sábado, 23 de maio de 2015

O que nos torna capazes de Deus?


Para ter uma experiência do Sagrado é necessário passar pelo crivo da religião?
Necessariamente não. Ela é um dos caminhos existentes para se experenciar com o Sagrado, mas não se encerra em si mesma como única opção.
A religião, em suma, deveria ser o caminho fiel para a pessoa conectar-se com o transcendente. Pode-se dizer que o é enquanto fonte de libertação ou não o é enquanto fonte de alienação. A linha que separa libertação de alienação é tênue. Ao mesmo tempo que a experiência com o Sagrado através da religião permite à pessoa liberta-se, de si mesma ou de opressões externas, poderá também ocorrer o oposto. Um único indivíduo corre o risco de passar por ambas as experiências repetidas vezes. Há que se considerar então como um verdadeiro círculo vicioso.
O que torna uma pessoa capaz do Sagrado não é necessariamente a religião. Esta, enquanto caminho e com seu fiel sentido de "religar", proporciona meios para um encontro imanente-transcendente.
Usando como exemplo apenas o cristianismo, pode-se dizer pautado na tradição escrita onde Jesus afirma "Eu vim para que todos tenham vida", que não há nenhum privilégio de salvação somente para as pessoas que seguem alguma ou determinada religião. Neste pronunciamento do Nazareno manifestado a todos não ocorre nenhum tipo de acepção de pessoas. Todos, simplesmente todos têm direito à vida e não somente os que estão inseridos em determinada denominação religiosa.
A experiência com o Sagrado deve transcender e superar todo e qualquer obstáculo. Se existir alguma regra imposta para a pessoa atingir o ápice desse "religamento" com o Transcendente há que se considerar a mesma como uma alienação mascarada. É o ópio oferecido de maneira disfarçada. Em contrapartida a religião deve permanecer fiel em seu caminhar, sem engessar-se em exageros e ao mesmo tempo propiciar a leveza do encontro com o Sagrado, melhor dizendo, com Deus. O papel da religião é criar de maneira simples este espaço de aproximação e experiência.
Particularmente, enquanto cristão e praticante, não preciso estar sob as asas da instituição para conectar-me à Deus. Professo minha fé Católica ciente do que tange as leis da Igreja, a Palavra de Jesus e a minha consciência humana. Respeitar os diversos tipos e possibilidades de encontro com o Sagrado é acreditar que a salvação está para todos tanto quanto este Transcendente que tudo criou.


Ailton Domingues de oliveira
IV Período Teologia - Trabalho de Filosofia da Religião – Prof.º Márcio Fernandes
Faculdade Católica de Uberlândia – Mar/15