quinta-feira, 28 de junho de 2012

Onde eu vejo Deus.

Eu O vejo no tiozinho da cadeira de rodas que fica na rua, solitário
Que não tem com quem falar nem desabafar sua solidão
Que não tem com quem prosear, contar causos
Eu sinto então, que Deus me belisca, me chacoalha
Me incomoda ao ponto de aproximar-me... de alguma forma...

Eu O vejo naquele rapaz, andarilho, sujismundo
Que um dia parou na frente do restaurante e a dona logo exclamou:
"Dá um prato de comida pra essa carniça sair logo da minha porta!"
Faltou pouco pra eu sair primeiro...
Um outro homem, simples e de boa aparência pagou a marmita do pobre excluído...
ELE, me incomoda ao ponto de me fazer sentir tanto, que apenas peço coragem, nada mais...

Eu O vejo também, naquele trabalhador que adentrou a igreja,
Que por hora estava bêbado, trêbado ou mais...
Que cantava desafinado durante o ensaio de músicas...
Que chorou por não saber ler nem escrever...
ELE, me mostra, e com isso me causa incômodo, e já não descanso mais...
Esses pensamentos me torturam de forma agradável
E SUA voz ressoa no pé do ouvido: Vai e faça!

Eu O vejo naquele senhor cego
Que sentado no degrau do barracão que agora é sua casa
Mexe a cabeça tentando acompanhar o barulho ao seu redor
Pra saber quem vai e quem vem
ELE, mais uma vez, consegue prender minha atenção
Mostrando que eu só preciso sentar e dizer "oi"...

Eu O vejo naqueles meninos, crianças, drogados
Sem noção de tempo e espaço que
Correm atrás de migalhas para suprir seu vício e se manter no esquema
ELE, sempre ELE, meu Deus, aponta meus olhos naquela direção
E me diz: "E agora? Você Me pede a felicidade e EU te mostro o caminho! Vem e Segue-me!"

Senhor, Teu amor faz doer
E essa dor me faz crescer
Teu amor me faz caminhar
Neste caminho que leva ao mar
Teu amor me faz enxergar
E eu Te encontro nos olhos de cada um
E reencontro assim
O sentido extremo da vida...
Sim, eu digo Sim!

Ailton Domingues de Oliveira
28/06/12

"Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia."

Temos sempre a impressão de que se o passado voltasse traria junto de si aquela felicidade que um dia desfrutamos em determinado momento ao lado de pessoas que nos marcaram profundamente. Caso fosse possível, seria interessante haver a possibilidade de escolher qual momento e quem deveria voltar, pois o pacote completo seria arriscado demais. De repente, poderia ressurgir desagrados bem enterrados.

Muita gente vive apenas de lembranças. Perderam sua motivação para o presente. Enjaularam-se nas janelas do tempo passado. O futuro não importa quase nada. Alto risco de não ver a vida passar. Pior! Perigo extremo de passar os dias desapercebido de si mesmo.

Por outro lado, quando o pensamento de regressar pelo túnel do tempo nos assola ainda mantemos uma afirmativa para o momento presente. Voltaria no passado para poder viver melhor o que não pude fazê-lo no tempo certo mas também não queria perder o que existe de bom no atual momento. Complexo.

Se... se eu pudesse, voltaria pra ficar mais perto dos meus avós, da minha família. Estaria mais ao lado do meu pai e da minha mãe... Menos vacilos. Mais coerências e certezas. Mas... jamais abriria mão de ter o meu filho, em qualquer hipótese!

Como não existe um link ou um túnel do tempo entre o presente e o passado, a não ser pelas lembranças que ficaram registradas no coração, viver a vida em sua magnitude é a única condição real de não tornar o momento presente uma cela amargurada daquilo que não foi consolidado no tempo escoado, ou seja, aquilo que não foi vivido em sua íntegra.

