sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Espelhos: portal, retrato e conexão



Na inebeleza das imagens refletidas nos espelhos
Qualquer um que me faça deparar com pensamentos
Sinto e enxergo a reciprocidade do olhar encontrado
Côncavo e convexo numa dança de sentimentos

O espelho que se tornara portal dos olhares
Transmitindo o fogo cruzado do desejo e da paixão
A necessidade ardente do contato imediato
Sem perder a essência, somente a razão da emoção

Em qualquer espaço em que a imagem se reflete
O pensamento acelera e se transporta no tempo
Num tom de miragem a saudade se converge
E corre ao encontro, aquele encontro que não se encerra num momento

O espelho foi a comunicação não verbal mais profunda
Que perpetuou tantas declarações em olhar
Em meio às aparências frias de gente sem essência
Enquanto nós fizemos do amor o nosso altar

Na sensual dança dos corpos, côncavo e convexo
As peles se deslizam enquanto as almas se enamoram
Os corpos se entrelaçam e se encaixam despretensiosamente
Enquanto a respiração se ofega e os corações se descompassam

O espelho é o retrato que revive cenas de olhares e sorrisos
Que coravam tua pele no disfarce displicente
E hoje me alivia quando miro em meu olhar refletido
E reencontro seu semblante em paisagem à minha frente