrer de toda a jornada. E tudo poderá ser considerado como aprendizado e material para construções e desconstruções no futuro. Dependerá apenas da óptica, da sensibilidade para transformar, da paciência para lapidar e da vontade em melhorar. A imagem escolhida para este escrito tem tudo a ver com recomeço, esperança, novos olhares e possibilidades: despendurando as luvas, a bolsinha de canetas. 

Mais um clichê que "é o aluno quem faz a escola" também cai muito bem mas, vale ressaltar e dar ênfase que, entre as multiplicidade de personalidades profissionais que abordam sua disciplina de maneiras diversas e que, de certa forma, contribuem muito para o melhor desempenho do aluno, há algo a mais que eu diria que seria o diferencial.

Mas, antes de explicitar esse diferencial, vale considerar a empatia, a didática, o conhecimento que o profissional agrega, sua dinâmica, sua visão além da disciplina que permite ao aluno correlacionar vários saberes de outras ciências com a que ele ministra. Amor é a palavra mestra! Amor ao que se faz transforma a profissão e o profissional em si. Há uma energia que brota pela fala, pela emoção, pelo olhar de quem vive sua profissão não apenas como escolha e vocação, mas com um propósito muito além, o de possibilitar a transformação. E somente quem ama o que faz pode proporcionar isso, sendo luz, sendo caminho, e muitas vezes sendo companhia nessa longa travessia.

Quando optei por fazer Psicologia na Unitri, além da vontade imensa, do sonho da adolescência com essa profissão, do sentimento e da vocação que se materializam a cada dia e em cada aula participada até agora, preciso ressaltar a importância da pessoa que hoje está de Coordenadora desse curso: Marilane. Eu já disse isso pessoalmente a ela mas vale repetir: 90% da minha opção em ingressar na Unitri se deve ao fato de conhecer o trabalho dela desde outra instituição. Seu profissionalismo, sua dedicação ao que faz, sua competência e principalmente o amor envolvido é o que fazem toda a diferença e proporcionaram total segurança à minha escolha.

E assim, como sempre faço questão de lembrar dos "Bons Mestres" com muito carinho, desde a minha infância, das escolas que frequentei, das faculdades anteriores, quero eternizar aqui os novos profissionais por quem já carrego não apenas respeito e admiração, mas uma gama de saberes e novos olhares adquiridos através do que puderam propiciar e transmitir nessa nova etapa da minha vida. 

Então eu correlaciono esse início de um novo ciclo da seguinte forma: havia a minha vontade e o sonho e a dúvida de como realizar de uma forma que valesse a pena. Marilane foi o ponto fundamental para a minha escolha. Hoje, eu posso dizer que estou feliz, e me realizando em cada aula. Sei que o processo é longo, a travessia é árdua e repleta de obstáculos também, mas se antes havia uma motivação para entrar, hoje tenho várias para permanecer, e a principal se deve aos "Humanos Profissionais" que tive o prazer de encontrar: Prof.ª Lia, Profº Daniel e Profª Suziani. 

Professores, Mestres, Humanos, Profissionais... é divino poder falar do orgulho de tê-los em minha caminhada, como fonte de inspiração, como modelo de profissional e como exemplo de ser humano. Até aqui já valeu muito a pena! E com certeza levo um pouquinho de vocês para a minha vida e minha futura carreira. 

Todo encantamento precisa de um modelo inspirador. Lembro da minha professora do pré, D. Márcia, com muito carinho pela forma que tratava seus alunos. Lembro também da professora de Português e Literatura do antigo colegial, Ana Cristina, que me fez apaixonar pelo mundo literário, pela leitura, pela escrita perfeita, e assim me possibilitou um despertar pela arte de escrever. E agora, tenho vocês, que fazem parte da minha coleção de pessoas queridas e imortais. Obrigado Marilane, Lia, Daniel e Suziani. 

Tudo acontece num momento crucial da minha vida. Além da pandemia creio que cada pessoa têm suas próprias batalhas pessoais e suas guerras internas. Estou nesse barco também, enfrentado as marés, porém já não me sinto só. Creio que professores são heróis, mesmo sem saber. Eles têm poderes que desconhecem, mas quem é atingido reconhece o efeito desse poder. Assim que me sinto, recarregado de novas possibilidades, saberes e totalmente agradecido. Nesse mar furioso, eu já tenho mais controle do meu barco, vejo horizontes e terra firme, tenho esperança e me espelho em vocês.

