sexta-feira, 5 de setembro de 2014

13870 dias ao tempo


As datas cravam na linha do tempo eventos únicos que os olhares puderam registrar. Cada fato, cada ato, independente ou correlacionado assim fica marcado na história que se entrelaça entre as pessoas e seus mundos.

Um certo dia, numa certa manhã, foi assim que o mundo me sorriu em boas vindas. Nada de extraordinário acontecera nas vésperas. Tranquilidade no ar, normalidade na rotina e em sua quebra nos dias que estariam por vir.

Reconheci meus heróis, meus pilares, meus amores, minhas flores... Encantamento que se desabrochava em cada manhã e me colocava a sonhar pelas noites estreladas que acometiam o pensamento do futuro incerto. Heróis que também foram vilões em muitas cenas dessa história. Pilares que sucumbiram de forma a me apresentar o medo. Amores que as tempestades distanciaram, lavaram ou levaram, e por vezes reapareceram em outras águas. Flores perfumadas, maravilhosas, mas que defenderam-se com seus espinhos, e colheram o sangue de meus toques.

Eis o mundo! Tal como ele é: quente e frio, doce e amargo, manso e feroz, presente e ausente... De transeuntes descalibrados e sem ideal, que vivem apenas a diagnosticar e reinventar fórmulas para continuar no topo da cadeia alimentar ou no mínimo em sua escalada... E onde o alimento para tal demência é o sangue escorrido e sofrido no suor de quem não tem voz... nem vez... Foi o que vi, ora apenas assisti, noutras eu interferi, tudo isso durante essa trajetória até aqui.

Mas, a história é maior. Os fatos são incontáveis. Os atos, infinitos. Os entroncamentos das águas e suas bifurcações costuraram terras e céus até o mar em que hoje estou. Muito sonho, muita música, muita poesia... olhos atentos no cenário aberto sob o sol que promove a luz e sob a lua que encanta e romantiza ou espanta e amedronta. 

No balançado do balanço empurrado pelo vento que lembra as mãos de quem deixou saudades e permanece vivo na memória e no coração, no saldo dessa trajetória, ainda em busca da batida perfeita, o segredo sempre estará a espera de ser desvendado. A existência que não seja vã! Entre loucos e espertos, continuo com a sinceridade dos primeiros. E continuarei sendo frente de oposição em prol da verdade libertadora, nem que seja por um exército de meia dúzia de libertados, nem que seja pela Fé no criador tão somente...

Tantas luas, tantos verões, estações por onde passei, mares que velejei, caminhos que percorri, por vezes solitário em meio à presença de todos, banido sem sair do meu corpo, esquecido pelo meu pensamento e querido por um olhar (...) em cada lugar que o tempo me levou. E no tempo de hoje, restabeleço a ordem ao caos ou o vice-versa quando oportuno e necessário for para que a poesia seja vida e sendo viva que o seja desprendida de toda arrogância e norma que os donos do topo impuserem.

Na renovação de cada dia, os votos de agradecimento ao Deus da vida, pela eternidade do tempo de cada momento escrito, desenhado, atuado e poetizado no palco ainda iluminado, se fazem presentes do nascer ao por do sol, da meia luz da sombreada lua ao seu desaparecer. Ao Deus da vida elevo meu coração e agradeço com uma canção em forma de oração, cantando no pensamento expondo em cada olhar que ainda enxergo nesta terra a caminhar... 13880 (*) dias ao tempo... Tempo bom, tempo de saudades, tempo que ainda há de vir e de ser...



(*) 13870 + 10 dias referentes aos anos bissextos durante o período.