quinta-feira, 15 de maio de 2014

Terras sentimentadas, sedimentadas


Olho por onde andei
Oro por onde passei
Coisas que vivi
Lágrimas que sorri
Sorrisos que chorei
Amores que amarguei

Vidas que se foram
Vidas que chegaram
Sonhos percorridos
Sonhos enterrados
Estradas sobrevoadas
Estradas atropeladas

Duetos cantados
Duelos lutados
Sentidos sentimentados
Sentidos amagoados
Céu entristecido
Céu escurecido

Flores do jardim
Amores sem fim
Finitude dos atos
Longitude dos fatos
Poesia da vida
Utopia perseguida

Gente que vem
Na estação do trem
Gente que vai
Pra onde o sol se cai
Água do céu a derramar
Que apaga e volta pro mar

Terra do sim
Do medo do fim
A esperança que fica
Na fé que pratica
No solo sagrado
O Amor Sacramentado


A cena que encerra
O espetáculo na terra
Na lembrança a história
A saudade na memória
É preciso partir
Sem saber aonde ir

Nem presente, nem ausente
Nem passado, nem estado
Nem futuro, nem escuro
Vai-se o dia, a mente
Perpetua-se o tempo alado
Percorre-se as vias, tão duro

Nem flores, nem amores
Nem rancores, nem...
Que se vão
Que se venham
Que se me arranquem
Mas que eu ainda viva...