quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Receptividade e Interatividade


Quando comecei a escrever tinha vergonha de expor meus pensamentos. Eram repletos de erros gramaticais graves. O sentimento, por vezes, ficava perdido no meio das contradições inocentes acometidas pela inexperiência. Ainda assim, ousava partilhar com os mais próximos. Minha professora de Português do colegial, Ana Cristina, foi uma das primeiras a ler e incentivar.

Tudo era guardado em agendas que eu mesmo criava. Não gostava de nada pronto. Foram inúmeros os momentos que sentia aquela vontade de explodir em escritas e me faltavam palavras. Outras vezes acordava de um sonho na madrugada e anotava no meu caderno aqueles pensamentos desordenados para compor algo no dia seguinte. Se isso é loucura, era um louco feliz. Na verdade, sou!

Passado algum tempo, deixei as agendas artesanais, que duraram até o ano 1999, e entrei num período de abstinência da escrita quando, em 2000, parti para a capital paulista. Foram longos dez anos de deserto sem nenhuma referência escritológica, nenhum devaneio, nenhum pensamento na madrugada. Uma vida sem poesia não é vida. Em 2009, já em Uberlândia (MG), reencontrei-me. Passei a anotar em cadernos e foi neste mesmo ano que criei o blog "Escritos: cantos & encantos da vida", que posteriormente se chamaria "Escritos em tempos" permanecendo até hoje.

Conheci muitos blogueiros profissionais. Verdadeiros artistas das escritas. Aproximei-me de alguns e distanciei-me de outros. A interação entre escritor e leitor é essencial. Percebi isso quando alguns amigos próximos passaram a comentar o seu sentimento diante das minhas escritas. Em algumas situações eu nem tinha muito o que responder, uma vez que a partilha que me retornava tinha muito mais significado e emoção do que as minhas próprias linhas. Essa interação é fantástica pois permite a quem escreve conhecer-se pelos olhares de fora.

Dos pensadores que me distanciei encontrei essa lacuna, ou melhor, essa inacessibilidade. Há momentos que o contato direto se faz necessário para ambos, mas, nem todos tem paciência e humildade para as retóricas, ou não querem perder o tempo lendo opiniões sobre suas obras.

Percebi essa necessidade de interação quando os primeiros comentários surgiram sobre os meus escritos. Alguns mais próximos conversavam diretamente comigo. Hoje, as redes sociais, os emails, o próprio blog e outros aplicativos da modernidade proporcionam essa aproximação e diálogo. Há quem eu nunca tenha tido uma única conversa e mesmo assim fez questão de deixar um recado sobre determinado texto.

Sendo assim não poderia jamais deixar de ser receptível. Esse é o meu respeito e agradecimento para quem gastou um pouquinho de seu tempo a navegar nas águas dessas linhas e entrelinhas. 

Hoje a poesia pairou


Hoje a poesia pairou
Chegou pelo doce olhar da menina
Doce alma que peleja no deserto
Vagueando pelas ruelas de seu pensamento
Encontrou um atalho para o mar da vida
No reflexo das águas reencontrou-se
As ondas dançaram em sua homenagem
A brisa bateu-lhe em cortejo
O deserto sorriu em flores
O sol dançou para a lua
Sob o som das estrelas
O sonho tão sonhado acordou
E sua alma respirou o mundo

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Meus avós e eu

 

Não há como imaginar uma vida sem ter tido a presença dos meus avôs e avós. Cada um com sua particularidade, sua simplicidade e um jeitinho único de demonstrar amor sem precisar dizer uma só palavra. 

Não sei se tenho muita coisa pra passar adiante mas posso garantir que tenho histórias repletas de saudade pra contar. Causos que ouvi e lições que aprendi através do amor que recebi de cada um deles. 

Como dizem, e é bem verdade, tenho a impressão de que eles já nasceram assim, grandes, adultos. A resposta sempre calma para qualquer situação é algo que somente alguém com tamanha sabedoria é capaz de dar. 

