sexta-feira, 29 de abril de 2016

"Dabar", aplicabilidade e transmissão


Partindo do cenário eclesiástico mundial, numa hierarquia que descende a partir de Roma (Vaticano, Papa), encontramos não apenas uma forma diferente de ser igreja e levar a mensagem do Evangelho que cada "comunidade-líder-região" têm mas uma vasta diversidade eclesial. E nesse grande espaço encontramos as contradições com os princípios da igreja e as deturpações inocentes ou ignorantes.


As portas abertas que o Papa Francisco mencionou em um de seus discursos faz jus à situação exposta nessa questão. Os obstáculos gerados pelos fiscais da fé, de proporções incomensuráveis, repercutem diretamente, não apenas na visão que se tem da igreja, mas em sua própria caminhada da base ao topo da hierarquia.

A incompreensão do verdadeiro sentido da ação evangelizadora é o ponto principal onde a aplicabilidade e transmissão do Dabar (*) não acontecem, uma vez que, a escuta e a ascese espiritual sequer foram esboçadas. Se não há compreensão existe uma falha no sistema que é responsável por repassar a informação.

Como dito em discussões durante as aulas, as ideias que partem de Roma, especificamente de Francisco, tem vindo diretamente ao encontro da sociedade que almeja por uma voz que interceda por ela. Francisco é essa voz mas na mesma proporção que angaria seguidores e fieis, aumenta o número de pequenos grupos ou facções contrárias, Esses grupos não levam a real mensagem e por vezes a desarticulam.

Recentemente um artigo sobre a Teologia do Inferno, onde o Papa começa a explanar sobre a inexistência de um inferno eterno, é um exemplo próximo e em vias de culminar numa maciça discussão sobre o procedimento e as palavras do Papa. A questão em si, em que ele argumenta que um Deus misericordioso não deixaria de perdoar os pecados de um filho, não serão levados à cabo.

Enfim, a igreja é múltipla mas se engessa em posições que não permitem a libertação de seus fiéis. O Dabar permanece inalterado e inerte. É como se este cenário eclesiástico fosse se auto dividindo em células à medida que Francisco tende a aproximar e dar novas percepções. 

(*) Dabar: do hebraico, significa palavra.


Avaliação bimestral da disciplina de Tópicos Especiais de Teologia Fundamental, 
Profº Márcio Fernandes da Cruz, 
Curso de Teologia - FCU
Aluno Ailton Domingues de Oliveira
07/04/16

quarta-feira, 27 de abril de 2016

A vida tem e a morte vem


Eterna é a morte
A sua dor é eterna
O vazio que causas é eterno
Resiste na memória a lembrança
Lembrança que angustia

A vida é o início da eternidade
Eternidade que se estende após a vida
Aos que permanecem na história
Consola a memória dos que antecederam na partida

A certeza que se tem é que um dia partiremos
Cedo ou tarde iremos
O tempo se encarrega de reorganizar a vida dos que ficam
As lembranças vão se diluindo na rotina desse tempo
Dias que as dores se intensificam
Dias que não sucumbimos em nós mesmos

Não existe topo nem prêmio na chegada
Caminhamos para um fim,
Imediato ou distante fim
É fato
O prêmio é a caminhada
O topo de tudo é a constante caminhada
Cada instante é uma chegada
Que fica registrada nesse tempo

O deleite da poesia
Permite a ousadia de não almejar ônus
Nem qualquer manejo de vislumbre ou vitrine
A doce e insana rebeldia
Insiste em pintar o vento e sua dança
Fazer loucuras em tempo incerto
Sonhar a vida em estações de outono
E desdenhar da morte que um dia vem

Poetisar a vida e esquecer da morte
Não há por onde
Cada estação, cada momento é chegada única
E um dia não mais continuaremos
Pois será a estação última


terça-feira, 26 de abril de 2016

Rebeldia indomável


Recebo de coração
Caro Capitão
Essa poética missão (...)
(...) E em poucos falares
Já me agracias
Com teus pensares
Ao proferir que rebeldia
Faz parte dos poetas
Pois são indomáveis
Como cavalos selvagens
Com um coração que não se aquieta...

