segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Crítica: "Dahmer"



"Dahmer"... Respirar fundo é preciso...

Uma pausa para analisar a história recontada nessa série. É macabro, surreal, triste, carregado de angústia, dor, crueldade e ao mesmo tempo, com ausência de empatia, de sentimentos, de humanidade... Se é angustiante assistir, tento imaginar como deve ter sido a sobrevivência dos familiares das vítimas. Tento imaginar como cada uma delas passou suas últimas horas nas mãos de Jeffrey Dahmer. Porém, me abstenho de comentar o que já está bem explicitado em cada um dos 10 episódios da série da Netflix.

Em termos de estudo, para o aprendizado através das ciências que investigam comportamentos como o de Dahmer, vale a pena se atentar. Não dá para olhar com olhos clínicos somente sem se comover pelo lado humano. É um mix de sentimentos que envolvem ao telespectador. 

Da história em si guardo apenas o memorial de fotos das vítimas exposto no final do último episódio. 17 vidas ceifadas, carregadas de sonhos, desejos... Jovens que foram ludibriados por uma mente perturbada e ou maligna e a seguiram para um triste fim.

Atentei-me para um fato que foi contado nessa história e que, não sei se foi perceptível por outros olhares mas, o quanto algumas pessoas se sentiram envolvidas e atraídas por Dahmer após ele ter sido preso. A quantidade de cartas de pessoas que se declaravam como fãs e seguidores era enorme. A maldade também atrai adeptos, mesmo que seja uma maldade que esconde diversos transtornos. 

Transfiro agora para a atual realidade em que vivemos uma acirrada "briga" política. Pretendo ser objetivo em minhas colocações. O bem inspira o bem tanto quanto o mal conquista seguidores. Levando em consideração o tipo de discurso que ouvimos dos candidatos e seus seguidores é nítido entender quem prega paz e quem prega guerra, quem distribui valores e quem escancara manifestações de ódio. 

A exemplo de seus líderes, os seguidores tendem a extremizar aquilo que fica explícito nos discursos e nas ações. Até mesmo a forma de se referir ao adversário, de forma pejorativa e negativa, pode estimular de crianças a idosos. Como combater o bulling nas escolas se temos candidato que trata o outro com falta de respeito? Como combater a violência se o mesmo incita seus seguidores a "metralhar" os do adversário? Como lutar pelas minorias, pelas mulheres, se o mesmo faz piadas, desrespeita e passa um péssimo exemplo à sociedade?

Dahmer ficou conhecido como um serial killer que dopava suas vítimas, praticava alguns procedimentos considerados bárbaros e depois delas mortas praticava o canibalismo. Ainda assim, diante de tantas histórias de perversidade pelas quais suas vítimas passaram, encontrou fãs e seguidores que o idolatravam. 

Hoje, diante do que vemos e ouvimos através de uma análise de conjuntura na política nacional, bem como somos vistos por entidades internacionais de renome e até por líderes de outros países, podemos comparar que o mal, em suas mais diversas formas, atrai seguidores fiéis que estão dispostos a matar em nome de sua nefasta ideologia. 

Nessa era de explícita tecnologia, a desinformação é o carro chefe de quem joga sujo. A polarização chega ao ponto extremo de inventar mentiras para confundir quem não entende e ao mesmo ponto serve para escancarar o mal que habita no lado sombrio do humano mas que agora encontrou um porta-voz que dá liberdade e proteção para seus asseclas cometerem as mais diversas atrocidades. 

A diferença entre Dahmer e um certo candidato brasileiro é que o serial killer matou 17 pessoas enquanto que o "tal" pratica crimes de todas as formas possíveis, seja por ação, omissão, incentivo ao ódio que resulta em ataques contra opositores, acobertamento de seus comparsas, e uma ditadura velada, sem contar as ameaças às mais diversas instituições de poder. O crápula deixou um rastro de mortos, simplesmente por necessidade particular de boicotar as vacinas...