A vida... nada mais é que a busca pelo sentido extremo da existência. Ser, estar, fazer, permanecer, ficar, andar... O sentido despertado em cada um varia de "a" a "z", do zero ao infinito. Da sabedoria à riqueza, das plantas aos elementos da natureza, dos animais à saúde, cada um se adeqüa ao que melhor lhe convém. Uns dão a vida por uma causa. Outros a tiram por migalhas. E assim se constroem homens e mulheres de valor ou de terror.

"Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia." Nada!...

"Que o momento no tempo escoado
Seja lembrança viva na vida presente
Angustiado ou libertado
Que sirva para fazer melhor no tempo que ainda resta
Seja vida em prol da vida
Da vida que já foi ferida
Que seja vivida e pra sempre florida
Na porção que ainda me resta
O que foi não volta
Mas, o que que virá
Só depende do que agora é:
Vida, simplesmente, viva..."


Ailton Domingues de Oliveira
28/06/12

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Comentários - Mateus 7,1-5

O Evangelho de hoje – Mateus 7,1-5 – é algo muito interessante, uma lição que serve para nortear a caminhada, principalmente para nós Cristão Católicos que, inseridos na Igreja e na comunidade e mergulhados nos diversos trabalhos pastorais, sempre nos deparamos com a hipocrisia. Tomemos o cuidado para que, com nossos pensamentos e atitudes, não nos sintamos "os donos da verdade" e assim acabamos por considerar como único o caminho que escolhemos para servir a Cristo e seu Reino.

Respeitar os diversos é se unir em Cristo, nossa causa maior. Não importa por qual caminho chegamos até a Cruz. Cada um vem de um lado. Cada um se apaixonou por Cristo e sua causa de forma diferente. Uns vêm pelo amor, outros pela dor. Alguns vêm da lama, outros trocam a luxúria para servi-Lô. Enfim, são vários caminhos que chegam ao mesmo destino: "Jesus Cristo, um revolucionário, destemido e sofrido que não se calou."

"Deixo de ser hipócrita quando paro de me preocupar com quem escolheu servir a Deus de forma diferente da minha."

Ailton Domingues de Olvieira
25/06/12

Comentários - Mateus 6,5

"Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-a."

‎"Engraçado!
Domingo tinha uma turminha de pé na praça
Fazendo graça
E no auto-falante gritando
Umas coisas que a gente não entende...
Um homem de terno e gravata
Por mais meia dúzia de gente granfina,
Estava bem cercado ou talvez escoltado!
Não entendia aquela língua,
Na verdade má-le-má o português!!!
Engraçado!
Acho que na Bílbia deles este versículo acima foi abolido!
Cruizicredo!!!
Quando eles falavam umas coisas enroladas
E logo depois gritavam: 'SAI DAQUI DÊMO!!!'
Muita gente ao redor olhava assustada!
Acho que não tiveram muito êxito
Em seu objetivo que nem sei qual era
Os 'éramos seis' permaneceram até o final
Firmes e fortes. E só!
Oh coitado do engraçado!!!"

Ailton Domingues de Oliveira
20/06/12

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Há muito por se lutar!


Dias atrás, num dos ensaios de música com um grupo de adolescentes, adentra a igreja um homem em seu traje de trabalho. Cambaleante, um pouco sujo e com escoriações, fruto de quem aparentemente levara um tombo, e, notoriamente bêbado.

Em seus vários passos dentro da igreja, em seus diversos movimentos desordenados à se mostrar em oração íntima com Deus, num determinado momento pôs se a cantar e de certa forma a interferir naquele ensaio.

Não restando outra alternativa dirigi-me até este senhor e ofereci que se assentasse num dos bancos e ouvisse as músicas e prestasse atenção no sentido de cada uma. Ele se aquietou por alguns minutos e logo em seguida foi próximo à nós. Em meio a lágrimas ele disse que gostaria muito de saber ler para assim ler e entender a Bílbia, a Palavra de Deus.

Passaram-se dias e a imagem daquele homem perturbado por alguma situação alheia à sua vontade que, refugiou-se naquele momento na bebida, dizendo a quem quisesse e pudesse ouvir que gostaria muito de saber ler, ainda não saiu da minha mente.

