quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Relatos literários - "Sorria, você está sendo lido"


Essa semana um senhor entrou aqui no meu trabalho. É a segunda vez. Um homem de boa conversa, simples no vestir mas com assuntos que dariam horas e horas de prosa. Rico em sabedoria de vida, experiente na travessia, belo em conhecimento. O tipo de pessoa que a gente não percebe o tempo passar quando estamos juntos dela. Fala com o corpo e olha nos olhos. Apesar dos trajes simples e sujo, é um construtor que dispensa ostentação. Ele sabe que é travessia e que nesse mundo somos uns pelos outros. Ao se despedir, pegou esse pequeno livrinho nas mãos, abriu, leu, fechou e colocou de volta no lugar. Olhou-me e disse: "Esse livro faz toda uma diferença aqui na empresa. Livros fazem a diferença. Quem chegar, se não estiver de bom humor, já vai se monitorar ao ver isso aqui. Pode espantar energias ruins. Parabéns!"

Relatos Literários - "Nunca é tarde para aprender"




Relatos literários.

Há tempos venho brigando (no bom sentido) para que minha mãe lesse alguma coisa. E agora ela está empenhada na leitura do livro Persuasão, de Anselm Grün. Abordagem tranquila, linguagem simples, conteúdo profundo. E faço questão de perguntar sobre as partes que ela mais gostou. O fato dela se esforçar para transmitir com suas palavras aquilo que de fato ficou entendido é um exercício importante. 

Numa outra pegada, a 630 km de Uberlândia, meu pai (68 anos) começou a aprender a tocar viola. Quando me contou, de forma bem tímida, notei que estava com vergonha ou com receio do que eu poderia responder. Talvez, tenha imaginado que eu pudesse jogar água fria naquele pequena brasa de vontade e sonho. Simplesmente me emocionei e disse pra ele que gostaria que ele gravasse um vídeo em cada aula que fizesse e fosse me mandando. E isso tem acontecido. Ele me manda vídeos, tocando viola numa nota só, sem perder o ritmo, e cantando. Isso não deixa de ser uma leitura musical.

Algumas pessoas aqui eu conheço de longa data. Outras, um pouco mais recente. Mas, independente do tempo, aqui estão pessoas que admiro, respeito e carrego sentimentos vários. Um orgulho estar aqui com vocês. Poderia até falar um pouquinho sobre o que cada um me transmite e sem precisar dizer em palavras, mas não agora.

Que possamos continuar sendo Travessias para quem quer que cruze o nosso caminho. Nada mais apaixonante, terapêutico, libertador, regozijante e que nos enche de orgulho do que ver as pessoas que amamos buscando conhecimentos. É lindo ver crianças aprendendo a ler e escrever. É maravilhoso perceber que elas estão tomando gosto pela leitura, pois só assim terão senso-crítico, bom senso e discernimento. E é preciso, muito mesmo, convidar e motivar as pessoas de mais idade a mergulhar nesse universo literário. 

Que a leitura nos seja um alimento diário por onde quer que nossa travessia nos leve.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Felicidade não se possui - parte II



"Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura"

(Milton Nascimento - "Caçador de Mim")

Quanta mística, quanta espiritualidade, quanta sensibilidade, quanta luz... essa obra de arte carrega. E a arte tem em si, de forma tão potente, única, mágica, o poder de transcender para além de qualquer fronteira, seja em nós, seja física, seja emocional... 

E assim, retomo para a continuação de "Felicidade não se possui - parte II", caçando cada vez mais por aquilo que me possibilitará estar feliz, que seja por um momento, um tempo, um dia, uns minutos ou uma fração de segundos. Se o milagre acontece quando a gente vai à luta, que essa luta seja incansavelmente gostosa, saborosa e que cada esforço valha a pena. Se a vida se dá é no meio da travessia, como escreveu Guimarães Rosa, e eu não canso de repetir, que façamos isso intensamente. 

Bom, mergulhando de volta na questão da felicidade, penso e acredito que 
a gente nunca, nunca e nunca, seja no individual, na parceria, no coletivo, a gente nunca vai ser feliz. Sabe por quê? A felicidade não é um negócio que você vai ter e nunca mais vai te faltar. Vamos ter possibilidades de estarmos felizes em diversas situações. Podemos estar felizes fazendo o que gostamos, ao lado de quem a gente ama, e mesmo assim, estando ao lado de quem a gente ama e fazendo aquilo que gostamos, nem todo dia, nem todo momento, nem toda hora e segundo, estaremos felizes. Tristezas e decepções permeiam os momentos de felicidade. Estar ciente disso, é estar maduro o suficiente para superar todas as nuances enquanto a felicidade está ausente. A felicidade será cada vez mais constante cada vez que conseguirmos superar situações adversas.