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Ventos caídos


Solidão do vento
Carrega consigo pra longe
As folhas caídas no tempo
Endossando sua força no ontem
Sua luta, seu fim, seu regaço
Limpa a terra do meu chão
Refresca o suor do meu cansaço
E arranca do peito essa solidão

Solidão do vento que arrasta
Traz do horizonte pra perto 
O brilho da estrela caída que passa
E devolva meu rumo ao deserto
Na noite escura e tão fria 
Sensações que habitam meu sertão
Espero assim a tua luz que irradia
E refresque a dor da solidão

Solidão do vento que vai
Que transpõe os limites do céu
Agita a água que cai
Levanta a terra e se assenta ao léu
Que derruba a flor do jardim
E joga suas cores ao chão
Que tira a rosa do espinho em mim
E devolve a minha solidão

terça-feira, 19 de abril de 2016

A morte orquestrada pelo sinédrio

Havia um propósito. A missão foi cumprida com suor, lágrimas e sangue. Seu destino? Morte de cruz. Antes porém, muita tortura, insultos, cusparadas, chicotadas, bofetões e um bando de carniceiros que representava a moral. Pessoas de destaque na sociedade que tinham peso em suas falas, mesmo se fossem falsas.

A última ceia é o ápice. Referência maior do amor e da caridade. Despojamento total de Si. Entrega. Ali, seus amigos, traidores e covardes, partilham o pão e o vinho. Angústia que precede o medo. Dor maior ao receber o beijo. A emboscada estava armada. Começaria então o Seu calvário.

O processo que resultou na morte de Jesus estava amparado pelas leis. O episódio orquestrado pelo sinédrio foi uma conspiração para calar a voz Daquele que questionava as leis de seu tempo. Homens do poder nunca admitiram que um filho de carpinteiro tivesse tanto conhecimento de causa e ousadia nas palavras. Todas as vezes que tentaram fazê-Lo cair em contradição o Moreno de Nazaré os deixava perplexos com sua sabedoria.

De Pilatos a Herodes, de Herodes a Pilatos, Jesus foi ultrajado e humilhado. O povo foi incitado a clamar por sua morte. Os mestres da lei tinham essa maestria. Eram políticos, sumo sacerdotes. Entre um bandido condenado e um revolucionário que dizia a verdade e questionava as estruturas políticas e religiosas, optaram pela soltura de quem já estava impregnado pela corrupção. O filho do carpinteiro seguia rumo ao seu martírio.

A morte de Jesus foi também um evento portentoso para servir de lição a todos os que pudessem atentar contra a lei. Nada poderia depor contra a lei e os que a representavam. Haviam questões políticas, sociais e religiosas envolvidas. Abrir os olhos do povo à justiça e conduzi-los à sua liberdade, direito divino por sinal, era um perigo real.

Em extrema força os soldados abriram seus braços e o pregaram sobre a cruz. Fato que olhares românticos não enxergam e pensamentos mágicos não percebem. Torturado e questionado até o último instante, ainda assim não voltou atrás em nada do que havia dito. Honrou sua palavra até o fim. 

A conspiração armada visava manter a estrutura de poder intocável. Se o descrédito às leis da religião se entranhasse no meio do povo aqueles doutores da lei, sumo sacerdotes ornados de pompas, orgulho e vaidade, estariam literalmente sepultados vivos em suas túnicas. Acreditaram que calando o "Profeta do povo", o líder, tudo deveria voltar ao seu devido leito. Essa era a ideia. Porém, a história mostra que as palavras desse revolucionário e libertador ultrapassaram séculos e continuam ecoando a todo tempo. 


quinta-feira, 14 de abril de 2016

É de sonho e de pó

"É de sonho e de pó, o destino de um só..."

Chegado no local como de costume logo percebi o canteiro da frente limpo. O mato arrancado permanecia ao lado. Quem o fez com certeza retornaria para solicitar alguns trocados como pagamento pelo serviço prestado. 

