segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Malabares da vida

 


"Se você tivesse acreditado nas minhas brincadeiras de dizer verdades
Teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando
Eu falei muitas vezes como palhaço
Mas nunca desacreditei da seriedade da plateia que sorria"
Clarles Chaplin

O semáforo avermelha para os motores
Enquanto que na contramão das cores
Alguém se exibe com seriedade e atenção
Como se fosse sua última apresentação

Num piscar de olhos bolas giram pelo ar
A sincronia perfeita dos objetos coloridos a desenhar
Traços elípticos que se formam pelas mãos da artista
Para alguns artista, para outros pessoa não quista

Na calçada um carrinho de bebê espera parado
O filho repousa enquanto a mãe faz seu trabalho
Vidros que se fecham, mãos que se estendem
Entre um passo e outro o sorriso sincero que não mente

Quase uma súplica por uns trocados
E quando os motores partem acelerados
A mulher retorna seu olhar e atenção
Para onde bate forte seu coração

Penso que entre seus sorrisos e suores
Há muitas lágrimas camufladas de dores
Sem serem notadas pelos olhares motorizados
O equilíbrio maior é se manter firme e focado

Pessoas que vivem se equilibrando entre os dias
Na linha tênue impostamente margeada pela hipocrisia
São vítimas de uma invisível guerra
Do poder que contaminou esta terra

Quem condenou com o olhar da intolerância
Demonstrou que abundante é o veneno da ignorância
Extirpou o pouco de humano que ali existia
Enrijeceu seu coração e tornou sua alma fria

Entre os malabares da vida
A maior luta não é por comida
É não se abalar pelo olhar indiferente 
E ser tratado com respeito, como gente