Quantos desses existem por aí? Quantas pessoas que gostariam de viajar no mundo das leituras, aventurar-se na arte de ler e entender, que sobrevivem às escondidas e a maioria morrem sem ao menos saber escrever seu próprio nome?

Por hora bateu aquela ânsia de acolhê-lo ao ponto de segurar sua mão e ensiná-lo a correr o lápis por sobre o papel e assim ensiná-lo algo novo...

Falta-nos, na maioria das vezes, não a caridade mas o ímpeto de assumir o risco e a situação. Falta-nos a coragem de lançar-nos rumo à real necessidade do tempo.

Em conversas várias com diversas pessoas sentimos a obrigação natural de fazer algo a todos e todas que habitam sob o mesmo problema, o de não saber ler e escrever.

É uma idéia, um projeto, uma vontade diante de uma necessidade real. Caridade?! Talvez! Amor pela causa, paixão pela luta! Sonho de um mundo em igualdade! Fé em Deus que nós vamos conseguir!

Ailton Domingues de Oliveira
22/06/12

quinta-feira, 21 de junho de 2012

"PJ: Sempre viva e atuante"


A Pastoral da Juventude é pouco aceita nas Dioceses do Brasil. A fama de que jovem é tudo bagunceiro e desordeiro, ou que não quer nada com nada é antiguíssima.

Poucos são os nomes que seguram nas mãos da PJ, nas nossas mãos e defendem conosco essa maneira de revolucionar o mundo para um mundo melhor, mais digno e em igualdade. Poucos são os lugares onde ainda existem grupos de jovens...

Vejo grupos sim, mas nenhum com um propósito de estudo e crescimento na fé, com objetivo de formar líderes para o futuro. Nenhum com o intuito de abrir a mente das pessoas e as libertar para um propósito maior, uma causa maior que não a sua própria causa egoísta.

Vejo diversos grupos trabalhando apenas na dimensão do "eu para mim mesmo" esquecendo totalmente o verdadeiro propósito da vida cristã neste universo...

Respeito sim mas não concordo, e só entro no quesito "conversação" se me procurarem ou se houver "devaneios" absurdos ao redor.

Hoje, através de todo o aprendizado e experiência que adquiri na caminhada Pastoral, procuro fazer o melhor que posso no lugar onde possa estar...

Sinto-me orgulhoso por ter tido a opção de engajar num grupo da PJ! Sinto-me privilegiado por ter tido experiências tão gratificantes que me tornaram uma pessoa de muito Sonho, de muita Fé e pronto pra Lutar! Lutar sempre em prol de uma boa causa...

Comentário no grupo de discussão no Facebook: "Pastoral da Juventude: Sonho, Fé e Luta". Em 21/06/12.

Ailton Domingues de Oliveira
21/06/12

Unidade nas diversidades - tem que fazer valer!


Sabe, sempre me ponho a pensar na "Colcha de Retalhos", a Unidade na Diversidade... Já passei, e creio que a maioria daqui também, por momentos de puro atrito com pessoas de ideias e ideais diferentes dos meus. Estamos no ou num mundo e ao m...esmo tempo somos um mundo em nós! Somos repletos de egoísmo e sempre buscamos fazer valer a nossa vontade, a nossa ideia. Compramos a briga em prol da bandeira que acreditamos.

Uma certa vez, em meados de 1.999/2.000, após uma "baita" encrenca-discussão-debate com pessoas de movimentos diferentes que ultrapassou os bastidores da igreja, fui ter uma reunião com o padre local. Na época estava como Coordenador da PJ na Comunidade onde participava e representante Paroquial junto à Diocese.

Apesar de não me identificar com sua forma de lidar com a PJ, apesar de não ter nenhuma empatia com sua pessoa e o considerar péssimo acolhedor, no momento em que eu hastiei minha bandeira e disse "que jamais admitiria nem permitiria que nenhuma pessoa falasse mal ou fizesse qualquer coisa contra a minha PJ, aquela que eu escolhi para servir à Deus e à Igreja", lembro-me bem de sua resposta:
- "Não somos nem de Paulo e nem de Pedro, somos de Cristo..."