Meus avós e eu sempre tivemos uma relação estreita de carinho e entendimento. Em vários momentos, desde que partiram, coloquei-me a pensar sobre como seria viver o hoje com a presença de cada um deles. Apenas me encho de saudade, alegria e orgulho... e no silêncio abraço a cada um...

Posso até imaginar como seriam os encontros de finais de semana, as festas, os aniversários, os nascimentos, os bisnetos correndo pela casa... Só amor, eu posso sentir.

E é esse amor que me alicerçou para a vida. Um sentimento admirável e inigualável. Assim, para os meus dias de solidão, desesperança e também de vitória, tento encontrar no tempo e na saudade aquelas vozes que sempre ecoaram em meus ouvidos. 

Que um dia possamos nos reencontrar na eternidade...

In Memorian:

Joaquim Rosa da Silva
Iolanda Fabrício Rosa

Benedito José de Oliveira
Maria Aparecida de Oliveira


Escrever-se


Existem três tópicos neste blog que perpetuarão nas minhas escritas. Sei que surgiram a partir de uma determinada situação vivenciada, presenciada e pensada. Cada texto de cada um dos tópicos tem sua particularidade e se torna parte independente dentro do bloco que os adjetiva. Máscaras Maquiadas e Guerra dos Mundos são constituídos de histórias que não se relacionam entre si e Cartas (do calabouço e para o calabouço) é uma troca de correspondências que cabe ao leitor posicionar-se de um lado, de outro ou ainda como expectador somente.

Não é meu feitio explicar o que cada escrito me representa e nem o que eu quis dizer com determinada citação. Óbvio que a escrita tem muito de seu criador, assim como acontece na pintura, na música e em outras artes. E quem entra em contato com a obra, por vezes, consegue uma terceira visão que mesmo quem pensou não conseguiu enxergar. Esse é um elo que coloca autor e leitor em sintonia. Essa é a magia que dispensa explicações. Basta ter sentimentos.

Máscaras Maquiadas surgiu a partir de um cartaz que anunciava um estrondoso evento para o público adolescente e jovem. Um palhaço com ar satânico dava a dimensão do que poderia acontecer no recinto durante os três dias de pura adrenalina e prazer. Era uma festa rave. Pra quem não conhece, sugiro uma rápida busca no google. Já escrevi cinco textos que entram nessa linhagem onde os principais ingredientes que inspiraram a criação foram falsidade, heresia, hipocrisia e ironia.

Guerra dos Mundos surgiu a partir de um contexto pessoal. As perguntas e respostas que só cabem a nós mesmos fazer e responder foram o combustível inicial. Ao total somam-se sete textos que colocam em confronto mundos opostos, seja no campo social, espiritual, material ou metafísico. São histórias que surgem a partir de um contexto de luta, inquietude e esperança.

Por último surgiram as Cartas - do calabouço e para o calabouço, que entre as trocas de confidências foram oito momentos. Essas porém são subjetivas e não cabe explicação mais detalhada. Posso adiantar que é um diálogo rico em experiências e novamente caberá aos olhos de quem ousar sentir.

Esses três blocos estão sempre presentes no cotidiano. Passamos por situações parecidas com o que está descrito mas não pensamos nisso. O que me propus foi apenas escrever de acordo com o sentido que me fez atentar para o fato. E quem escreve, escreve-se, liberta-se, aventura-se e irrompe de si mesmo. Portanto, como já dito acima, em cada linha, em cada verso, o sentimento corre solto.

Na coluna da direita deste blog encontram-se os três tópicos na Classificação. Arrisque-se!

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Precisa-se: pregadô e cantô



Domingo. Dia em que acontece as mais variadas celebrações religiosas nos infinitos templos que se instauram da noite para o dia. Templos estes que vão desde os casebres mais modestos aos magnânimos palácios repletos de adornos. 

