quarta-feira, 12 de março de 2025

Resenha Crítica: Os enviados



O enredo, de forma geral, traz uma mistura de tramas que perpassam a fé, a ciência e uma discussão que ora converge, ora diverge entre ambas. Nas busca pela verdade entre o que se supõe ser milagre, fantasia, fraude ou realidade, dois padres com especialidades são enviados pelo Vaticano para investigar os casos e suas repercussões numa cidade mexicana. "O que a ciência não pode provar é milagre", e foi essa a frase que enfatizou grande parte das discussões entre os enviados. 

Não bastasse, a série também traz à tona a influência do poder nas estruturas religiosas do catolicismo, desde os altos escalões às bases mais remotas das periferias e cidades pequenas e esquecidas, social e politicamente. Demonstra-se aí que para que a "verdade do poder" seja mantida, qualquer coisa é feita e a qualquer preço. 

Nesse sistema estruturalmente político de religião e poder, a corrupção se escancara de forma ardilosa. Até que se esclareçam os fatos, a verdade é imposta a qualquer custo. Valem-se das regras a bem de sua reputação institucional, mesmo que pessoas precisem ser silenciadas. E o poder, se infiltra de forma meticulosa influenciando psicologicamente em todo canto da cidade. 

A linha tênue entre o que pode ser algo espiritual e o que pode ser uma doença da alma é a espinha dorsal da história. Os padres, um advogado e outro médico, confrontam o tempo todo o que é real e o que é fictício. Doenças psicológicas e possessões são temas que aguçam e nos prende a atenção do começo ao fim. A medicina e a religião, que traz o exorcismo como ponto forte, são extremos que aos poucos se aproximam e se afastam de uma resposta mais assertiva. Vale a pena!

domingo, 2 de março de 2025

Eu preciso ir a tantos lugares



Eu preciso ir a tantos lugares
De outonos intensos 
A verões selvagens
Caçar tantos cheiros
encontrar tantas saudades

Eu preciso ir a tantos lugares
De invernos aconchegantes
A primaveras esquecidas
Deslizar por nuvens de insensatez
E percorrer vielas de ilusões

Eu preciso ir a tantos lugares
Passados de dores
Futuros de flores
Pintar novas telas
Acender algumas velas

Eu preciso ir a tantos lugares
Ao céu da imaginação
À cadeia da solidão
Ao inferno das guerras
Ao calabouço das feras

Eu preciso ir a tantos lugares
Lutar minhas batalhas
Amolar minhas navalhas
Encarcerar meus demônios
Voar com meus anjos

Eu preciso ir a tantos lugares
Mas não me resta tanto tempo assim
Eu preciso navegar meus mares
Mas não me resta tanto rio assim
Eu preciso viver meus olhares
Mas não me resta tanto sonho assim