quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

"E qual é o seu tipo de família?"


"... E qual é o seu tipo de família?" Do tipo UNIDA!

Família é um negócio engraçado, uma coisa esquisita, repleto de gente que pensa diferente. Ora diverge no geral, ora nos detalhes. Discute, briga, mas no final, na hora H, diante de cada batalha, torna-se um verdadeiro forte, um arsenal de estímulos e pensamentos positivos, uma máquina de guerra pra defender a sua honra e o seu legado. 

Essa é apenas uma parte da família... da minha família. Fugimos do padrão montado pela sociedade, principalmente da sociedade religiosa. E mesmo infringindo tais regras, posso dizer que desse jeito, desse modo, encontramos a nossa forma de conviver em harmonia, e assim sermos felizes em nosso meio. 

 

Da direita para a esquerda: minha mãe Claudete, meu filho Felipe, eu, meu pai Derci, meu irmão Gabriel e sua mãe Sueli, a esposa do meu pai. Há quem conteste ou questione tal façanha. "Como podem?" Simplesmente podemos e vivemos. E é isso o que importa.


A outra parte da família que tem sido braços, pernas, olhos e ouvidos: minha irmã Cinthia, meu filho Felipe, minha mãe Claudete, Henrique meu sobrinho, eu, minhas sobrinhas Manuella e Lara e Lucas meu cunhado.

Nossa origem é simples. Meus avós paternos e maternos eram pessoas da roça que migraram para a cidade. Humildes, respeitosos, sempre zelaram pelo nome. Sabiam que a honra e a dignidade estavam acima de qualquer coisa. E isso sempre foi algo passado de pais para filhos. Da mesma forma, sempre encaminhei tais direcionamentos ao meu filho mais velho. Espero que, da mesma forma consiga fazer para com meu pequeno.

Essa viagem foi no mínimo libertadora. Por vezes carregamos fardos desnecessários em nossa jornada. Mágoas de situações que não caberiam palavras nem explicações. Situações que fugiram totalmente do controle e que só o tempo para apaziguar o coração, sem a exigência de uma explicação. A resposta sempre vem na ordem natural do tempo certo.

A maturidade nos permitiu entender e compreender que, numa família, entre altos e baixos, alegrias e decepções, a única coisa que não pode e não deve ser prejudicada é a união. E isso nós entendemos nesse processo do tempo. 

Ela, a maturidade, também nos permitiu quebrar protocolos de distanciamentos gerados ao longo desse mesmo tempo. Dentre todos os momentos que passamos juntos nesse final de semana, ressalto o do diálogo e o da despedida. Determinados assuntos nos tiram do chão, nos jogam para além de nossa capacidade de compreensão e nos largam em queda livre com a realidade. De repente, nos vemos sem horizontes, e até sem esperança... 

Mas, como eu disse, família é um negócio também estranho, porque é nela que recomeçamos a nos reerguer das quedas. Mesmo sem poder mudar o cenário à nossa volta, é ela que continua nos amparando na dura caminhada diária. Pois, se sua família não estiver em sintonia com a necessidade, ninguém mais estará. 

Ainda sobre a maturidade, que vem chegando para todos no tempo certo de cada um, que nos permite olhar o passado, reconhecer o exageros e desentendimentos e, assim nos possibilita orgulharmos do que nos tornamos e do que aprendemos a respeitar, hoje é uma realidade a ser celebrada. A despedida aconteceu nesse tom... É esse aprendizado que nos alicerça no presente. E nesse momento, mesmo diante dos obstáculos, celebramos a nossa vida em família, a união, a esperança, a confiança mútua refletida no olhar de cada um. Mesmo que ainda existam divergências de ideias e pensamentos em nosso meio, se tem algo que nos une e fortalece é a dificuldade. Somos fortes na transparência, na honestidade, no caráter e por isso honramos o nosso nome, a nossa história e nosso sangue.

O diálogo nos reaproxima de tal forma, numa intimidade única que dispensa palavras e rodeios e nos coloca cara a cara com o que há de mais íntegro em cada um de nós. E nesse momento de surpresas, superação, dor e fé, nossos olhos se cruzam marejados de indignação com o que é cruel e, infelizmente, só nos resta esperar lutando. Já a despedida, num tom de profunda falta de palavras, nos deixa apenas com a linguagem do corpo. E, corpo e alma, só pedem aquele abraço acalentador regado à lágrimas e saudades.

Foi assim, meu pai, que segurando suas mãos e suas mãos apertando as minhas, alternando com um forte e demorado abraço, entre lágrimas e soluços, que mais uma vez reencontrei-me como filho, como pai e como um homem orgulhoso de suas raízes. Apesar de toda angústia do momento, a energia positiva foi captada por nossos corações. Em orações silenciosas e olhares profundos, nos despedimos mais uma vez... A distância é apenas geográfica. E cada reencontro nos permite reconhecer o quanto somos imperfeitos, o quanto nos precisamos e o quanto aprendemos uns com os outros. 

Trouxe comigo todo o seu apoio. E, a sua confiança demonstrada no olhar, foi o que me preencheu de força e coragem. Deixo minha eterna gratidão, por ser tão aberto, compreensivo, amoroso e acolhedor, não apenas comigo, mas para com meus meninos, os seus netos, principalmente. E estendo meus agradecimentos à Sueli e ao Gabriel pela acolhida, pelo carinho e respeito. Em breve celebraremos a vitória e a vida renascida das cinzas. Esse deserto de lágrimas não é eterno. E são com essas lágrimas que lavaremos nossa alma...