sexta-feira, 23 de junho de 2023

Relação de avatar



As pessoas se impressionam com as imagens postadas. O encantamento gera sentimentos, paixões, fetiches e aquela imagem passa a ser objeto de desejo por quem se sentiu atraído por ela. Quando há uma reciprocidade de atenção e interesse, e a possibilidade de conhecimento é real, os anseios para um romance ou um encontro trivial crescem. Muitos procuram algo estável. Porém a realidade é outra a partir desse conhecimento real. Muitas vezes, aquilo que era desejo, torna-se frustração. A imagem do post era apenas uma imagem. A ilusão criada pelas caras e bocas, pinturas esculturais na imagem, que provocaram o pensamento, o instinto, o sentimento em si, foram desconstruídas à medida que a realidade se mostrou além do sorriso, do olhar da figura retratada naquela imagem. O sentimento foi por um avatar, um sentimento por algo figural, esculturado e cultuado nas redes sociais que, hoje, tem um poder de persuadir de forma ampla. Amor Líquido de Baumann traz essa fragilidade das relações atuais, que são superficiais, rápidas, descartáveis. Tudo muito passageiro devido ao interesse de momento que não tem perspectiva de amadurecer e crescer para a continuidade. As relações estão assim, cada vez mais superficiais. Tudo é apenas uma questão momentânea que, em sua maioria, não é nem a busca por uma satisfação rápida, mas a necessidade de se ter o protagonista daquela imagem para si. No mundo virtual tudo dá certo, é lindo, perfeito. Os avatares tomam conta dos espaços. Trazer a figura, o avatar, para o mundo real é um caminho em que as máscaras maquiadas caem, o visual que fora encantador é destronado pela falta da essência. Não é regra, mas isso faz parte do cotidiano e da vida de muitos. 

Ailton Domingues de Oliveira
Adm ∞ 
Teo ΑΩ 
Psic Ψ (acadêmico)
Escritor & Poeta
*Pós Graduando em Psicanálise, Coaching e Docência do Ensino Superior