terça-feira, 17 de abril de 2012

Duelo



Mundos distintos num mesmo habitat.
Um coração que se amargura, se fecha, se comprime, perdendo sua noção de tempo, de objetivo, de vida...
O silêncio dói. Por isso o medo. O medo do silêncio...
Na sala escura do coração empedernido, invólucro está o que resta de esperança...
Montanhas removidas, obstáculos ultrapassados, poeiras que riscaram os olhos...
No silêncio o reencontro com o real: a esperança, a verdade, o mistério Divino...
Mundos eqüidistantes e paralelos... Duas vertentes, uma só razão...
Abafado tornou-se a “menina dos olhos”, o que deveria continuar a ser...
Por onde o caminho foi trilhado, marcas ficaram, obras levantaram...
Mas o duelo do desconhecido com o fiel coerente tornou-se desproporcional...
No paredão da verdade, no banco do réu, a vertente escancarada do fugaz.
Na tribuna de acusação o lado oprimido do que poderia ser maior...
No banco do juiz, a consciência sensata, coesa, amarga e sentenciadora.
A vítima: um complexo “eu”, ser oprimido por uma falsa passagem, real e imaginário, coerente mas fraco, justo mas amarrado, temente da Verdade mas afugentado pela justa e amarga realidade...
No âmbito do silêncio, reencontrar-se no espelho da tribuna, submeter-se como acusador e acusado, vítima e réu, promotor e juiz, é tarefa árdua do que ainda resta a brilhar no céu da consciência...
No duelo entre os opostos alguém haverá de sucumbir.
Na briga desleal entre titãs um será enterrado vivo...
Olhos, janelas da alma, que detiveram-se a desorientar os passos,
Cúmplices da famigerada e deturpada felicidade...
No silêncio, o medo, de enxergar Deus, na consciência do escuro...
Medo de sacrificar o que nunca fora seu...
Medo de aceitar sua missão, medo de revolucionar seu “eu”...
Medo de reencontrar suas verdades...
Medo de perder o que nunca foi encontrado...
Medo de tornar-se só a caminhar, num lugar que nunca esteve antes habitado...
Complexidade. Nó. Prisão.
Grito espremido e destemido do ser que busca arrancar suas mordaças
Transpor as portas, romper as barreiras e arrebatar as pedras do caminho para longe...
Passos cegados, medo rasgado...
Luta incessante, duelo consciente...
Mistério Divino no caminho de um só.
Alma libertada que afugenta o inimigo maior...
Ainda haverá um final feliz, vencido e digno...