Passaram-se pouco mais de uma hora e o interfone tocou. A voz de um homem apresentando-se como o autor da benfeitoria, de forma humilde um "café" pedia. Enfaticamente despachei-o de imediato. Ele se foi e eu permaneci conscientemente inquieto. Estava errado. Não poderia ter encerrado a conversa daquele jeito sem ao menos olhar seus olhos. Algo maior motivou-me a ir ao seu encontro. Estava a mais de uma quadra de distância. Tive de correr.

Chegando, perguntei-lhe se foi ele quem tinha feito o serviço. Apresentei-me e quis saber seu nome. Olhar manso. Semblante cansado. Mãos sujas e calejadas. Uma faquinha no bolso traseiro de sua calça era a única ferramenta que dispunha. Nenhum vestígio de álcool. E, mesmo se houvesse, não importava mais. Eu devia-lhe algo muito maior do que a retribuição material. Devia-lhe uma merecida atenção, um olhar humano que honrasse a sua pessoa. Respeito que quase faltei-lhe com minha prévia omissão.

No caminhar de uma quadra até o início de tudo apenas seu olhar de esperança e gratidão e da minha parte o sentimento de ter sido tocado no coração...Ele prontamente se pôs a limpar a calçada e o restante do canteiro. Pediu-me um saco de lixo para juntar a sujeira. Levei-lhe antes um copo com café. 

O olhar é algo que dispensa palavras. O dele é inigualável e tive a sensação que foi recíproco. Fomos tocados. Assim que ele terminou o serviço me chamou. Entreguei-lhe um valor que, tenho certeza, ele mesmo não esperava. 

Agradecido ele partia satisfeito quando ainda ofereci-lhe uma marmita de comida. Novamente seu olhar transmitiu serenidade e bondade em agradecimento. Arrumei e entreguei-lhe. O fato pode ter se encerrado no tempo de algumas horas desta manhã mas a memória não. Ele voltará... Obrigado, senhor Eduardo!

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Escritos em todos os tempos


Escritos em tempos
De todos os tempos escritos
Nas tempestades e nos desertos
Na masmorra e no sertão
Do socorro à vitória
Do solo à glória
A solidão que virou poesia
Na água da chuva que varria
O vento enlouquecido que abanava
Ora a lua sonhadora que chorava
O intenso mato com orvalho
Escondia a borboleta em seu calvário
A singela brisa que socava
A cara do idiota na esquina
O sol ligeiro que esquentava
A mente hipócrita do sovina
De tantos tempos que jazem calados
No reduto escuro sob estrelas
Ecoam flores de um sonho eternizado
Há quem as perceba na vez primeira
Quando os olhos perdurarem cerrados 
Neste tempo de agora
O escrito é liberdade que aflora

Das lutas nas tempestades

"Liberdade, liberdade, 
Abre as asas sobre nós
Das lutas nas tempestades
Da que ouçamos tua voz"



"E o que há de vir não é o broto. O que almejam no que há de vir é praga. Um velho conhecido inimigo de tantas guerras. Desconhecedores da história e alfabetizados ignorantes aclamam pela derrocada insana na possível chegada do aniquilador sem escrúpulos. Este que se mascara de salvador. O covil anda em orgia sob o manto da falsa moral e por vezes religiosa. Libertaram antigos monstros. O opressor fareja sangue. Na terra vermelha de tantas labutas o espírito da liberdade ecoa gritos ao céu da pátria. A batalha se afunila mas a lona não é o limite nem o fim. Com ópio ou com dor, eis o que nos legaram: silêncio inquisidor. O poder?! É por ele que meus heróis se corromperam. Foi por ele que meus inimigos renasceram. É o fim de uma era e o infeliz começo incerto de um caos iminente."

