sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Pode ser III - Seus 11 anos



































Pode ser. Pode ser, meu filho. Quantas estrelas já contamos juntos? E as que eu contamos sozinhos? Perdi as contas. Dos olhares com que fitei o céu em busca do teu rosto, quando estávamos distantes, hoje guardo eternas lembranças. Algumas difíceis mas que no final todas valeram cada lágrima. A renovação diária do amor, da nossa amizade, ao encontrar seus olhos em cada momento da minha vida é a maior recompensa e motivação que eu poderia receber. Cada segundo ao teu lado vale a pena por si só.


A estrela que um dia eu te dei continua brilhante em companhia da lua. Talvez, nós não temos noção do significado dessa cumplicidade. Mas de que importa? O que vale mesmo é o que sentimos, o que compartilhamos e o que vivenciamos em cada instante.

O tempo passa e eu sinto que nossa amizade vai além do tempo-espaço que nos cerca. Temos um no outro uma confiança plena. Quero apenas que você se realize diante de suas escolhas. E, saiba que, sempre, sempre, sempre, estarei contigo.

Não esqueça jamais suas origens e a simplicidade que o trouxe até aqui. Continue respeitando e sendo bom exemplo, disciplinado e perseverante. Lembre-se que na vida as coisas não acontecem por acaso e não são tão fáceis. Nossos sonhos acontecem quando a gente vai à luta. Os obstáculos fazem parte mas quando temos Fé em Deus, uma família que nos ama e ampara, e boas amizades podemos superá-los. Honre seu nome e estará enchendo de orgulho àqueles que te amam e confiam em você. Aproveite suas oportunidades com honestidade e justiça acima de qualquer coisa.

Meu filho você é um tesouro. Parabéns pelo seu dia! Parabéns por ser esse menino maravilhoso que me enche de orgulho. Não perca jamais este brilho e esta alegria que contagia a todos à sua volta. Te amo!









































Na ordem natural do ciclo da vida, em algum momento, você seguirá sem minha companhia. De tudo, quero apenas que guarde isso: "se existe um 'amor verdadeiro e incondicional', eu posso dizer que é o meu amor de Pai por você meu Filho". E que esta canção que lhe fiz quando você tinha seus 3 anos seja eterna em seu coração:


"Estrelinha, estrelinha
Vai lá ver minha criancinha
Vai lá, vai lá, vai lá ver como ele ta
Vem cá, vem cá, vem dizer o que é que há

Meu filhinho nada temas
O papai já ta chegando
A estrelinha me contou
Que você tava chamando

Vou cuidar bem de você
E ficar muito pertinho
Pra te dar muitos abraços
Muito amor, muito carinho

Luz singela irradia
A estrelinha deste céu
A estrelinha da minha vida
De presente Deus me deu"

"Meu Filho, minha estrela" - Ailton Domingues de Oliveira



quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Loucas extensões

De repente me esqueci
Num turbilhão de pensamentos me envolvi
Num deserto escaldante me iludi
Miragens 'hormonimamente' harmônicas
De repercussões e extensões sinfônicas
E adjuntas, tão junto e tão longe, anônimas
É o fim, a cegueira serena
Na cor da pele queimada e morena
É assim, que se quer, se almeja, pequena
O que aos olhos é belo
A alma lhe foge o sincero
O inverso e o oposto é o que eu quero
O vermelho tão sangue derramado
Vem da alma e do corpo em pecado
O que vale é o amor, em meio a dor, exaltado
Vem de dentro, vem da alma, vem do fundo
A meiga insensatez e profana do sagrado do mundo
Solidão "destemperante" que invade o território fecundo
Ah, que não escutes as descrentes lamúrias
Já tive mil planos e me acometi em dobro de injúrias
Fardo cruel, que me absteve dos olhos a luxúria
Ah... de repente esqueci
Que esqueças tu também aí
Nada a falar, somente o que escrevi...


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Toma e some


E foi com essa frase que o dia começou acontecendo. Como de costume, fui comprar pão no mesmo local de sempre. Já na fila para pagar uma mulher diz a um rapaz "toma e some". Entrega-lhe uma sacolinha com algo que comprou e assim o menino sai sem nada dizer. Após eles saírem, a dona do estabelecimento comenta que o menino tem problemas e a família o maltrata. É um adolescente entre 13 e 15 anos. A mulher que o despachou é sua mãe e, por sinal, tão jovem ao ponto de parecer irmã de seu filho.

Não sei que tipo de problema o menino possa ter, uma vez que fisicamente não aparenta nada. Talvez, algum atraso em seu desenvolvimento (...). Enfim, não vem ao caso. O que está em foco agora são as atitudes de quem deveria simplesmente cuidar de sua prole.