Disse aos Coordenadores Paroquiais da época que iria para esta reunião com uma Flor e uma Pedra e estava disposto a levar esta luta às últimas instâncias, custasse o que tivesse que custar! Fui surpreendido por tão poucas palavras, sábias... Não entreguei a flor e nem atirei a pedra...

Passaram-se vários anos e um dia tive o ímpeto de procurar esse padre. Desabafei o quanto pude. E disse que nós enquanto líderes da PJ nos sentíamos completamente esquecidos por ele, em sua função. Foi uma conversa comovente, onde muitas mágoas afloraram. Foi necessária e no tempo certo. Reconhecemos nossos erros, ambos reconhecemos...

Ainda me questiono sobre a unidade na diversidade. Hoje, atuo na equipe de Canto e Liturgia da Comunidade onde participo. Os problemas são os mesmos. Trabalhar com pessoas é isso: complexo, cansativo, difícil, mas ao mesmo tempo simplesmente gratificante e compensador.

Peço desculpas pela extensão do comentário, mas é algo que sempre me põe a pensar e que de certa forma gera um bom caldo pra bate-papo.


Comentário no grupo de discussão no Facebook: "Pastoral da Juventude: Sonho, Fé e Luta". Em 21/06/12.

Ailton Domingues de Oliveira
21/06/12

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A vida à partir do fim: filosofias ou ensaio sobre a morte...

Pensar na vida sob a concepção de que já nascemos morrendo chega a ser assustador, por vezes, incompreensível. Imaginar a vida como uma linha no tempo talvez ajude na interpretação do pensamento. Diferentemente de qualquer produto que tenha o seu prazo de validade ou tempo certo para perder sua utilização, nós, seres humanos e vivos, à medida que evoluímos neste tempo, errando ou acertando, caindo e levantando, chorando ou sorrindo, caminhamos como aprendizes desta vida rumo à maturidade da alma e ao envelhecimento do corpo.

Destino? Não. Somos protagonistas de nossa história e podemos seguir o caminho que melhor nos convir. Podemos plantar o que bem quisermos, porém, somos obrigados a comer do fruto, fruto de nossa escolha.

Somos prova de que o envelhecimento para uns traz satisfação, tranqüilidade e prazer enquanto que para outros a inflexibilidade, a intolerância, a impaciência diante dos fatos que fogem ao seu controle crescem em maior proporção.

Imaginar a morte como sentença final para tudo o que foi praticado neste mundo não considero como forma de pagamento ou acerto de contas com Deus. Podemos, de certa forma contribuir para que nossa estadia aqui seja eterna enquanto dure, e que dure da melhor forma possível.

Os caminhos e seus atalhos são muitos, aliás, milhares. Cada um que surge, sempre é um risco a nos tirar do objetivo principal. E qual seria esse objetivo principal? Durar, sobreviver, viver?! Durar para uns, sobreviver para outros, viver para poucos... “Todo homem morre, mas nem todo homem vive” – Coração Valente.

Somos um legado de gerações egoístas que nos antecederam. Pensamos no nosso bem estar. Vivemos para nós mesmos e em busca de realizações pessoais. Toda e qualquer proliferação diferente, que com certeza são raríssimas exceções, são drasticamente eliminadas do mapa ou banidas para os confins inexpressivos, levando em conta o risco que causam às corjas avassaladoras e inescrupulosas enrustidas nas elites sociais.

E quem nunca teve medo de morrer que atire a primeira pedra! São Francisco de Assis chamava a morte de irmã. Todos e todas que aqui habitam terão o mesmo fim. Travessias diferentes. Alegrias, nostalgias, melancolias e formas diferentes de chegarmos lá... A terra que nos cobrirá pode ter cor diferente bem como a madeira do caixão ou as pedras que adornam o sepulcro. Mas, uma coisa é inevitável, mesmo aquele que comeu lagosta durante sua maior parte de sua estadia aqui e bebeu dos melhores vinhos, com certeza vai se decompor e feder igual ao desleixado e maltrapilho mendigo que se esconde nos umbrais da sociedade.