Submundo invertido


Surrupia-me o tempo
O silêncio e até mesmo a dor
Aonde quer que vá
Em vão se me vou
Aflições de um submundo invertido
Mal conduzido
Mal sabido de si
A torturar-me pelas visões
Santidades em desvalor
Atrocidades em nome do amor
São hipócritas em profanações
Sentimento em quimeras
De uma esperança, às vezes tímida
No silêncio desta guerra fria
Andar pelas ruas sem conhecer o olhar algoz
Um inimigo social tão íntimo
Como o cão que ladra
Divergências, caos
Momentos solos, de receio
E por quê não o próprio medo?
Esperança... é o que se tem pra hoje...

terça-feira, 12 de abril de 2016

Tempo de silêncio


Do tempo que me fora dado
Pouco tempo ainda, não sei
Pra ser pensado e sonhado
Não importa o que já foi
Está selado na memória

Do tempo eterno que durou
Foi semente e esperança
Horizonte e andança
Na calada da noite se findou
Foi plantada na história

Do tempo ao tempo que agoniza
Rumo ao presente certo
Pés descalços pelo deserto
Mãos que agarram pela vida
É caminho, silêncio e solidão

Do tempo em tempo que vem
Que vai, se distrai, se esvai 
Nada dura, só perdura e cai
Para dentro, para sempre, para o além
É o sozinho, a dois, pelo sertão

Impossibilidades




Vagava no tempo
No desespero da necessária solidão
No ócio da não-espera
E incitava contradições ao coração
Com o apego nas impossibilidades
Nada seria real

E neste mesmo tempo
Sob o mesmo céu
Encontrei-me no teu olhar
E a impossibilidade do amor
Arrebentou com minhas passadas largas
E ao teu lado redescobri o mundo em nós...

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Guerra dos Mundos - Parte VIII - O autêntico vs O maquiavélico


Dois homens. Um mundo. O primeiro detinha o poder do mando. O segundo, o talento na alma. Ambos, ocupavam o espaço da arte de ensinar. O que os distinguiam, além do talento e do sentimento pelo o que faziam, era a verdade que expunham.

Tão tarde observei que aquele que tinha também o ofício de ser chefe naquele reduto, possuidor de um sorriso sempre aberto em sua expressão facial, gentio, atencioso, cativante, era também o falso.

O segundo, além de todo o conhecimento que possuía somado com o talento no que fazia, era antes de qualquer coisa, sincero. De poucas palavras porém, dava-se apenas ao trabalho de cumprir com honras a missão a qual fora designado.

O talento autêntico não durou muito. Sua missão foi curta mas a cumpriu com inigualável destreza, deixando sementes vivas na alma de quem acolheu. A partida imediata deu-se por motivos torpes. Sentimento vivo e totalmente enraizado em seu mundo, não conseguiu a diplomacia necessária para ser tolerante com os críticos sem conhecimento.

Esta talentosa persona era um risco iminente ao legado do maquiavélico que não desperdiçou a oportunidade para livrar-se de seu colega algoz. Foi-se um mestre mas suas palavras ainda perduram. E na contrapartida desse joguete o giro do mundo encarregou-se de mover as peças contra o falsete. Sua dispensa não demorou a chegar. Permaneceu mais tempo que o necessário, uma vez que seu conteúdo era pequeno, desconexo e medíocre. Profissionalismo, diga-se de passagem, nunca houve. As portas fecharam-se ao falastrão que mantinha sempre a falsa política moral como seu cartão de visita. 

Na Guerra do Mundos há no mínimo dois lados, duas vertentes, e muitas condutas. Nem sempre a melhor aparência é a que mais tem a oferecer. Desta vez, aquele que politizava a seu favor não teve significado suficiente para garantir sua continuidade institucional... No giro do mundo, ele também rodou.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Tomé tocou ou foi tocado?

(Reflexão inspirada na homilia do dia 03/04/16,
por Frei Geovane Santiago - Jo 20,19-31)

E de repente, a única esperança que lhes restava, justamente a palavra Daquele que revolucionara suas vidas, foi estremecida e dissipada com Sua morte de cruz. Imagina-se o quão perdidos ficaram os discípulos! Mesmo tendo convivido diretamente com o Jesus de Nazaré, escutado Seus ensinamentos e presenciado Seus milagres, ainda assim a fé desses seguidores mais próximos foi totalmente abalada. Nada mais importava pois a única voz que lhes dava sentido havia sido calada...