Não existe fórmula, não existe o princípio da felicidade, não existe uma receita para a felicidade e nunca vai existir. E quem vende isso, quem coloca dessa forma, como os gurus da mística, da espiritualidade e da mídia, sejam eles, coaching's, líderes religiosos ou influencer's, que descobriram uma forma de encantar a quem, principalmente, esteja passando por um momento de fragilidade e assim vendem seus produtos em forma de receita pronta, e que tudo resolverá se você seguir o passo a passo ali descrito. Mas, e quem faz tudo o que está nesse manual e mesmo assim não consegue romper os obstáculos e tampouco alcançar ou conquistar a tão desejada felicidade? Essa pessoa estaria condenada à infelicidade eterna, fruto de suas escolhas, ou de sua falta de fé, ou de sua falta de sorte, ou abandonada pelo seu Deus ou deuses? Há uma responsabilidade muito grande quando se quer atingir públicos em massa, porque ao jogar a ideia, a fórmula pronta para todos sem saber da história de cada um é criar um mecanismo de pura concorrência, não levando em conta a individualidade de cada um. Quem conseguir encontrar a felicidade através da fórmula é merecedor e quem não conseguir, por questões das mais diversas imagináveis, pode se considerar um fracassado, um derrotado e isso impactará de tal forma negativa na vida dessa pessoa que contribuirá apenas e somente para deixa-la pior. Por isso que existe a terapia individual, que é realizada pelo profissional competente. Existe terapia de grupo, que também segue um formato devidamente ético e responsável. 

A questão é que a felicidade nunca funcionará dessa forma como os midiáticos vendem. Se não tivermos consciência de que a felicidade são momentos, estaremos fadados a nos sentir fracassados, segundo o padrão colocado pelos gurus. Fujamos dos padrões impostos, sejamos autênticos em nossa busca e em nossas escolhas. As pessoas amamos são as que mais nos deixam felizes, mas também são as que mais nos decepcionam. Uma pessoa aleatória, a qual não faz parte do nosso círculo de vida, no máximo conseguirá extrair de nós um momento de desprazer, de raiva, que poderá gerar um desentendimento. Passada a situação, seguiremos nossa vida normal sem lembrar da existência da mesma. 

Precisamos nos reeducar na forma de pensar, entender e aceitar o que de fato está na questão da felicidade. Nada vem pronto. Nada será tão fácil como padronizado nos bonitos e sensíveis discursos de quem diz ter vencido na vida após longas batalhas de superação. A busca não pode se resumir numa desenfreada luta para "ser feliz". Quero ser feliz, porque aquele "guru" é feliz e tem a receita da felicidade. Isso é balela pra vender produtos de auto ajuda, o que de fato não seria ruim, se houvesse uma responsabilidade em dizer a realidade e não a idealização inescrupulosa em palavras bonitas. Se considerarmos a felicidade como algo a ser buscado como meta, acredito que também não funciona. Felicidade não é uma linha de chegada, um topo da montanha a ser alcançada. Longe disso. A felicidade está em vários momentos da corrida, em vários pontos da subida, quando você para e contempla toda a paisagem e a natureza ao redor, por diversos ângulos e isso te sacia a alma de forma que não existem palavras capazes de descrever tamanha emoção. A felicidade está diretamente ligada ao verbo "estar". A felicidade é ação, movimento, requer atitude, requer renúncias também. 

Que sejamos capazes de ampliar nosso horizonte para captar as inúmeras paisagens, que possamos ter ciência da nossa capacidade de movimentar nossa vida e sensíveis para os momentos que de fato estamos felizes fazendo aquilo que gostamos, ou ao lado de quem amamos, ou apenas cultivando flores, narrando fatos, fazendo poemas, cantando paras os animais. Que tenhamos senso crítico e respeito por nós mesmos para que consigamos nos libertar dos padrões impostos e ter clareza que cada um é o seu próprio padrão, o seu próprio universo a ser explorado, assim como diz a música "Caçador de Mim".

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Felicidade não se possui - parte I


O ano era 1998. Exatamente 20 de agosto de 1998. Próximo de completar meus 22 anos de idade, ainda na cidade de Piraju, interior de São Paulo, recém formado em Administração de Empresas e com  exatamente 8 anos na farmácia da minha querida amiga e grande irmã da vida, Heloise, a qual compartilhamos muitas experiências, situações adversas entre alegrias, frustrações, superações, apoio incondicional e parceria de alma. Nossa amizade está para além de lindas palavras. 

Nesse tempo, participava ativamente em várias instâncias da Pastoral da Juventude, como coordenador de grupo de base, representante paroquial junto à Diocese de Ourinhos e membro da Comissão Diocesana da PJ. No ano de 2000 me mudaria para a capital paulista. Uma viagem inesquecível, numa noite fria, em cima de um caminhão lotado de mudança e olhando para o céu estrelado. Mas essa é outra história. 

