segunda-feira, 30 de abril de 2012

Altar não é palco!



A minha Igreja, a nossa Igreja, a Igreja que acredito e nela estou inserido, faço parte e atuo, é a que vivencia o Evangelho de Jesus Cristo, abre os braços como Ele fez na Cruz e acolhe os excluídos, bem como cerra os punhos e luta para que haja justiça e igualdade sociais.


Nessa Igreja não há palco nem tampouco celebridades. Ela não é espaço para famoso se expor nem passarela para se desfilar, muito menos trampolim para o sucesso.

Nessa Igreja existe um altar onde só um é o Verdadeiro e único Deus, o Libertador, o Justo, o Filho de Deus encarnado. Sua Cruz, sinal de amor, e amor com muita dor, é o símbolo de sua vida, morte e ressurreição

Por Graças, ainda existem Cristãos que honram a sua vocação, seja ela qual for. São nomes de renomes, de verdadeiros guerreiros que lutam no anonimato. Fazem a partilha do Verdadeiro Pão que sacia o Espírito; promovem “O” nome que está acima de outros nomes; fazem o Evangelho acontecer no dia a dia; celebram o Cristo ressuscitado no meio do povo; são verdadeiros discípulos de Jesus; dão seu sangue e doam sua vida em prol da Civilização do Amor.

Obs.: “Sou Católico e abomino o senso de estrelismo que deturpa a imagem da Igreja de Cristo e esconde o Seu rosto, fazendo-O mero coadjuvante.”

Ailton Domingues de Oliveira
(30/04/12)

terça-feira, 24 de abril de 2012

Por que você luta?


‎"...quantos monstros, quanta covardia
quantos mundos, quantas fronteiras
quantas leis, quantos favorecidos
quantas justiças, quantos pesos e medidas

poucas vozes, muito silêncio
muitos silenciados, muitos já enterrados
enterrados vivos, que vivem sem ter vida...

existe uma causa,
existe uma missão
falta coragem,
às vezes, falta fé...

coração, sangue, emoção, razão
mística, divindade, sangue e cruz..."
Ailton Domingues de Oliveira
(24/04/12)

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Escolhas.

Como no blog de uma grande amiga: “A vida é feita de escolhas...”
A vida era mais fácil quando os meus pais tomavam a decisão, que com certeza, haveria de ser a melhor naquele devido momento, por mais que eu quisesse uma outra opção.
Crescemos e nos tornamos protagonistas e diretores de nossos cenários cotidianos e do palco da vida. Agora com as rédeas na mão, eis que as dificuldades surgem.
E com as dificuldades a decepção aparece. De certa maneira, engraçada por sinal, ela vêm por parte daqueles que mais nos identificamos, vêm daqueles com quem convivemos, vêm dos que amamos. Amigos, familiares, esposa ou esposo, namorada ou namorado, um dia, ela vem.
O ser humano é sinônimo de falha. Toque sublime do Criador diante de tanta inteligência e perfeição por Ele dada. Mas, por seu protagonismo, por vezes incoerente e egoísta, fraco e frio, torna-o muito mais desumano que a verdadeira finalidade de sua natureza. O livre arbítrio dado no ato de sua concepção, para que cresça, aprenda, escolha e construa, o leva muitas vezes a escolhas sem medida, sem valor e decepcionante a si próprio.
Escolhemos pratos e bebidas, músicas e livros, filmes e personalidades; optamos a seguir o que mais nos identificamos na arte, na política, na religião; psicologamos, filosofamos, advogamos em causa própria e ousamos a fazê-los em causa dos que conhecemos.
Ao escolher um caminho, sempre optamos pelo mais curto e rápido. Nunca pensamos em fazer uma viagem admirando as paisagens encontradas. Os amigos aparecem no acaso, diante dos meios aos quais participamos (escola, esporte, trabalho, religião...) e nos identificamos principalmente pelos gostos em comum.
O que fazer, quando aquela escolha, diante do que parecia ser a melhor opção, pela singularidade e afinidade, pelo vínculo formado e consolidado na história e no tempo, foi uma grande decepção, um erro que não há retorno?
Escolhemos para estar em nossos melhores momentos aqueles que consideramos ser os melhores. Escolhemos para adentrar o nosso meio, aqueles que consideramos ser parte deste meio nosso. Escolhemos para selar um vínculo de amizade eterna, aqueles que sempre estiveram e fizeram parte de nossa caminhada. Enfim, escolhemos e escolhemos: esportes, músicas, profissões, relações, amigos...
Amor sem dor... é impossível!
Doação, só com desprendimento de si!
Relação é crescimento, com obstáculos e dificuldades, por sinais.
Caminhos à parte, sempre acreditamos que poderíamos ter feito uma outra opção e quem sabe seria a melhor.
Nem sempre o óbvio e prático são as melhores condições e certezas para uma boa escolha.
Por fim, acreditei numa grande, considerável e histórica amizade para transferir uma responsabilidade única ao que parecia ser a melhor opção. Desfecho do caso: Escolhas. Ser humano. Decepção...
Meu filho vai crescer e aprender sobre escolhas e valores e se Deus quiser não haverá de passar por situação semelhante... E quando ele entender com certeza explicarei tal qual neste desabafo, sobre aqueles que escolhi para serem alguem em sua vida...


