quarta-feira, 28 de março de 2018

Como posso?



Como posso?
Desde o teu olhar na esquina dos meus pensamentos
Turbilhão de ideias, sonhos, maré de tormentos
Teu rosto estampado no silêncio do meu olhar
Estrelas sem brilho, noites sem luar

Como posso?
Desde o teu sorriso emoldurar-se em meus sentidos
Minha solidão foi expulsa do paraíso perdido
Teu andar sobrevoando em desfile pela minha calçada
Teu corpo protagonizando meus desejos pela madrugada

Como posso?
Desde o gosto daquele beijo molhado de nossas bocas
Que transgrediram as batidas do coração, frenéticas e loucas
A razão mudaria o rumo de nossas vidas e o caminho
E o caminhar, já tão leve e tão solto, nunca mais seria sozinho

Como posso?
Desde o teu toque, a penetrar pelos meus poros, faceiro
Registrando em minhas entranhas a necessidade de teu cheiro
A querer cada vez mais dividir contigo os meus dias
Transformando a desesperança em real alegria

Como posso viver sem você?
Não posso
Não vivo

terça-feira, 27 de março de 2018

Apocalipse: caos sem calmaria


A desordem necessária que se instaura na escuridão da consciência maldita

Que produz efeitos contraditórios em pomposos discursos falaciosos

O caos imposto pela tirania egoísta e gananciosa do corrupto poder

Que viciosamente desfavorece as mazelas milenares dessa era

Informações manipuladas de inverdades e propagadas sob os holofotes do púlpito

O altar que já celebrara a morte e a vida agora vislumbra um palco de egos

Castelos de fé que se erguem às custas da miséria humana

Leis que sentenciam o maldito e miserável e absolvem os donos do poder

Falsos sacerdotes que discordam da paz que lhes tira a vaidade

Mundo sem caos que se afunda em sangue sem glória

Calmaria maldita que percorre em veias sistêmicas da cegueira sem razão

Ei Deus, cadê os dinossauros?


Feitos



Feitos de um tempo em que os tempos trarão
Alegrias, tristezas, sonhos e recordações
Saudades do colo, do abraço e do cheiro
Do aconchego e da liberdade no terreiro
Da vida que eu ainda não esperava sonhar além
Viver os sonhos em uma mera brincadeira de mal e bem
Na rua, no quintal de terra que cobria meus pés
Tempo bom em que a certeza estava no cuidado e na fé

Feitos para um agora que anseia reviver outrora
Percebido que o tempo é quimera e escoa sem demora
A saudade do que não se viveu que ainda assombra
Os sonhos meninos que jamais se perderam na penumbra
Tantas guerras, aventuras, magias e paixões
Coisas que não mais cabem no papel de ilusões
Feitos que perduram na inocência pervertida em realidade
Feitos que ultrapassam o maldito real sem se perder da verdade

Feitos de um poeta louco sonhador
Irrigado de utopia e amor eloquente
Nos versos, guerrilheiro e pacificador
Bandido de seus passos intransigentes
Chegada a hora e o momento
No tempo de recolher e florescer
Despedida de cada dia em cada tempo
Fechar os olhos no céu do eterno anoitecer

quarta-feira, 21 de março de 2018

Desencadeando pensamentos



... e o pensamento se desencadeou para além do corpo
buscou entre os guetos da vida liberdade para a alma
e ao som extasiante das poéticas canções
encontrou conexões em outros corações

... e a vida se desencadeou para além da vida
criou seus próprios códigos para interpretar os sinais alheios
e desvendar os mistérios contidos e restritos por detrás de cada olhar
e, no que há de melhor nos detalhes de cada universo, simplesmente mergulhar

... e os passos já lentos se desencadearam para além do caminho
a demorarem-se em cada solo de cada tempo percorrido
e a permitirem aos olhos contemplar os invisíveis significados
entendendo que a beleza seduz aos olhos mas a alma somente pela inteligência é conquistada

Apreciar os detalhes, demorá-los e devorá-los com a nudez da alma
Viver a vida e possibilitar as melhores viagens 
Que os pensamentos e sonhos conseguirem alçar
Despojado do certo e do errado que assola a vil ignorância
Criando meus antídotos tanto quanto meus próprios venenos
Vou seguindo minha travessia e me reencontrando nas canções de cada tempo

