quinta-feira, 13 de abril de 2023

Queda livre




A sensação a ser descrita é a mais próxima do real, por mais surreal que a situação aparente ou seja de fato: em queda livre. É assim que consigo definir os meus dias, que em meio a tantos desequilíbrios externos firmo-me numa corda bamba imaginária. Um verdadeiro dilema desconexo. Quando se sonha caindo de um lugar alto, ou voando, ou pulando, a sensação de frio na barriga, aquele susto, aquele pulo na cama são coisas que talvez se aproximem de uma queda livre. Associe a isso uma segunda sensação entre uma queda livre e outra, a de equilibrar-se numa corda bamba, sem fim, onde não se vê o horizonte, nem o chão nem o céu. Restam apenas os rastros do quanto já se caminhou e algumas gotas de sangue e esperança para se chegar em algum fim o mais inteiro possível. É preciso sobreviver. É necessário suportar até a última gota de sangue, até o último suspiro. (01/02/2021)