Ailton Domingues de Oliveira
(19/04/12)

terça-feira, 17 de abril de 2012

Hora de sair de cena...

Tudo tem um início e um fim...
Hora de subir no palco, hora de deixá-lo,
Hora de ser protagonista, hora de ser coadjuvante ou até mesmo platéia,
Hora de estrelar, hora de repousar no anonimato,
Hora de guerrear, hora de pacificar,
Hora sonhar, hora de acordar,
Hora de planejar, hora de praticar,
Hora de caminhar, hora de parar...
Para alguns a hora de sair de cena acontece no encerramento da vida terrena...
Para outros, a necessidade de sair de cena, e continuar a vida se faz real e necessária...
Sair de cena, abandonar o excesso, deixar permanecer o necessário para a sobrevivência...
Considerar como perda tudo o que impossibilita uma caminhada segura e honrosa...
Entender como fim, as atitudes e vícios que enfraquecem o ser e empobrecem a alma...
Submeter-se ao silêncio do anonimato e deitar-se conscientemente cego às façanhas do mundo...
Escolher o porto seguro, deixado como dádiva pelo supremo Deus, com nosso livre arbítrio de querer ou não...
É chegado o momento oportuno...
Talvez, ultrapassado a fronteira do tempo... o qual muitas coisas não mais se farão...
Mas, de uma vez por todas, o reencontro fiel com o que há de puro e sublime na vida...
Hora de aquietar-se e revigorar-se
Hora de morrer para si e renascer para o Céu...
Hora de sair de cena e deixar o leme da vida nas mãos chagadas do Senhor da Vida...
Hora de sair de cena e reencontrar a vida...

Ailton Domingues de Oliveira
(17/04/12)