Muitos pessoas se escondem atrás daquele velho ditado: "Ah, eu não sei como dar carinho para meus filhos porque nunca tive dos meus pais. Minha vida foi difícil e eu sofri muito." Injustificável! Outras dão para os seus aquilo que não tiveram, mas só na questão material. Dão presentes, fazem os gostos mas são incapazes de se debruçarem por alguns minutos de brincadeiras e boas conversas. Simplesmente compram o tempo de seus filhos com presentes. Outro erro grosseiro.

Que até os animais cuidam de suas crias é fato! Mas, o ser humano, de tão inteligente, acaba por não aplicar sua racionalidade em diversas de suas ações. Esconde-se numa carapaça de mágoas passadas, prefere manter-se num patamar de imutabilidade eterna ou ainda garantir que o tempo lhe falta. Desculpas. Óbvio que existam atitudes justificáveis. Mas, aí, fazer de sua conduta um poço de justificativas é loucura e covardia consigo e com os seus. O ser racional é antes de qualquer coisa um verdadeiro egoísta.

"Toma e some!" Meu Deus! Penso na expressão no rosto daquele menino, que saiu, carregando sua mochila nas costas, sem nada dizer quando sua mãe lhe entregou a sacola e proferiu apenas tais palavras. Uma despedida dura e amarga. O garoto nada respondeu. Calado estava, calado permaneceu e cabisbaixo saiu. Nem um abraço, muito menos um beijo no rosto, nem um tchau! A benção então, certamente nunca existiu. Percebi que a grosseria da mãe diante de desconhecidos que ali estavam o deixou acuado e com vergonha. Pudera! "Toma e some" não é jeito de tratar ninguém, muitos menos um filho. 

Um fato que fica sem respostas. Não conheço a fundo os personagens dessa história. Apenas, assisti àquela cena onde os atos me chamaram a atenção. Creio que dificilmente os encontrarei no mesmo local e situação. Muitas coisas vemos, ouvimos e mesmo comovidos e cientes, permanecemos inertes em nosso lugar. 

Isso tudo aconteceu numa fração de menos de três minutos. Uma jovem mãe amargurada, um adolescente maltratado, naquele momento (...). Uma cena que cruzou minha visão e a partir daí eis que faço um recorte. Não tem nenhum final neste enredo. Tenho certeza que em nosso bairro, ou na rua que moramos, outras histórias como essa acontecem debaixo de nosso nariz e ainda assim, de tão atarefados que estamos realmente deixamos de perceber. Encerro aqui, por ora, rezando por este garoto e também por sua mãe e ao mesmo tempo, com a certeza de que temos muito a aprender com os animais.


"Enquanto os animais cuidam ...




os humanos tratam assim..."


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O teatro



No silêncio vazio do palco, a solidão angustiante torna-se novamente protagonista. O que fora luzes, cores e movimentos, com a retórica e o reflexo das palmas, agora jaz inerte por trás das cortinas. E quando elas se encerram começa a verdadeira cena. A cena real. Bandidos e mocinhos destrocam seus papéis. É hora de separar os meninos dos homens. Cada espaço, cada traço, cada fala re-significa-se no íntimo de seus atores. É hora de enfrentar a pior de todas as cenas: enterrar o herói e encarar o seu algoz. O que fora espetáculo de sonho, amor e alegria, percorrido por entre os caminhos da realidade, da dor e da tristeza, sucumbe aos planos e suas dimensões. Emerge-se para a vida trazendo à tona seus piores pesadelos, seus medos. É o mundo! Tão sóbrio e tão bêbado; ora fantasiado, ora desnudado; onde as flechas são reais e o vermelho é sangue vivo. As flores que estão no vaso da sala são de plástico. Não há perfume. O cenário é fictício, mas quisera fosse verdadeiro. Pois, ali o deleite é permitido sem perjuras. És o que és, ou o que gostaria de ser. Diga-se, de passagem, cada ato é um romper-se de sua mesmice. E por mais que eles se repitam constantemente, ainda assim, há motivos reencontrados. No canto da sala uma mesa e suas cadeiras. É o recanto inocente do doce encontro planejado. Sonhos vividos no cenário de um palco que faz da ausência do passado a esperança presente de que um dia, ainda, quem sabe, aconteça. No desfecho de cada noite, no sombrio e escuro silêncio, meus fantasmas me aguardam. Sorriem e me aguardam. Não ousam atentar-me a remexer no baú. Ele também está aberto noutro canto da velha sala. De particularidade do cenário à peça real da vida. É este palco (da vida) que agora protesta contra a morte. Derradeira coadjuvante que espera, um dia, encerrar o espetáculo e roubar a cena. De volta ao mundo, não sei qual dos palcos é o mais real, o da vida emergida e encontrada na entrega dos atos de cada cena ou a que, em sua falsa liberdade protocolizada, é obrigado a ensaiar e viver como determinam as regras. Quando se abrem as cortinas, há sempre esperança de que, após o fim, a magia e a beleza perdurarão. Quando se abrem os olhos em cada manhã, há sempre um motivo para vencer seus medos. Por fim, todo homem morre, mas nem todo homem vive. Que se abram as cortinas! É hora de entrar em cena.


quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Esses caras não aprendem!


