segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Sonhos em auto análise: a cobra de cada dia



O sonho se desenvolve num lugar já conhecido de minha saudosa infância. Era a escola Moreira Porto, especificamente na entrada, a qual tinha uma rampa de acesso que passava por três árvore, dava de frente com a biblioteca e logo já estava no pátio onde tudo acontecia. 

Nessa rampa, uma cobra jiboia me dava o bote e pegava no dedão esquerdo da mão. O dedo estava inchando rapidamente e a impressão era a de que iria explodir, enquanto o veneno poderia invadir meu corpo, caso a cobra não soltasse.

Com a outra mão eu segurava o dedo ao qual a cobra ainda estava pressionando. A ideia era simular um torniquete e impedir que o veneno se espalhasse pelo. A dor era demais.

Algumas opções me passaram pela cabeça como pedir ajuda para alguém próximo e de confiança. Puxar a mão e correr o risco de perder o dedo. Cortar a cabeça da cobra, fazendo com que meu dedo fosse recuperado e assim o veneno ficaria sem efeito. 

A cobra pode ser um problema, alguém que está tentando dar o último bote, a última tentativa. Posso deixar o veneno tomar conta, como se não houvesse solução, como se minha única alternativa seria suportar a dor e as consequências desse efeito; com riscos da cobra sempre abocanhar cada vez mais, me consumir mais até que em determinado momento já não saberia a minha identidade. A cobra teria assumido o controle sobre mim.

Cortar a cabeça seria cortar os problemas, vínculos desnecessários, cortar na carne e cortar da vida pessoas e relações tóxicas. Todo corte causa incômodo, dores, reações próprias que nunca tivemos antes, mas depois vem a sensação de alívio. O tempo tem essa função de aliviar tudo. Desintoxicar.

Em muitos momentos, pedir ajuda de quem confiamos não é desmérito. Muitas vezes não temos força nem coragem de fazer algo só e, por medo ou vergonha, nos deixamos consumir pelos problemas e a toxidade que não nos pertence. Pedir ajuda é honroso para quem ajuda e para quem pede.

Uma outra opção e talvez a mais sensata, seria a de que a cobra faça parte dos meus próprios pensamentos, especificamente daqueles que me fazem voltar para lugares de toxidade. Lugares que já deveriam estar enterrados, uma vez que o luto da dor já acabou. A cobra faz parte de mim, ela é o pensamento ruim, o negativo, aquele que me instiga a permanecer no erro. Então, a cobra também sou eu. Anjos e demônios coabitam no ser e assim, estamos todos lutando internamente. 

Carrego meu bem e meu mal. A toxidade que meu ser - corpo, alma e mente - foram testados e forjados, demora para ser eliminada. Por mais que o grau de toxidade não seja mais tão alto, haverá dias em que corpo, alma e mente sucumbirão de desejo de possuir aquela droga, aquele problema, entre outros exemplos. É uma luta constante manter-se livre e liberto de tudo o que nos impede de viver, ser feliz e crescer. Sim, só depende de mim. Depende de querer mudar, depende de não aceitar pessoas e relações tóxicas, depende de compreender que preciso de ajuda.

A cobra mordendo meu dedo pode ser meu subconsciente alertando. É necessário deixar o sistema de defesa em estado de alerta. A cobra do sonho foi eliminada. Sua cabeça foi cortada. No mundo real as lutas são reais, mais intensas e reque cuidados, estratégias, convicção e ação. 

Eu sou o meu maior incentivador, mas posso muito bem ser o meu maior adversário também. Isso só depende do protagonismo que eu assumir: anjo ou demônio. Não vou deixar que o veneno nem a cobra façam parte da minha vida. Esses pensamentos do meu "eu adversário" serão sabiamente eliminados, dia por dia.