Entre dores e amores, sangue e suor, cada um produz o que é melhor para si...

quarta-feira, 14 de março de 2018

No contraposto dos olhares



No contraposto desajuizado dos olhares
Instaurou-se o eloquente desejo
Sem poréns nem talvez
Contrapôs todos os medos
E o desejo virou segredo

No contraposto fragmentado dos olhares
No vácuo da estrelada noite e escura
Amenizava a dor com ligeiras emoções
Enquanto meus pensamentos buscavam razões
Significados, sentidos, respostas e curas

No contraposto bem mal intencionado dos olhares
Te busquei infinitamente em meus dias
A desacreditar no que meu coração pedia
Fazia do tempo uma guerra em sonhos
Pois era por você que ele me batia

No contraposto dos olhares
Desajuizados, fragmentados, 
Bem mal intencionados
Entre flores e desertos
Certezas imperfeitas e outonos incertos
Na travessia de todo dia
Dores, prantos e alegria
O que era um mero olhar
Nasceu paixão e tornou-se amor
No contraposto de nossos olhares
Amadurecido, crescido, apaixonado
Apenas, caminhamos lado a lado



quarta-feira, 7 de março de 2018

20 anos depois


1998. Formatura da turma de Administração de Empresas - FIO - Ourinhos-SP.
2018. Formatura da turma de Teologia - PUC - Uberlândia-MG.

Uma das palavras de otimismo que mais recebemos nesses momentos é, sem dúvida, "sucesso". Ela vem carregada de muitos significados, na maioria, o desejo de uma carreira brilhante, financeiramente rentável e de reconhecimento a qual nos traga também a tão desejada felicidade. E tudo isso não é apenas válido mas muito bom para o ouvido e para a alma. 

Hoje, reconheço meu sucesso diante das pessoas que se tornaram próximas e amigas bem como as que se tornaram distantes e até aos desafetos. Sucesso, sem demagogia, é ter histórias, é ser memória na vida dos que você ama. Sucesso é ter amizade e pessoas que são verdadeiramente recíprocas com você. 

Talvez, esse não seja o sucesso etiquetado nas vitrines e estipulado pela sociedade, tampouco o que as pessoas esperam e exigem de você. Mas e daí? O que importa? Cada um sabe o que é melhor pra si. E nem tudo o que os outros gostam e fazem é agradável para mim. Então, que se dane! 

Quando optei por fazer Administração eu já havia tentado por duas ou três vezes ingressar na faculdade de Direito. Que bom que não deu. O tempo me provou com tantos frutos que colhi nessa travessia que foi uma ótima jornada e apenas isso já me enche o coração de orgulho. Na verdade, foi uma escolha de alternativa única. Era o que se tinha para fazer e o que dava para se fazer. Por vezes pensei em mudar de curso e até desistir mas acabei resistindo até o final. Minha mãe e minha avó Iolanda foram vozes insistentes para que eu não parasse no meio do caminho.

Não posso deixar de expressar um desejo eterno de ingressar em outras áreas do conhecimento que, desde a adolescência, sempre estiveram bem guardados no coração, letras e literatura e até psicologia. Quem sabe um dia?

Quando optei por fazer Teologia, eu realmente escolhi conscientemente. Foi mais prazeroso. Já não tinha a obrigação de apenas concluir a faculdade e obter um diploma. Entrei para "aprender mais". O desejo de conhecimento, de entender e compreender melhor as coisas, de trilhar novos caminhos do saber são alguns pontos dessa jornada que durou quatro anos e meio.  

Vinte anos se passaram entre um formatura e outra e uma das coisas que nunca deixei apagar é o sonho, ou melhor, o ato de sonhar sempre. Sonhar é preciso para que haja esperança de dias melhores, para que possamos acreditar numa vitória, por mais incerta que seja. Sonhar é para os fortes, uma vez que, até isso, o mundo tenta nos tirar. 

Hoje, posso dizer que vejo e sinto o meu sucesso no brilho dos olhos das pessoas que eu amo e estão presentes em minha vida. Quando elevo meu pensamento aos que já partiram dessa vida, sinto que cada esforço valeu a pena. Quando reflito também sobre os que se ausentaram e sumiram, só compreendo que nunca estiveram presentes de verdade. "É a vida, é bonita e é bonita!"