domingo, 4 de julho de 2010

História de um domingo

            Domingo. Os meninos brincam no quintal. Lucas é o grande amigo do Felipe aqui no bairro. A diferença de idade não os impedem de vivenciar longas histórias imaginárias neste espaço que se transformou em castelos, florestas, campos de batalhas medievais, e até mesmo numa linda casa habitada por uma bela família, unida e feliz.
            Felipe, com seis anos, é o líder da maior parte das imaginações. Lucas com nove não se intimida e faz parte de toda a encenação vivida neste sonho de fundo de quintal.
            Leio agora “A Cabana”. Ainda no começo, confesso que fiquei um tanto quanto angustiado e comovido ao ler as primeiras páginas. O fato de ter um de seus filhos desaparecidos ou seqüestrado por um assassino me fez cair integralmente neste contexto e me tornou parte viva e interessada em desvendar o quanto antes o mistério do livro.
            Tudo o que tange ao Felipe, como pai, sempre me sinto não só na obrigação social de o educar, mas no sentimento fiel e sincero de o amar e o proteger da melhor forma possível, sem escondê-lo do mundo mas apresentando de forma cautelosa com seus porquês e porens, mostrando sempre o resultado de cada opção.
            Essa noite foi complicada. Felipe não dormiu bem. Alergia, gripe... rinite que sempre o persegue. Falam que tudo melhora com a idade, então torço para que ele cresça rápido e assim pare de sofrer. Mas, ao mesmo tempo é tão bom vê-lo assim, ainda pequeno, ainda posso adentrar suas histórias imaginárias e me transformar em seu herói, que nada teme e tudo vence.
            Noite longa essa... Mas, eu quis estar aqui e como é bom poder estar presente, principalmente quando ele não está bem. Acolhe-lo em meus braços numa tentativa de dizer sem pronunciar que está tudo bem, que tudo vai passar, tudo vai melhorar... Basta confiar em Deus. Queria tanto que seus incômodos fossem transferidos à mim... e que ele paresse de sofrer tanto assim. São tentativas movidas pelo amor e pela fé, de que tudo vai acabar bem.
            Na madrugada, ele se recupera, após o “chá”, de um anjo da guarda... Deus aparece pelos meios mais diversos e se compadece de nosso sofrimento. Sua Perfeição de Pai nunca desampara um filho Teu.
            Nesta noite turbulenta, tantos pedidos de melhora para o Felipe, e ele melhorou. Tantos agradecimentos por estar junto dele, que mesmo no cansaço de uma noite de sono totalmente interrompido não há mal humor que estrague um dia com os raios de sol iluminando nossas vidas.
            Obrigado filho, por ser tão especial e dar tanta razão à minha existência. Obrigado Maria, por fazer parte deste caminhar, de amor e companheirismo. Obrigado meu Deus, pela vida junto aos que amo.

Ailton Domingues de Oliveira

04/07/10