Eu... acredito na vida como dom de Deus. Acredito na vida como travessia ao Seu encontro (se, for merecedor...). Acredito na vida como resultado de Sua Obra prima, obra pincelada a dedo e estampada no rosto de cada um. Óbvio que apesar de sermos Filhos Dele, também somos frutos e parte de uma sociedade excludente que visa tão somente o auge individual através de uma concorrência desleal.

Não! Não são meras falácias. São apenas expressões do amor pela vida-florida-contida-vivida... Consciência de que ela se vai como areia pelas mãos... e que ao pó retornaremos tão breve.
Sim! Ainda tenho medo! Medo de não mais abrir os olhos e assim deixar de ver os tantos rostos dos meus amados e amadas eternizados em minha ainda vida...

Enfim... não escrevo através de nenhuma formação acadêmica. Prazerosamente, desenho as letras, cada uma delas, num rascunho de papel, através da academia da vida, que me deu e me dá subsídios e experiências necessárias para o marco de cada momento, de cada tempo... Hoje, o tempo é para viver!

Ailton Domingues de Oliveira
18/06/12

terça-feira, 12 de junho de 2012

Plano...

Já são quase três anos de vida e sobrevida.
Festa da Divina Misericórdia, 15/04/12.
Testemunho, Fé, Milagre, Devoção, Amor.
Fatos, histórias, alegrias, marcos enfim.
Tempo de mudanças, tempo de reviver, renascer.
Desafios, obstáculos, lutas.
De tudo, ficou a certeza plena de Deus.
Havia um plano, que não era o meu.
Descobri no desenrolar dos dias que o gosto amargo dos primeiros passos aqui
Foram, sem dúvidas, mais que necessários, foram importantes.
Aprendemos e entendemos o sentido ímpar do que Deus nos reserva
Quando abrimos o coração... aos detalhes, à vida...


Ailton Domingues de Oliveira
16/04/12

Jesus é cruz e luz. Amar é doer e vencer.

Forçaaaaaaaa!
Caminhando... seguindo... trilhando...
Por vezes apressado
Passando pela paisagem, sem a ter notado
Caminho que se reduz a um só
Solidão que se nota naquele que morto na cruz
Dor que o silêncio mascara
Nas partículas do tempo empoçadas estão as poeiras do caminho

Jesus é Cruz, Amar é doer
Jesus é Luz, Amar é vencer

Antes não soubesse nada
Queria ver, não enxergar
Antes fosse meramente apenas mais um
Descobri, que a missão é maior...
Mergulhado no labirinto
De posse das rédeas da vida
Mudança de cenário não mais condiz
No calvário da alma estão as respostas
Mesmo diante do medo do silêncio,
Ele se faz necessário na vitória da vida
Mesmo que ainda hajam feridas
Frutificada será...
Missão dada, missão cumprida


Ailton domingues de Oliveira
16/04/12

Oração em família.

Tantas casas, tantos palácios
Pinturas e ornamentos
Quanta ausência, falta de abraços
Desilusões e sofrimentos
Assim se constroem faixadas
Filhos sem pais e pais sem seus filhos
No centro de cada sala
Em angústia e lágrimas desmoronam-se famílias
Ela, a família, perdeu seu valor e seu sentido
Tornou-se coisa abstrata, ultrapassada
Alvo da sociedade vendida
Sem rumo, caminha largada...

Família abençoada por Deus
Ainda é tempo de construir
O porto seguro, alicerce erguido nas rochas
Família, solo sagrado
Pais, filhos e irmãos
Abençoa Senhor nossos lares
Purifica nossos corações...


Ailton Domingues de Oliveira
02/01/12

Dá-nos, Senhor...

