quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Otariano Bour-Scariotes



Otariano era um cara mediano nas convicções. Usava de modéstia para destilar uma simplicidade forçosamente teatral. Culto e intelectual eram os adjetivos que gostava de ouvir na boca dos alunos. Ah, atuava como professor. Suas aulas teatrais eram uma mistura de pensamentos modernos e antigos, regados de boas palavras e repetidas poesias. Nada de novo ou anormal para quem entendia e compreendia a pseudoemoção entre os tons e subtons de suas prosas, que se tornaram meras falácias. Tinha o dom de manipular o clima do ambiente, mas não por muito tempo. Tornara-se cansativo o assistir numa espécie de palco e holofotes que ele se dava ao luxo de produzir e se sentir o maestro da vez. Tolo! Não passou de um indivíduo cheio de manias, uma escória deprimente de um ser que denigre uma classe. Não merecia tantas considerações, tampouco estar ali. Um lobo bem disfarçado. Um judas moderno. Um falso ser escondido entre olhos, boca, ouvidos e casca. Um cara repugnante digno de todo o asco. E tamanha eram suas falcatruas que Otariano simplesmente se fodeu de verde-amarelo, num desfecho hilariante que ao mesmo tempo lavou a alma de muita gente. A ele, o meu total desprezo.