E foi exatamente no dia 22/11/15, que ao passar perto de um desses, escutei a seguinte pregadura, pela voz de um pastor, creio eu: "Precisamos de bom pregadô, de bom cantô (...)". Óbvio que é uma frase dita dentro de um determinado contexto ao qual não tenho conhecimento por completo. Como se diz, peguei o rabo da conversa

Nem sei na verdade o que de fato comentar sobre. Me esforço para ampliar os horizontes dessa frase e assim tentar entender a cabecinha do homem que verbalizava na tribuna. Em vão. Havia eloquência na pronúncia, tipo aquela que se vê e escuta nos shows milagreiros de fé. Nenhuma novidade nisso, uma vez que a maioria das denominações cristãs tem em seu portfólio o mesmo discurso, as mesmas práticas, os mesmos produtos que ao final ultrapassam o absurdo. Um absurdo sem a devida Graça. Apenas... show, onde a fé é o produto, os fiéis são os clientes, e quem não conhece que compre! 

Quem estiver qualificado para essas vagas de pregadô e cantô enviar curriculum vitae ou comparecer pessoalmente no local mais próximo de sua residência. 

A gente perde o amigo mas num perde o comentário. Améimmmm?!?!?



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

"Eu me recebo muito mais do que me faço"


Um reencontro com o que há de mais profundo, íntimo, sacramentado e desconhecido, eis a tarefa mística do ser humano ao dar-se conta da necessidade quase lógica de que somente em si terá, não só respostas para as questões mais incertas e descabidas, mas como também a luz na medida necessária para o caminho proposto a seguir. 

As experiências nos possibilitam uma avaliação cada vez mais apurada da trajetória e um olhar mais criterioso e destemido do horizonte. Desnudar-se das roupagens e embrenhar-se na natureza interior, sem temer riscos, intempéries e verdades não ditas é sinal de amadurecimento. Compreender que o sagrado e o profano, inerentes ao ser individual, é muito mais humano que sobrenatural e apocalíptico também faz parte das dádivas adquiridas pelos longos tempos idos.

Destorpecer. Desintoxicar. Destemer. Desamarrar. São inúmeras as palavras que me evocam a libertação e me refrescam com a sensação de liberdade. O que diferencia entre uns e outros é a coragem de ousar conhecer além do que os olhos veem. Há quem desteme os riscos do novo e há os que optam por não cortar cordões umbilicais.

Ninguém encontra a si se não se romper. Rompimento gera desconforto, dor, questionamento, dúvida, falta de sentido, mas é tudo passageiro quando a busca não se finda nesses sintomas. O que vem depois dos movimentos de agitadas águas de mares desconhecidos são novas paisagens, maresias, e infinitas possibilidades de novos frutos, saberes, autoconhecimento.

Na rota das passividades, seja de crescimento ou de diminuição, conforme ressignifica Teilhard Chardin, não há como escolher e santificar uma em detrimento de outra. Ambas participam do imenso universo desconhecido de cada ser. Uma mera semelhança entre causa e efeito ou também um equilíbrio natural entre as forças que atuam em nós, conforme a filosofia chinesa bem explica no Yin Yang: energias opostas, positivo e negativo. Resta a cada um buscar-se. Do mais, "Deus seja louvado"!

Escrito apresentado na disciplina de Teologia Sistemática V: Pneumatologia e Escatologia, 5º período de Teologia - FCU - Ailton Domingues de Oliveira - 19/11/15.

"Eduque seus olhos para ver" - Por Gilson Rocha


A vida humana é marcada pelas intempéries das relações de alteridade, e a decadência se evidencia na finitude de nossa existência. Nisso, Deus nos educa e se desvela, VENDO para que nós possamos VER. 

No que a opaca ciência só visualiza um vulto de decadência, o exemplo chardiano de Jó – por seus olhos astutos -, enxerga resquícios de evolução. Isso mesmo: um paradoxo! Mas um paradoxo que é claro em o “Meio Divino”. 

Trata-se tão somente do esvaziar-se de nós mesmos para aproximarmo-nos do divino: é como a criança que precisa necessariamente cair para aprender a andar, e o incauto que plasma algo novo. 

Portanto, a partir dessa perspectiva trazida por Chardin, é imprescindível que o “ver” seja mais do que o simples “olhar”. E nesse processo de educação dos olhos, consideremos o deixar-se educar por Deus: esse Deus que muito mais oferece que espera.