Pai Santo, que amastes o mundo,
Fizeste aliança com teus filhos e filhas amados
Os instruístes pela voz dos profetas, na esperança da salvação
Por amor nos enviaste vosso filho

Dá-nos Teu Corpo e Teu Sangue Senhor
Nesta mesa de irmandade
Enviai vosso Espírito Santo de Amor
Neste Templo de Santidade

Homem verdadeiro, concebido do Santo Espírito
Da virgem Maria nascido
Aos pobres levou a salvação
Aos oprimidos, a liberdade
Aos tristes, a alegria
Jesus deu-nos vida por sua morte

Ailton Domingues de Oliveira
02/01/12

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Bastou um olhar... (II)



"A carência por uma atenção é fácil de ser notada. Difícil é ter atenção para este fato. Além disso, mesmo que se note a necessidade de parar e dedicar um tempinho à quem busca tempo e olhar, o relógio corre contra nós e nos impossibilita de realizar tal proeza. Um dia, lá na frente, num tempo em que o relógio parecerá parado, num tempo em que só nos restará apreciar o que está ao alcance de nossas mãos e de nosso olhar, quem sabe nesse momento conseguiremos entender o valor de um olhar e de alguns minutinhos?! Enfim, na saída da Celebração, com o violão nas costas, notei que tinha um olhar que me acompanhava enquanto caminhava rumo à porta principal. Fui me aproximando daquela senhora de roupas simples, cabelos brancos e fala baixa e não me restou nada a não ser um 'boa noite!' e um 'tudo bem?'... Em mais ou menos cinco minutos e com um sorriso estampado eu soube da sua cirurgia no joelho, que já não doia mais e que também não a impossibilitava de caminhar normalmente, e que agora só restara uma cicatriz... Não pude fazer nada a não ser ouvir e num toque em seu ombro dizer que Graças a Deus ela já podia participar das celebrações na Igreja. Despedi-me dela fazendo um convite para que ficasse e participasse da quermesse... Como já disse não fiz nada, apenas tive o privilégio de ser inútil na vida de alguém que nem sei o nome... E assim vamos aprendendo a valorizar mais aqueles que passam de forma tão estranha e nos deixam marcas tão profundas. No dia em que parar de notar tais simplicidades da vida, será porque já não existe mais vida. Só bastou um olhar."

11/06/12

Bastou um olhar...(I)



"Na rua me deparei com uma figurinha sempre presente nas celebrações da Igreja e ativo na participação dos trabalhos pastorais da Comunidade. Ele, em sua bicicleta cargueira subia a rua retornando ao seu trabalho matinal. Pessoa simples que busca sua melhora, seu espaço e a sua cura. Maior que a dureza do seu vício é o preconceito que o fere diretamente no orgulho e na al...ma. Enfim, me deparei com esta pessoa numa esquina. Eu, de moto, não havia como ser reconhecido por conta do capacete. Apenas gritei seu nome. Bastou! Bastou para aquela fisionomia fadigada pelas pedaladas, sem expressão naquela rua, mudasse seu semblante. Olhos arregalados, sorriso estampado e um 'OPAAAAA, TO AQUI!'. Claro que nada disso tem significado na vida de muitos, mas tenho certeza que cada vez que nos desprendemos do nosso mundo individualista e do nosso egocentrismo, fazemos mais que um sorriso brotar. Com o mínimo mostramos a importância da pessoa e significamos a vida de muitos desesperançosos."

11/06/12

domingo, 10 de junho de 2012

Basta um olhar...



"Basta um olhar...
Não precisamos desprender de palavras bonitas em frases complexas para dar valor às coisas, aos momentos e às pessoas. Muitos precisam apenas de um reconhecimento. Um reconhecimento na sua essência. Um reconhecimento simples em sua pura simplicidade. Um olhar...
Um olhar tal qual Aquele voltado àquela mulher cercada por doutores da lei prestes a ser apedrejada em praça pública... Um olhar que seria o ponto crucial e fundamental para sua re-inserção na comunidade, para sua re-colocação social, para sua própria auto-estima, para seu comprometimento de mudança...
Bastou um olhar. Bastou 'O' olhar...
Hoje, basta apenas, que enxerguemos quem são os necessitados Desse olhar..."