Duelo



Mundos distintos num mesmo habitat.
Um coração que se amargura, se fecha, se comprime, perdendo sua noção de tempo, de objetivo, de vida...
O silêncio dói. Por isso o medo. O medo do silêncio...
Na sala escura do coração empedernido, invólucro está o que resta de esperança...
Montanhas removidas, obstáculos ultrapassados, poeiras que riscaram os olhos...
No silêncio o reencontro com o real: a esperança, a verdade, o mistério Divino...
Mundos eqüidistantes e paralelos... Duas vertentes, uma só razão...
Abafado tornou-se a “menina dos olhos”, o que deveria continuar a ser...
Por onde o caminho foi trilhado, marcas ficaram, obras levantaram...
Mas o duelo do desconhecido com o fiel coerente tornou-se desproporcional...
No paredão da verdade, no banco do réu, a vertente escancarada do fugaz.
Na tribuna de acusação o lado oprimido do que poderia ser maior...
No banco do juiz, a consciência sensata, coesa, amarga e sentenciadora.
A vítima: um complexo “eu”, ser oprimido por uma falsa passagem, real e imaginário, coerente mas fraco, justo mas amarrado, temente da Verdade mas afugentado pela justa e amarga realidade...
No âmbito do silêncio, reencontrar-se no espelho da tribuna, submeter-se como acusador e acusado, vítima e réu, promotor e juiz, é tarefa árdua do que ainda resta a brilhar no céu da consciência...
No duelo entre os opostos alguém haverá de sucumbir.
Na briga desleal entre titãs um será enterrado vivo...
Olhos, janelas da alma, que detiveram-se a desorientar os passos,
Cúmplices da famigerada e deturpada felicidade...
No silêncio, o medo, de enxergar Deus, na consciência do escuro...
Medo de sacrificar o que nunca fora seu...
Medo de aceitar sua missão, medo de revolucionar seu “eu”...
Medo de reencontrar suas verdades...
Medo de perder o que nunca foi encontrado...
Medo de tornar-se só a caminhar, num lugar que nunca esteve antes habitado...
Complexidade. Nó. Prisão.
Grito espremido e destemido do ser que busca arrancar suas mordaças
Transpor as portas, romper as barreiras e arrebatar as pedras do caminho para longe...
Passos cegados, medo rasgado...
Luta incessante, duelo consciente...
Mistério Divino no caminho de um só.
Alma libertada que afugenta o inimigo maior...
Ainda haverá um final feliz, vencido e digno...

Quando eu crescer quero estar assim...

Dupla Híper-Mega-Dinâmica: Sr. José e Sr. Gilberto.

Ficha 1 – Sr. José: 84 anos; aposentado; 3 cirurgias do coração. Atividade fim: com muito zelo, dedicação, solidariedade e “amor ao próximo”, sinais raros em tempos atuais, mantém os olhos atentos sobre as residências de seus vizinhos, entre os quais tenho o privilégio de estar incluso, além de não deixar que os matos  tomem conta das calçadas. Atividade secundária: recolher embalagens plásticas para, juntamente com seu amigo, o Sr. Gilberto, revenderem para empresas de reciclagem.

Ficha 2 – Sr. Gilberto: 69 anos; aposentado; duas pontes de safena e uma mamária. Atividade fim: com muita simpatia, boa prosa, carisma, exemplo e empenho, sinais raros dentre alguns jovens contemporâneos, anda pelas ruas do bairro coletando materiais plásticos, e que juntamente com seu amigo, o Sr. José, ao qual faz parte da logística da coleta dos recicláveis, vem contribuindo para a melhoria do meio-ambiente e da sociedade. Atividade secundária: forró três vezes por semana.

Nesta terça-feira esta dupla em extrema e invejosa performance, carpinaram o quintal de casa. Quando escutei o Curriculum de cada um, confesso... diante de tanta firmeza, boa vontade, força física e mais ainda força espiritual, percebi o quanto tenho que crescer com exemplos como os desses dois bons amigos...

O mundo não precisa mudar! As pessoas é que precisam mudar a si mesmas!
O mundo não é complicado, as pessoas são complexas!
O mundo não é mal nem ruím, algumas pessoas deturpam seus objetivos e se desviam deles, ignorando a vida do próximo.
O mundo não precisaria de heróis se alguns seres deixassem a bandidagem de lado.
“O mundo não muda, as pessoas se reciclam... Pessoas mudam o mundo.”

Quando eu crescer quero estar assim!


Ailton Domingues de Oliveira
(17/04/12)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Filhos & Pais: Família...

Somos pais, mas continuamos sendo filhos...
Ser filho ou filha não tem idade.
Tem dias que queremos voltar às origens,
Necessitamos retornar no início de nossa história
Precisamos, na verdade, nada mais nada menos que um colo...
É como retornar a um posto e abastecer com o combustível
Que só encontramos no seio da família...
Por mais bruto e estúpido que um ser humano possa ser,
por mais ignorante e insensível que se faça,
mesmo assim, ainda assim, precisa de seu pilar, sua base para toda a vida.
Imagino o quanto é difícil para aqueles que crescem sem ter alguém como referência...
Aprendemos a ser filho ou filha, com destreza, quando nos tornamos pai ou mãe...
Nossos filhos, norteiam, com sua pureza de criança, os passos que devemos dar
e reavaliar...
Que possamos ousar a ser filhos... pois sempre o seremos... independente da idade, do tempo ou da distância...