A data mencionada, 20/08/98, é para trazer à memória um poema que foi musicado. Talvez, mais interessante que o próprio teor da mensagem da música, é lembrar que a inspiração se deu a partir de um bate papo entre amigos. Ah, a importância das amizades em nossa vida é algo indescritível. Sendo assim, faço questão de trazer a letra e a menção inicial sobre a criação da mesma. No final, estará o link aqui no blog, desse poema musicado.

"Felicidade, onde estás?"

Desde que ouvi falar
Dessa tal felicidade
Sai em sua busca
Com toda liberdade

Voei no mais alto dos céus
Percorri vários caminhos
Cruzei mares e oceanos
Mas sempre voltei sozinho

Cantei, rezei e até chorei
Pedi pra Deus manda-la enfim
Mas somente não a encontrei
Porque jamais olhei pra mim


“...Numa conversa entre amigos, sobre a ‘felicidade’, como a conquistar, o que ela seria e representava, a conclusão foi de que nunca damos conta do que habita em nós, sempre buscamos o que não temos e não valorizamos o que temos...” - Ailton Domingues de Oliveira - 20/08/98


Fiz questão de trazer esse escrito para compor alguns pensamentos atuais. A questão é a felicidade, sobre a felicidade, a busca, as fórmulas prontas, o caminho, a idealização e a realidade. A busca pelo "ser feliz" é algo que está além das receitas místicas, triviais, colossais, internéticas, midiáticas, espiritualísticas, mediúnicas, das ciências divinas ocultas do sarapatel milagroso do capim santo e profano... Amém! 

Brincadeiras sérias à parte, faço questão de mencionar uma música que pode muito nos ajudar a refletir sobre a questão da busca pela felicidade. Busca essa que pode muito bem estar sendo mal direcionada. Milton Nascimento, com muita luz, trouxe na canção "Caçador de mim", algo que pode consolidar nosso pensamento acerca da travessia, das lutas, da busca pela felicidade, que muito bem pode ser entendida como a busca pelo próprio eu.

Encerro aqui a primeira parte desse escrito com o link da música "Caçador de Mim" de Milton Nascimento. E na segunda parte, a continuidade pela busca da felicidade numa perspectiva mais crítica e olhares para as ciências e em especial para a essência. 



terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Pobreza de espírito x Delírio de grandeza


Nem parece que recentemente estávamos enclausurados por um vírus que dissipou vidas em todos os cantos do mundo. Mesmo e ainda com a necessidade de doses extras de vacina, para a devida prevenção contra as mutações do coronavírus, a grande maioria das pessoas esqueceu-se da COVID-19. A palavra pandemia já não causa aquele impacto de medo e sensação de impotência quanto causou nas primeiras semanas, em meados do primeiro semestre de 2020. 

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) a pandemia foi decretada em 01 de março de 2020. Apesar de termos retomado às atividades normais de trabalho, lazer, sociais, etc, ainda existem surtos em vários países e regiões do mundo. Foi um tempo sem luz, e até sem perspectivas de superação diante dessa crise de ordem mundial. Mesmo depois de tantos avanços tecnológicos, de tantas potências da ciência empenhadas no desenvolvimento de um antídoto que nos imunizasse, isso não amenizou nossos sofrimentos, medos e angústias. Centenas de pessoas morreram diariamente. 

Além de tudo, ainda precisamos enfrentar obstáculos de ordem política que pareciam se opor à ciência, contra a vacina, contra a cura, contra as vidas humanas... Uma verdadeira inversão de valores em que os eleitos pelo povo para cuidar e proteger o povo, na verdade eram os ceifadores, uma verdadeira máquina de morte contra o povo. Parecia que esse sistema de política excludente estava a favor do vírus e das mortes. Contra fatos não há argumentos. 

Mas, não é esse o objetivo desse texto, apesar de sempre precisarmos refrescar a memória de quem ainda continua cegado por suas ideologias partidárias. Mergulhemos um pouco mais fundo no cerne da reflexão. Considerei importante buscar fatos relevantes de nossa recente história para então aprofundar nas questões da essência.

Voltamos às correrias da vida. Retomamos o controle das situações cotidianas. Vivemos na intensidade das aparências como se não houvessem amanhãs. Enfim, rotinas viciantes em busca do mais, do ter, do conquistar, do adquirir, do consumo sem precedentes. "Vida para consumo", "Modernidade Líquida", "Tempos Líquidos", "Amor Líquido", todas obras de Zygmunt Bauman, descrevem atentamente sobre o consumismo exacerbado que potencializa a sensação de poder em detrimento do ser. E quem precisa do "ser", numa sociedade de memória curta que ostenta as aparências do "ter"? Máscaras?! Só as de maquiagem, ou da hipocrisia, ou da ignorância, ou da inocência ou da conivência. 