10/06/12

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Refém do tempo e da espera

"...Quando somente lhe sobra a espera
Num tempo em que tal sobra é dor
Num tempo em que lhe falta mais que o amor
Lhe falta um olhar de compreensão
Ouvidos e atenção

O olhar triste que encontro pelos cantos
Já marejado, cansado e repleto de desencanto
Homens e mulheres que tiveram renome entre os seus
Sucumbiram ao tempo, ao desgaste, à velhice
E hoje são refens do tempo e da espera

Na pele, ja mais que sensível
As calejadas mãos que se apoiam nos outros
Os pés que já pisaram tanto lugares
Agora depende de direção e de outras vontades que não a sua
Acabam por pleitear mais que um dia de vida, a travessia final

A tristeza que assola no olhar de quem tem nos ombros
Histórias que se entrelaçaram na sua
A tristeza que agoniza calada, inconsciente, no silêncio desse tempo
Sufocado pela espera de sabe-se lá o que
Vidas esquecidas pelo seu próprio sangue

A dureza que se retratam os nossos idosos
Sufocante estorvo que se sentem
Rezam muitos pra que a luz se acabe de vez em seu olhar
Gemem a ausência de sua gerações
Simplesmente choram calados, na deprimente área que os sobrou

Deus queira e olhe por nossos velhos e velhas queridos
Um dia lá estaremos com os mesmos passos e ausência de destreza
Deus tenha compaixão e abra os olhos de todos os que ainda tem este tesouro vivo
Que nossa estadia, antes dessa travessia, antes do último trem chegar
Seja de olhar, atenção e amor voltado a quem sempre esteve ao nosso lado!"

Ailton Domingues de Oliveira
08/06/12

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Religião & política, política & religião.

"Religião e política...
Política e religião...
Religião não é política...
Politica não é religião...
Religião com política...
Política com religião...
Religião sem política...
Política sem religião...
Religião pode estar inserida na política...
Política pode estar inserida na religião...
Enfim, religião & política, política & religião
Podem ou não caminhar se complementar e ser força que agrega à outra?
Segundo "Aurélio" religião é a crença na existência de força maior e sobrenatural. Devoção, entre outras afirmativas.
Segundo ainda "Aurélio" política é a arte de bem governar, de cuidar dos bens públicos. Estratégia, entre outras afirmativas.
Um religioso que se torna político...
Um político que se torna religioso...
Uma pessoa que usa da religião para adentrar na política...
Uma pessoa que usa da política para estar na religião...
Um sistema emaranhado e entrelaçado.
Linha tênue e perigosa.
Risco necessário para que as mudanças positivas ocorram.
Nada impossível!
Apenas cuidado!
Cuidado para quem migra de um lado para o outro.
Cuidado para quem percebe, assiste e tem nas mangas o poder de decidir quem entra e quem fica."

Ailton Domingues de Oliveira
07/06/12

Se o acaso não permitir

"...Na velhice
No fim da carreira chamada vida
Se acaso não tiver mais amigos
Se acaso não encontrar ouvidos às minhas falas e pensamentos
Se acaso me faltar o seio familiar
Se minhas pernas não mais me obedecerem
Se minha coordenação já estiver comprometida
Quero apenas poder recostar em uma rede na varanda
E cercar-me dos grandes mestres da escrita
E suas maravilhosas obras
Permitindo-me ir para qualquer lugar que eu já não possa estar
Mas... principalmente, quero sustentar-me na minha fé
Aquela que a ciência jamais poderá alcançar e explicar
E entender que o fim é sempre um mero recomeço..."