Faço Psicologia em todos os sentidos possíveis, estudando, aprendendo, caminhando por onde a ciência já trouxe luzes, refazendo trajetos e redescobrindo possibilidades. Do mais, só posso dizer que estou feliz com essa escolha que me propiciou tantas descobertas.


"Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro!" - Belchior




" (...) Ó meu Pai, dá-me o direito
De dizer coisas sem sentido
De não ter que ser perfeito
Pretérito, sujeito, artigo definido

De me apaixonar todo dia
E ser mais jovem que meus filhos
De ir aprendendo com eles
A magia de nunca perder o brilho

Virar os dados do destino
De me contradizer, de não ter meta
Me reinventar, ser meu próprio deus
Viver menino, morrer poeta."

(Alma Nua - Vander Lee)

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Análise do filme "Vida Maria" de Márcio Ramos

 


Trabalho apresentado à disciplina de Psicologia Social para obtenção de notas parciais. 1º e 2º Períodos de Psicologia.

Professor: Daniel Vieira da Silva Brant

COGNIÇÃO E PERCEPÇÃO SOCIAL

O curta metragem “Vida Maria” transborda um misto de dura realidade, esperança, desgosto e sonho. No olhar puro da criança Maria o reflexo da esperança e o sonho ao escrever seu nome é nítido. A própria música tem um papel importante ao dar um tom diversificado entre o sonho e a realidade, a alegria e a tristeza.

A voz da mãe e sua atitude trazendo a criança de volta à realidade age não apenas como impedimento do sonho, mas uma espécie de desconstrução que se dá ainda na base, no alicerce, na infância. Um ciclo de vidas que basicamente tem a função de passar o bastão de geração em geração.

Quando Maria se torna moça e carrega um balde de água, para sob uma sombra de árvore e balança a cabeça em forma de negação, talvez aí, um desgosto pela rotina cíclica que não lhe permite mais sonhar com outras possibilidades. Um questionamento incutido no gesto e no olhar: “o que estou fazendo da minha vida”? Ela respira fundo e prossegue.

Antônio lhe arranca um ar diferente e um sorriso, o único momento que seu semblante se alegra, mas sua fisionomia vai mudando com o passar do tempo. Olhando para o céu infinito ela se vê cansada e desgastada. O olhar triste perdido no e pelo tempo, numa aparência sisuda com um certo ar de desgosto pela vida sofrida. Uma vida marcada desde o nascimento.

As mulheres estão fadadas a serem um tipo de engrenagem fixa nessa realidade apresentada pelo filme, enquanto que aos homens é permitido outras possibilidades. Eles vão e vêm, as “Marias” permanecem. “Maria”, em qualquer fase, revive o que suas antecessoras fizeram e viveram. O caderno é a prova de que todas sonharam, um verdadeiro ícone que atesta a ordem naturalmente cíclica da história narrada.

Sendo a Cognição Social um processo cognitivo, por meio do qual somos influenciados por tendenciosidades, esquemas sociais, heurísticas, podemos perceber que a criança Maria ao ser adentrada no ambiente que a rodeia, no caso o familiar, sofre estímulos que em nada lhe possibilita pensar diferente do que suas antecessoras fizeram e viveram.

Por mais que Maria, já moça, tenha noção do ambiente que a rodeia, do que pode e do que deve fazer dali por diante, por mais também que ela já consiga ter um autoconceito, infelizmente todo o meio não lhe permite quebrar o ciclo rotineiro e ela se torna esposa, dona de casa e mãe, não apenas vivendo o que sua mãe viveu, mas também apresentando e repetindo os mesmos comportamentos.

O filme em si é um recorte puro e profundo que ainda é realidade em muitos cantos do nosso país e do mundo. O processo de construção das “Marias” praticamente não existe. Nascem para serem mães e donas de casa, mantendo uma rotina marcada, de geração em geração.

A sociedade, neste recorte não lhe dá outras opções. O comportamento vai mudando desde o olhar da criança que sonha, cresce, se torna moça, se questiona, mas depois não vê alternativas e logo está cumprindo o papel que já fora de sua mãe. Não há uma empatia nas Marias enquanto mães. Não conseguiram quebrar esse ciclo e mudar, nem mesmo com pequenas atitudes de carinho. As relações são apenas de ordem e respeito.

Talvez, uma possível correlação com o poema “E agora, José?”, de Carlos Drummond de Andrade, nos faça refletir o filme numa óptica mais acentuada de questionamento e motivação: “E agora, Maria? E agora, Marias? E agora...?”