"A paz esteja convosco!" A tristeza foi quebrada e deu lugar à alegria quando Jesus pronunciou estas palavras. Os discípulos reunidos a portas fechadas, por medo de perseguição e retaliação, uma vez que os seguidores de Jesus ficaram mal vistos na sociedade principalmente após Sua morte, foram surpreendidos. Ele apareceu no meio deles e após a saudação mostrou-lhes as mãos e o lado. A tristeza se dissipa com a alegria do reencontro e o medo é superado por uma encorajadora exortação.

Nesta aparição de Jesus, Tomé, um dos doze, não estava presente. Os outros discípulos contaram-lhe depois mas ele não acreditou. Dídimo, nome pelo qual Tomé também era conhecido, carregado pela tristeza da morte de Jesus, por quem havia depositado toda a sua confiança, frustrado pela ausência Daquele que trouxe-lhe uma nova razão para a vida, foi além nas palavras: "Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei."

Tomé carrega muito mais do que tristeza em seu coração. Traz também a angústia, o medo e principalmente a frustração pela morte Daquele que sempre teve palavras de vida nova e prometera a vida eterna. Talvez ele imaginasse que o desfecho deveria ter sido outro por parte do Homem que se dizia Filho de Deus. Talvez, em certos momentos, tivesse sentindo-se enganado. E tudo isso fez com que suas palavras fossem tão carregadas de mágoa e dúvida. Uma mágoa que causava-lhe incômodo e aguçava-lhe a esperança. Uma dúvida que maquiava o desejo de que a notícia fosse realmente verdade. 

Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa. Desta vez Tomé estava presente. Portas fechadas e Jesus pôs-se no meio deles. A saudação, como de costume e depois disse a Tomé: "Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel." Nenhum relato de que o incrédulo discípulo tenha tocado de fato em Jesus como havia dito aos outros que faria. O mais longe que podemos pensar sobre sua reação é que a tristeza, mágoa, dúvida, incerteza, medo, tudo se dissipa diante do ressuscitado.

No contra ponto desta narrativa algo sublime renova o coração fragilizado do discípulo que tivera sua fé abalada. Jesus vem ao seu encontro. E apesar da ausência de relatos sobre a aproximação de fato, notoriamente a simples fala de Tomé mostra o quanto fora tocado por Jesus. Talvez tenha sentido-se envergonhado diante do Mestre. Talvez, não contivera as lágrimas. Talvez, quisesse ter falado mais neste encontro, talvez... Mas, a chegada do ressuscitado simplesmente apazígua seu coração e devolve-lhe a fé: "Meu Senhor e Meu Deus!"

Mulher ao Extremo


Ela. Manicure e do lar. Desde sempre. Casada. Três filhos. Marido alcoólatra. Ele perdeu o emprego. Divorciaram. O filho primogênito entrou para o tráfico. Andou preso. Tornou-se pai. Ela cria e cuida do neto. O mais novo percorreu o submundo das falsas seitas. Depois também andou preso. Mesmo motivo. O do meio morreu. Acidente vascular cerebral. A vida da Mulher reduzira-se a decepções e superações. O câncer decepou-lhe um seio. A pouco fez implante de prótese num dos ossos da perna. Câncer novamente... Nada disso tirou-lhe a fé! Sim! Esta Mulher existe. Eu a conheço. E por motivos vários seu nome fica registrado apenas como Mulher. Mulher ao Extremo. Diante de tantos cenários sua alegria permanece a mesma. A mesma voz. O mesmo empenho. O mesmo brilho no olhar. O mesmo jeito. Apesar do peso acarretado pelo tempo, sua esperança é vibrante. Apesar de todas as peças que lhe foram pregadas no palco de sua vida, seu protagonismo é ímpar. Sua fé é invejável. Que essas palavras lhe sejam levadas pelo tempo, pelo vento, pela brisa, em forma de oração. Oração que fez da sua vida uma inspiração...