Ailton Domingues de Oliveira
07/06/12

Eu não nasci há 10.000 anos atrás

...Eu!?
Eu não nasci a 10.000 anos atrás mas vejo há muito tempo as tantas promessas dos homens de preto, de cinza e de colarinho branco aparecendo nas diversas telinhas de TV, de computador, de celular e prometendo a solução pro mundo caso acreditemos neles e assim demos o nosso voto, além do voto de confiança.

Eu não nasci a 10.000 anos atrás mas lembro-me dos meus avôs e avós sempre ironizando as tais promessas malucas. Ah, minha avó não tava maluca!!!

Eu não nasci a 10.000 anos atrás mas já vi amigos meus, lutadores fiéis do bem comum, cristãos de berço, de fé e de obras, botarem o pézinho nas entranhas da política e em bem menos tempo de convivência, bem menos que o tempo de caminhada, virarem a casaca.

Realmente, eu não nasci há 10.000 anos atrás, mas assisto um filme se repetir constantemente. O que muda são as caras, os nomes e endereços. A cada tempo, em cada época, lá estão eles e elas, se comprometendo com a hiper-mega-super-mudança... Os que realmente fazem são poucos e esses... ah, são pouco consagrados, quase esquecidos, sem nome, sem expressão midiática. Apenas são comprometidos, escondidos, ocultados, uma pedra no sapato da cúpula, da hierarquia, das instituições e dos folgados e safados. Por quantas vezes são apagados do mapa... Pra alguns o silêncio é uma imposição que vem de cima!

A decepção com a mudança das pessoas, principalmente as próximas e, que jamais imaginariamos um dia vê-las corrompidas pelo poder, é algo já costumeiro. Andar descrente com o ser humano é viver um processo de quase não acreditar em si mesmo. Afinal todo mundo é passivo de confiança até que se prove o contrário.

Então, as eleições estão aí, quase chegando... Que os nossos candidatos, principalmente os cristãos, não só se comprometam com as mudanças sociais mas também em não deixar-se corromper pelo poder. Se não, vai ferrar o sistema...!

Ailton Domingues de Oliveira
07/06/12

Não importa nada

"...Não importa onde estiver
Nem quando, nem com quem, nem nada.
Não importa os rostos, as massas dominadas e dominantes,
Nem as flores, nem os bichos.
Não importa nem o tempo
Nem a chuva, nem sol, nem o vento...
Não importa a liturgia diária da vida
Lida e relida, infelizmente trancada.
Não importa nada
Se no meio das suas palavras e expressões
Nenhuma mística Sagrada lhe afligir o coração
Antes que cheguem aos ouvidos de quem precisa ainda mais.
Não importa nada
Se as mãos Sacramentadas não te tocarem a alma,
Se não enxergares o Seu olhar místico, piedoso, copioso,
Se não participares desta Comunhão ,
Deste Corpo e Deste Sangue,
Do Cristo Jesus,
Vivo, ressuscitado, e que habita
Em nosso Templo Sagrado
Hoje e sempre..."

Ailton Domingues de Oliveira
07/06/12

terça-feira, 5 de junho de 2012

Pensamentos: Libertação x Alienação.



Libertação X Alienação I

Libertação.
Libertação, sinônimo de incômodo.
Libertação, antônimo de alienação.
Libertação, sinônimo de desapego.
Libertação, antônimo de opressão.
Libertação, complemento do processo de cura...

Que as vozes ecoem em tom de libertação
Que sejamos instrumentos de libertação
Por mais que as correntes de pensamento se contraponham às nossas...
Libertação sem opressão...



Libertação X Alienação II


‎"Sou fonte de libertação quando me desapego das minhas filosofias embasadas nas minhas teorias e práticas vivenciadas. Sou fonte de libertação quando me despojo dos meus gostos para respeitar o que há de melhor e de maior para o bem comum. Sou fonte de libertação quando esvazio-me de mim e me coloco a serviço deste bem comum.

Sou instrumento de alienação quando não aceito as diferenças na unidade. Sou instrumento de alienação quando tento impor as minhas filosofias, ideologias, ideias.

Enfim, posso ser fonte de libertação tanto quanto instrumento de alienação."


05/06/12