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O curta metragem “Vida Maria” nos possibilita a imersão numa realidade instalada em vários cantos do nosso país e, a partir daí, podemos destacar recortes importantes e analisar sob a óptica de vários construtos da Psicologia Social, conforme descrevemos nos subtítulos anteriores.

Este caso, retratado a partir de uma família habitante no grande sertão cearense, nos traz fortes referências de um modelo estrutural e seus modos de sobrevivência mergulhados num sistema arcaico de vida, que impossibilita quebrar o ciclo repetitivo.

Apesar de alguns psicólogos, como Jean Piaget (2019), “nos mostrar as possibilidades de um futuro construtivista, onde cada cidadão tem o direito de construir um futuro de acordo com sua vontade e se tornando assim um cidadão mais ativo para viver em sociedade”, o filme traz contrapontos fortemente destacados por apelos e tentativas frustradas que impossibilitam mudanças e até mesmo sonhos, tais como: desigualdade de direitos entre gêneros; tradicionalismo; modelo hierárquico patriarcal; submissão da mulher.

Além dos aspectos que fazem parte internamente do modelo familiar analisado no filme, destacamos também os fatores externos que contribuem para a continuidade dessa cultura enraizada e que dependem não apenas da vontade e necessidade de mudança de uma família e seus membros, mas de políticas públicas voltadas para questão em si. Dentre alguns fatores externos destacamos: traços da cultura e dos costumes de famílias pobres do nordeste brasileiro; descaso com a educação escolar; herança cultural; limitações econômicas e sociais; realidade de luta pela sobrevivência.

Dentre “direitos, sonhos e ativismo” já destacado em Piaget (2019), trazemos também Paulo Freire (1987) que em termos de lutas destaca a liberdade. Para tal liberdade, compreendemos que Freire aborda e instiga ao ativismo bem como à própria luta por direitos e a necessidade de sonhar, tendo a luta em comunhão como o melhor caminho para as mudanças necessárias:

A liberdade, que é uma conquista, e não uma doação, exige permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem faz. Ninguém tem liberdade para ser livre: pelo contrário, luta por ela porque precisamente não a tem. Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão. (FREIRE, 1987, p.39).

No presente artigo, desenvolveu-se a análise em diversos enfoques e construtos, conforme tudo o que foi estudado durante as aulas da disciplina de Psicologia Social, Profº Daniel, e também pesquisado individualmente. Cada subtítulo em si chegou a uma conclusão prévia a partir do construto ora abordado. Consideramos impossível esgotar o assunto diante do vasto campo que a Psicologia Social nos possibilita analisar. Portanto, não pretendemos esgotar o assunto mas buscamos meios que possibilitassem uma releitura do filme, da realidade e de mecanismos que viabilizassem novos olhares para as devidas e urgentes mudanças que se fazem necessárias em cada meio, em cada ambiente familiar, em cada sertão.


REFERÊNCIAS

ANDRADE, Carlos Drummond. E AGORA, JOSE. Youtube, 06 de dezembro de 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gqMqK6Supww> Acesso em: 25 out. 2021.

BOCK, Ana Mercês. FURTADO, Odair. TEIXEIRA, Maria de L. Trassi. Psicologias. 15ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

LANE, Silvia T. Maurer. Psicologia Social (O homem em movimento). São Paulo: Brasiliense, 1989.

______. O que é Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 2009. 

PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. 4ª Ed. São Paulo: Editora LTC, 2019.

RAMOS, Marcio. VIDA MARIA. Youtube. 2006. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=yFpoG_htum4&list=PLHlK9xRm3vMpvY0111es8j0xbNbW--GDS&index=8&t=341s> Acesso em: 10 out. 2021.


segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Jecalius Fimose Cefas Tóbas


Até hoje não tinha encontrado um nome que literalmente fizesse jus à pessoa, e vice-versa. J.F.C.T. foi uma criança que recebeu muitos palpites na formação de seu nome grande. Olha só o nome da criatura: Jecalius Fimose Cefas Tóbas! É aquele caso típico que, antes mesmo da criança nascer, a família toda já palpitou sobre o nome que ela deveria receber. Os pais, para não desagradar à torcida, acabaram adotando algumas sugestões.

Jecalius, foi sugerido pelo pai, que era fã do comediante americano de grande sucesso, Jerry Lius e também do brasileiro Mazzaropi no papel de Jeca tatu. Porém, esse Jecalius, na atualidade já crescido e casado, não passa de um comédia sem noção, tamanha as barbaridades proferidas. Não sabe fazer graça, mas acaba sendo engraçada a sua forma autoritária de julgar as pessoas quando essas não lhes dá atenção. 