Ailton Domingues de Oliveira
(16/04/12)

domingo, 8 de abril de 2012

O castigo do silêncio.

Mais que a dor de umas palmadas no lombo, quando aprontavávamos travessuras, era a dor do arrependimento quando o silêncio habitava no olhar triste e decepcionado daqueles que amávamos e que nos amam incondicional... O silêncio dispensava palavras. Pelo olhar, já identificava o que me esperava. Pelo olhar, eu  podia sentir onde minhas artes haviam atingido. Pelo olhar, mesmo criança, conseguia identificar se havia decepcionado.
Com meus avós aprendi, adquiri a sensibilidade para os fatos, para a vida, para o mundo. Tudo depende dos olhos como se vê. Tudo depende de quanto você está disposto a ir além, mais fundo. Tudo depende se seus olhos estão atentos, não só para ver mas para enxergar além do que as aparências mostram.
Silêncio, olhar, atenção...
Valeram as palmadas, valeram mais os olhares. Àqueles que me ensinaram sem saber que o faziam, àqueles que me cativaram, me amaram e ensinaram o verdadeiro sentido das coisas, o significado do amor doação sem limites, àqueles que tiveram a pedagogia da vida para transmitir, apenas transmitir o a imensidão de seu carinho e dedicação, apenas meu obrigado, com tamanha saudade...saudade que não se descreve nem no olhar, nem no silêncio...

Ailton Domingues de Oliveira
(08/04/12)

terça-feira, 3 de abril de 2012

"Passa aqui, abençoa a minha casa também!..."

A Fé expressada em sua forma mais simples e humilde. A procissão seguia por entre as ruas do bairro. Algumas pessoas prepararam um altar na frente de suas casas. Os ramos sinalizavam quem caminhava e simbolizavam o dia: Domingo de Ramos (01/04/12).
Relembrando os passo de Jesus que adentrou Jerusalém montado em um jumento, assim, nós caminhávamos e comungávamos o momento, apreciando, orando, rezando e nos comovendo muito mais com o inesperado.
Surgem então pelo caminho, pessoas que sem saber que haveria a procissão e que ela passaria pela rua de suas casas, não prepararam seu altar, mas que de alguma forma expressavam a contade de serem abençoadas.
Os que haviam preparado tal altar já era de fácil entendimento que de alguma forma estariam inseridos no meio, na comunidade... Expressão linda e sincera de fé e devoção.
Aqueles porém, distantes do meio... eis que suas expressões, às vezes tímida, ou por hora desajeitadas, ou ainda, simplesmente, com um balançar da mão e seus olhos a implorar: “Eu também quero!” Diante d’Esses... a emoção era maior.
Eis então que, de dentro de uma casinha simples, simples ao extremo, surge uma senhora de pés descalços, em trajes humildes, segurando uma imagem de Nossa Senhora de Aparecida... A procissão seguia e ela disse: “Abençoa a minha casa! Eu também quero!”...
As palavras aqui escritas jamais poderiam expressar ou descrever tal momento. Momento de céu que tenho o orgulho e a honra de registrar... A procissão parou. Rezamos o Pai-Nosso e a Ave-Maria e seguimos adiante.
Pra finalizar, ainda relembro mais um fato. Quando esta senhora saiu na porta de sua casa com a imagem, alguem disse: “Mas ela não preparou o altar...”
Então, um irmão, rico na fé, distinto na sabedoria apenas sussurrou: “Ela é o próprio altar!...”
Ainda existe muita hipocrisia, mas Graças a Deus, também existe muita sabedoria dentre aqueles que se colocam à serviço de Deus.

Ailton Domingues de Oliveira
(03/04/12)