Escrito apresentado pelo amigo Gilson Rocha, aluno do 5º período de Teologia - FCU, na disciplina de Teologia Sistemática V: Pneumatologia e Escatologia




"Eu me recebo muito mais do que me faço" - Por Ricardo Albenes


Com o passar do tempo temos a ilusão de que as coisas se tornam mais claras, ledo engano. Na verdade, a cada passo que damos estamos envoltos numa sombra. Contudo, ela não é o mal em si, mas pode se tornar, caso o homem não enfrente os seus medos e tenha a coragem de ampliar o horizonte para toda forma de representação divina.

Faz-se necessário uma reeducação dos olhos, dos ouvidos e porque não de todo o ser. É uma busca contínua, que faz parte do nosso processo de evolução. Mas, se há um fechamento ao reino das possibilidades e não existe um princípio investigativo sobre o ser, pode-se determinar que este homem está caminhando na contramão da obra criativa.

Talvez seja uma questão de ousadia, pois não é fácil abrir-se a si mesmo. Pois a cada passo dado rumo ao interior de si mesmo, o homem acaba por encontrar e revirar antigas memórias e velhos pesadelos. Porém, no transcurso da vida, o homem é convidado a realizar algo pelo outro. Em algumas situações ele pode receber mais do que doar. E é neste momento que serão refletidas as decisões e escolhas do passado e elas serão responsáveis por delinear o movimento que este ser teve ou não no processo de evolução.

Desse modo, antes de abrir-se ao mundo e às realizações, se faz necessário quebrar paradigmas; reencontrar-se. É preciso coragem no sentido de esvaziar-se e deixar o Sagrado preenchê-lo: divinizar e perceber o Meio Divino.

Em Cristo,
Ricardo Albenes

Uberlândia, 19/11/15 

Escrito apresentado pelo amigo Ricardo Albenes, aluno do 5º período de Teologia - FCU, na disciplina de Teologia Sistemática V: Pneumatologia e Escatologia




terça-feira, 17 de novembro de 2015

Águas profundas

 

Ousar.
É um risco.
Fincar os pés na areia e não partir também é.
Manter-se firme no reduto conhecido, por medo das ondas, é uma opção.

As águas são perigosas mas, também, são apaixonantes, viciantes.
Somente através delas se pode conhecer outras terras, outros céus, outros saberes.
Porém se, por medo dos riscos, não se ousar, a sentença é morrer intacto.
Intacto na inexperiência, no saber restrito, no sonho não contemplado.

Há quem consiga apenas molhar os pés nas águas, mas quando a onda vem mais forte, afasta-se.
Há quem tente ir mais além e ao se dar conta da distância da terra firme, o desespero o sucumbe a voltar.

Há então os que se lançam em águas mais profundas, superam as ondas, conhecem outros mares, outros ares, outros saberes, novos recantos.
Estes não se cansam das águas, nem do tempo e das dificuldades, uma vez que o que se adquire quando se lançam são, no mínimo, uma experiência e um conhecimento novos.

A dificuldade encontrada por quem não se permite experimentar novos saberes, nem ao menos se quer conhecê-los, se dá pela diretriz incorporada de que não existe nenhuma outra verdade que aquela que adotou para si.

Lançar-se em outras águas não significa negar sua origem ou abominar o que lhe incutiram.
Ao contrário, é dar-se a oportunidade de agregar outros conhecimentos e experimentar outras fontes.
Fundamentar-se em seu reduto consagrando-o como único viés plausível e capaz e desprezar o que não se conhece, é prática fadada ao ócio por medo.

Ninguém se constrói sozinho.
Arriscar é preciso.
Ousar, mais ainda.


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Os imigrantes e o menino poeta


Duas histórias distintas através de um único olhar sobre a vida dos que carregam em si a esperança. Histórias que nunca se cruzaram. Vidas que não se conheceram. Enredo que se tece apenas nos detalhes do coração e que somente a nudez do olhar é capaz de absorver.