Fimose, deve ter sido sugestão de algum tio que pensava que o carinha iria ser galanteador, e não um pé no saco. Nada de galanteador! Então sobrou a segunda opção. Insuportavelmente chato.

Cefas, a mãe acreditou que seu filho seria um homem sábio, não um bocó tapado que se acha o dono da verdade, detentor da moral, fiscal da fé alheia e sentenciador imediato que designa quem vai ou não para o inferno. Amadurecido, porém sem noção, tornou-se apreciador fiel de um matemático metido a teólogo, um tal de Felipe Aquino. 

Lembrei-me de uma conversa que tive com um cara arrogante que se achava o pilar moral da igreja de uma comunidade católica local. Ele até me questionou se eu iria mesmo queimar uns livros do tal Aquino, e eu disse que sim. Ele pediu os livros, mas acabei queimando para evitar a propagação desse tipo de ideologia ultra-conservadora que cega e dá voz a tipos como Cefas.

Tóbas, acho que deve ter sido o horóscopo que indicou, talvez o único que de fato tenha acertado a conexão nome-pessoa e pessoa-nome, que depois de crescido o cara se tornaria um verdadeiro canal de asneiras, de merda...

O cara chega a ameaçar com punição de "inferno" todo aquele que não segue as regras da igreja, segunda sua óptica e entendimento. Um verdadeiro boçal, ignorante, estúpido, cretino, hipócrita, inquisidor, fiscal da fé alheia. Isso que o cara não se toca que Jesus andava com os bêbados, ladrões e putas e que repugnava os charlatões, vendilhões, mestres da lei que se achavam os maiorais.

Jecalius, se liga seu chatão: "Preocupa-te com os teus próprios pecados, porque Deus não vai te perguntar pelos pecados dos outros" (São Vicente Ferrer). 

Qualquer semelhança com a realidade não é coincidência, é ficção real!

Efésios 4,11

Um dia desses uma pessoa tocou o interfone do meu trabalho. Pude ver pela câmera que era um rapaz, aparentemente de uns 35 anos de idade. Ele identificou-se como alguém que estava fazendo o trabalho espontâneo de levar mensagens bíblicas nas casas das pessoas e chegou a se intitular como um pregador da Palavra de Deus. Então, pediu-me 5 minutos para que pudesse falar pessoalmente comigo. 

Naquela hora não podia atendê-lo e expliquei a situação. O rapaz insistiu e eu expliquei novamente que não poderia mesmo. Então ele pediu-me para que lesse um trecho da Bíblia: Efésios 4,11. Eu respondi "tudo bem" e ele repetiu em alto e bom tom: "Efésios 4,11". Fiquei curioso e no mesmo instante acessei a internet (https://www.bibliaon.com/versiculo/efesios_4_11/)  para ler a mensagem: "E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, [...]"

Aí fiquei na dúvida de entender onde estaria a mensagem para a minha pessoa, para a minha reflexão, para o meu dia ou para a minha vida. Não havia nada de específico nesta passagem sugerida e isso me intrigou. Comecei a pensar na fala e no modo com que o rapaz se pronunciou no interfone. "Eu sou um pregador e venho trazer a palavra de Deus". 

Entendi que a passagem sugerida era algo que apenas justificava o fato dele estar ali fazendo essa espécie de "trabalho voluntário". Porém, alguém que quer fazer algo espontâneo não precisa se justificar, ainda mais com uma passagem específica da Bíblia. Considerando o momento atual em que vivemos, acredito que a mensagem que deveria ser levada às pessoas seria através de palavras de fé, otimismo e esperança, dentre outras. 

Posso estar fazendo um julgamento equivocado da situação, mas levando em conta o número excessivo de pessoas que usam da boa fé alheia para lhes roubar o tempo, o dinheiro e a própria alma, deixando-as não apenas alienadas às regras de determinadas instituições mas também psicologicamente dependentes de um certo tipo de submissão pseudorreligiosa, ando extremamente atento. 

Os espertos buscam presas fáceis à exploração mas, como eu já disse e repito, "posso estar equivocado na forma de pensar", porém nada me tira da cabeça que aquela abordagem era algo muito mais além de levar uma mensagem bíblica. No fundo me arrependi por não ter atendido, assim eu teria certeza sobre o que de fato o rapaz queria além de, de forma direta ou indireta, intitular-se como um designado segundo Efésios 4,11. Minha dúvida é: "Será um homem de Deus ou um bandido da Fé?"