As passagens bíblicas que mais me aguçam o pensamento, com certeza, são as que Jesus sempre quebra o protocolo em prol de quem precisa, sem se importar se ferirá as regras do sistema. Burlar a lei, mesmo que em prol da vida, era algo considerado como blasfêmia, ou seja, totalmente proibido e passível de punição. Claro, que, conforme relatam as escrituras, um dia conseguiram, enfim, prendê-lo. Foi acusado de agitador, blasfemo, herege por descumprir as normas. Sentenciado e morto, seus ensinamentos, sua conduta, sua vida em si, ecoam até os nossos dias e ainda causam uma verdadeira revolução.

Um santo, revolucionário, questionador nato, uma voz que se fazia ser ouvida e respeitada. Isso sim! É cômico imaginar a cara dos sentenciadores, os mestres da lei, quando, diante de cada questionamento por eles feito, Jesus dava uma prova viva de que o amor, a vida e a dignidade humana estavam acima de qualquer norma social. Seria aquele momento vago em que os indivíduos se entreolhavam e sem dizer nada apenas pensavam: "Ih! Lascou geral! O cara nos pegou de jeito!" Tamanha sua sabedoria, não poupava palavras nem gestos para dizer as verdades necessárias, independente da "patente" de quem lhe questionava.

Jesus perdoou o pecado do paralítico quando colocaram-no em sua presença pelo telhado. Ele se admira com tamanha fé. Porém, o espanto dos mestres da lei foi simplesmente inquisidor no íntimo de seus corações. Consideraram aquelo ato de Jesus, que perdoa os pecados de quem Lhe procura, como blasfêmia. Deviam pensar: "Quem esse cara pensa que é? Chega-chegando, fazendo e acontecendo, expulsa demônio e nos dá lição de moral?!" Jesus, ciente de tais pensamentos ordena ao paralítico que se levante e saia carregando sua cama (Marcos 2,1-12).

O Nazareno agitador fora questionado por que somente os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando, enquanto os seus não o faziam. Noutro momento também o questionaram por que seus discípulos arrancavam espigas enquanto caminhavam por um campo de trigo, em dia de sábado (Marcos 2,18-28). Novamente, os fariseus e os partidários de Herodes falavam entre si por que Jesus realizava tais curas, descumprindo assim as leis sagradas. Nesse evento Jesus cura o homem da mão seca também em dia de sábado. A conspiração contra Ele crescia e já tramavam sua morte (Marcos 3,1-6).

Bom, e se eu te disser que essa inquisição hipócrita ainda existe? Não vou enveredar pelo caminho das religiões, pois cada uma tem as suas "santas e inquisidoras regras". Também não quero me entranhar nas quase 3000 páginas do Catecismo da Igreja Católica (CIC) para discutir "regras". E nem que eu fosse formado em Direito Canônico também não me valeria disso para enfatizar as discussões. Na verdade, creio, que o CIC é um instrumento para nortear as pessoas e suas comunidades, levando sempre em conta o local, a cultura e principalmente a diversidade. O engraçado é que alguns falastrões usam de seu "rigoroso conhecimento" para impor como leis, e o que seria objeto de comunhão passa a ser instrumento de sentenciamento e exclusão. E viva a santa inquisição! E viva a selvageria da idade média presente na cabeça dos patetas do poder! E viva o urubu de Cuiabá, o RPM, o batman, Paulo Ricardo! Viva também o matemático esmilingüido e seus adeptos aquinóides, aquele que como escritor, pregador e estrelinha seria um professor mediano! 

De mais a mais, guardo apenas uma frase que está acima de qualquer guarnição da ala carismática católica e seus pregadores de blá-blá-blá que adoram show e palco, microfones e holofotes: "O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado", por um certo Moreno de Nazaré. 

Outro detalhe importante: atentem-se porque Francisco é o cara que veio pra revolucionar essa bagaça! "Uai, não sei como foi que aconteceu, só sei que foi assim!" Chupa essa manga! 

Esses caras não aprendem, né Chico!?