Nos arredores da minha rua existem pessoas que vieram de outros lugares. Com certeza são de outro país. Continente, talvez. Imigrantes, é isso! Ressoam uma conversa que não se entende por quem passa perto. Ninguém se aproxima deles. São estranhos. São diferentes. Falam meio gritado. Vivem entre si e isolados do resto do mundo. Creio, são obrigados a se firmarem nessa terra que escolheram para desbravar. São felizes, eu vejo. São tristes, eu percebo. Sinto. Conversam apenas entre os seus. Tenho vontade de ir lá. Meu receio não permite. Então eu escrevo de forma orante. Uma escrita simples e que só cabe a mim e Deus entender.

Tento imaginar o que os fez chegarem nessas terras. Guerras em seu país natal? Massacres, fome, miséria? Como saíram? Como chegaram? Do que vieram? Passaram fome, tiveram medo, foram explorados nessa travessia? A quem deixaram? O que buscam? Queria saber de suas vidas, sua fé, familiares deixados em outro canto do mundo. Queria saber o que esperam daqui. Eu sei que esperam. Carregam em si uma única força que os motiva: a esperança. Tive vontade de aproximar. Mas até o momento essa vontade ficou na inércia da não-ação. 

E dessa força que nos motiva a prosseguir, alimentada pela fé e pelo sonho, eu encontro a esperança. Morrer é um dilema para quem está vivo mas nem todo homem ou mulher vivos conseguem viver. Esses que trazem a insignia da esperança em seus olhares, já são gente libertada e que vive a vida a cada dia. 

Outro dia deparei-me com um menino, adolescente de uns quinze anos de idade, que pensa grande com coisas pequenas. Ele já trabalha duro. Tem traços de homem responsável e sonhador. Tem a arte em seu olhar. Sonha o sonho do poeta com sensibilidade. É diferenciado na prosa. Gosta dos versos e das boas músicas. Pasmei durante a conversa que tivemos ao enxergar tamanha coragem num garoto de pouca idade. É quase um achado para os padrões atuais. 

Primeiramente o adolescente interessou-se pela conversa que eu tinha com outra pessoa, sobre livro de poesia. Começou a perguntar educadamente sobre os meus escritos. Depois abriu-se e disse que também gostava de escrever e de ler. Sua preferência: literatura barroca. O espanto foi grande! Contou-me também, nos minutos que teve ali, sobre sua paixão pela música e os instrumentos que toca. É um garoto diferenciado, sem dúvida alguma, e carregado de esperança. Da minha parte apenas disse que não deve desperdiçar os pensamentos e ao contrário, organizá-los num caderno. Foi assim que eu comecei até chegar ao blog.

Daqui do meu lugar, ou do não-lugar, encontrei em comum no olhar de cada um dos personagens dessa história a certeza da esperança. A gana pelo desbravar de outros mundos, por vezes tão próximos e sem fronteiras, por outras tão guerreados pelas estradas desconhecidas em que se põem a caminhar, essa, é força contida e gritada por gente que ainda tem um pouco de humanidade em seu ser e seu olhar. A esperança assim, não é mérito de poucos abastados. Ela é fruto nascido no coração de poucos e que se expande de tal forma a quem ainda consegue enxergar. Sou imigrante, sou menino poeta, tenho esperança e teimo em viver.

Morando no mundo


Resolvi morar no mundo. O mundo é meu, é nosso. Ninguém manda nessa bagaça. Ninguém é dono de nada. Tu não manda em terra alguma, sinsinhô! As invenções são sempre a partir deste lugar que era vazio. Se do vazio tudo se criou, quem criou o tudo é dono do vazio. Logo, o tudo deste mundo já tinha dono, que não sou eu, nem tu, nem vós: imigrantes, poetas, trambiqueiros e biscates. Vou morar no mundo, se não for nas terras deste lugar, que seja no intransponível horizonte do pensar, o meu não-lugar.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

E o Princípio da Igualdade... Merda nenhuma!


As regras sociais só servem para os que estão inseridos na sociedade. Quem vive à margem depende de suas próprias regras e meios para sobrevivência, uma vez que a inserção no rol dos protegidos pela lei é meta inalcançável. O Princípio da Igualdade (Art. 5º da CF) é lindo de se ler. Uma verdadeira poesia utópica. Outra vez recaímos sobre as nuances esquizofrênicas dos oradores de tribunas ornados com seus tapa-burros: querem fazer todas as classes e sem-classes caber dentro do mesmo saco. Ignorância ou hipocrisia?