Li e ouvi muitas frases conscientes que "sairíamos melhores, evoluídos, com os princípios renovados", após essa pandemia. Isso até pode ter acontecido com uma minoria. A grande massa retomou sua rotina com sede de fazer em dobro tudo aquilo que deixou durante as quarentenas da pandemia. 

Não. Infelizmente, a geração que sobreviveu à pandemia não conseguiu superar a si mesma. O poder de consumo está ainda mais entranhado na sociedade, e nós, os famosos seres pensantes e dito evoluídos, de tão consumistas parecemos vampiros sedentos por sangue. Literalmente sangue humano. O "ter" consegue classificar e definir uma diferenciação entre os humanos. Trabalhamos para ter, e quando temos, precisamos ter ainda mais. Um looping frenético e eterno. Um ciclo inquebrável nas cadeias sociais. Essa espécie precisa reaprender a ser humana. 

A pobreza de espírito se resume naquilo que de fato falta em essência no ser de cada um. O delírio de grandeza é aquilo que sobra exageradamente do resultado das cegas ações em busca de ganho, poder e consumo. O ganho, o poder e o consumo tornou-se premissa religiosamente sagrada para quem precisa de alguma forma romper e vencer. Romper o que? Vencer a quem? Buscamos um algoz, um adversário, um inimigo para justificar nossas lutas, labutas, disputas e condutas. Líderes religiosos, gurus, e a nova onda do coching-ismo (que mistura de tudo um pouco) é o que alavanca o mercado dos milagres imediatos, em especial nas redes sociais. E quando as pessoas tentam aplicar essa idealização coaching-ista, a frustração é também imediata.

Bom, foi uma obra literária, "Cem anos de solidão", de Gabriel Garcia Marquez, que clareou a inspiração para o título desse escrito. Por sinal, obra maravilhosa. Márcia Tiburi, em 2019, nos apresenta uma de suas obras, "Delírio do Poder", que muito tem a ver com o exposto aqui. Uma correlação de duas obras a ser explorada noutra oportunidade.

O que de fato me conduziu para esse assunto foi a observação das pessoas ao redor e perceber o quanto suas rotinas malucas consomem seu tempo e as deixam ansiosas, estressadas e até doentes. Isso, aparentemente, sempre acontece ao final de um período, ou de um ciclo, ou ainda de um dia de intensa correria. Quando chegam em seus lares é como se todo aquele status midiático fosse apagado e ficasse impregnado em suas entranhas apenas o efeito colateral, o cansaço, o esgotamento e visivelmente o mau humor, ora demonstrado sem ressalvas aos que convivem no mesmo espaço. A busca constante e desenfreada sempre deixa uma sensação de vazio, por mais que as metas sejam alcançadas. O sistema, o mercado, a sociedade, o mundo respira e vive isso. Raras são as exceções, que não se limitam a essas regras.

Aqui estão apenas algumas constatações. Se aprofundarmos em pesquisas e diálogos, perceberemos que o iceberg é imenso. De tudo, a finitude da matéria corporal e da vida em si não interessa e não preocupa a ninguém. Estamos, enquanto seres ditos humanos, preocupados com o imediatismo. A pressa não é por uma vida profundamente vivida. A urgência é para estar na crista da onda, no ápice do mercado, no topo do status midiático, ser influencer na vida de um desconhecido seguidor virtual, e ponto. Aparências. Aparências visuais. Aparências em palavras. Aparências em maquiagens. Verdadeiras máscaras maquiadas que os gurus do mercado contemporâneo ensinam como ser diferente num mundo de desigualdades. 

Eles, os gurus, só não mostram sua rotina imperfeita, sua vida de fato. Isso não atrairia os fieis consumistas de seus produtos. É necessário se portar como se tudo fosse uma perfeição de aparências. O mercado exige isso. Quem não consegue acompanhar, não é apto nem digno para tal corrida. E nesse mercado, só é notado quem está em evidência de aparência. Há muito tempo, o conteúdo, a essência, o ser em si deixou de ser notado. Esse status, que também é de poder, segrega em todas as camadas sociais. 

Sem mais delongas para as máscaras maquiadas, ou biblicamente falando, os sepulcros caiados, as aparências portentosas do universo ao qual fazemos parte... Todos necessitamos consumir, ter, produzir, ganhar, sim. Hipocrisia dizer o contrário. A questão é quando isso se torna uma espécie de religião e o que há de mais sagrado acaba ficando à margem da única travessia que não há retorno, nem atalho, nem pausa: a vida. Que o que nos resta dessa travessia, possa ser experimentada de uma forma ainda não vivida nem encontrada em nós mesmos.