terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

A casa sem muros


Quando adolescente eu tinha comigo que no futuro teria uma enorme casa sem muros e sem portões. Deveria ser uma casa aberta, acolhedora, cercada por árvores, plantas e muitas flores. Cheguei a esboçar um desenho numa agenda antiga. Claro, que devido a idade em que esse pensamento me ocorreu, não foi poupado nenhum tipo de exagero no papel que abrigou parte do sonho.

Espaço e natureza, balanços, cachorros, gatos, tudo fazia parte daquele plano juvenil. O fato de não haver muros, ou talvez, não ter portões somente, era para que as pessoas se sentissem plenamente acolhidas ao se achegarem. Creio que isso fazia parte também de minha formação e vivência em grupos de jovens. Os termos "comunidade" e "fraternidade" sempre me fizeram crer num mundo de igualdade. Utopia? Talvez. Mas, graças a essa base, posso me considerar uma pessoa de bom senso e de olhar atento aos detalhes que a vida oferece, detalhes esses que o dinheiro não compra.

O tempo passa e a experiência nos obriga a enxergar a vida de outra forma. Mudamos a forma de realizar os sonhos, mas jamais perdemos a nossa essência. Quem se permite perdê-la, corrompe a si mesmo. A casa, ao contrário do sonho, têm muros e portões mas nossa mente e coração estão sempre abertos e repletos de flores e poesias.