A necessidade do romper-se


Falar sempre e somente através de uma única óptica é discurso fadado de simplismo, romantismo, ingenuidade ou, talvez, ignorância. Por parte de alguns o tom é regado de hipocrisia mesmo. Romper-se do lugar onde se espreita é necessidade básica para uma visão mais ampla e dinâmica sobre o mesmo enfoque. O entrave está no compreender e aceitar essa necessidade do romper-se. Sair da passividade do conforto é diferente de simplesmente discursar. Colocar-se à caminho dispensa falácias.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Na presença do vazio



E assim, a balança dos medos se equilibra
Entre os pesos do ir e do ficar
Permanecer ou arriscar
Solidão a sós ou em nós
E me descubro em cada vez
Na presença do vazio que traz a coragem
De ser e de estar, sem talvez
Que a felicidade não está além
Nem nos braços de outrem
Ela é uma menina contida que visita
Faz de sua presença no tempo mais bonita
E a saudade?! Ah! Não será desnudada
Por mais insana e desvairada
Será apenas imortalizada 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Aclamados pela força...


E no decorrer dos livros fomos desvendando o que já era de fato esperado. Muitos nomes conclamados "santos" foram frutos de manobra política, social e principalmente religiosa, ou seja, forjados. Entre trigos e joios o balaio contempla a todos. 

Nome como Dom Oscar Romero, por exemplo, Bispo salvadorenho assassinado durante homilia, que lutava pelas minorias, permaneceu décadas no anonimato. Francisco derrubou os entraves políticos das vias santificadoras para que o verdadeiro reconhecimento fosse de fato realizado.

Sem sentido, burrice ou hipocrisia?


Os tradicionalistas criticam o modernismo mas usufruem das tecnologias. Ninguém ousa ir de charrete ao shopping. (Ypokrisía)

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A montanha


Quem simplesmente chegou ao cume da montanha, sem ter tido a experiência da subida, com os obstáculos que ela ofereceu pelo caminho, o cansaço dos dias e as intempéries do tempo, não saberá jamais qual é a sensação e o sabor da conquista. O desfrutar está nessa travessia, o topo é apenas uma meta.


Blindagens ou crises?


Quem viveu a se blindar, na tentativa de evitar qualquer tipo de crise, nunca passará pelo experiência do retorno e do reerguimento. Considero-a como um abalo às estruturas e é a partir deste que o novo renasce. É preciso também, extrair do momento em questão, respostas para um novo pensar. Por vezes, com a estrutura blindada, nunca percebemos os detalhes de nossa autoconstrução, das mãos que nos auxiliaram até aqui e dos pensamentos que carregamos apenas por herança. Noutras vezes porém, a blindagem era apenas uma venda nos olhos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Vida pra se viver


Passamos uma vida buscando entender o sentido da vida e quando já caminhamos bastante ou nos aproximamos do fim compreendemos que o sentido da vida era apenas vivê-la.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Inhas & Rinhas - Eiros & Ismos


Talibãs e chefes de guerra apedrejam mulher por adultério no Afeganistão. (Fonte: G1 em 03/11/15)

E, enquanto isso no Brasil a bancada religiosa, que ostenta moralismo na câmara dos deputados, vai criando "inhas & rinhas - eiros & ismos", afirmando por exemplo quem é família e quem não o é. A dignidade da pessoa humana, segundo a mente podre da bancada infernal, só é válida se atender aos requisitos por ela impostos. Não demora muito para os açoites, apedrejamentos e enforcamento em praça pública entrarem no rol das penalidades verde-amarelas. Apesar que, de certa forma, isso já acontece pelas vias clandestinas. A menina que levou uma pedrada na cabeça, quando saiu do Candomblé, que o diga!

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Encontros familiares



Dois grandes momentos de encontros familiares: casamento e velório. Em ambos a promessa comovente e inconsciente de que tudo será diferente. Pelo menos até o próximo encontro, quando as promessas se renovam...