terça-feira, 12 de abril de 2011

Como não se render aos Seus encantos e prodígios?

            “Somente um olhar... Era o que Ele tinha e o que podia oferecer. Nada mais restava à ela...
            Uma sociedade machista, excludente, onde a mulher era tida como propriedade e servia para a procriação. Em nada mais lhe havia serventia.
            Aquela mulher trazida pela multidão até onde Jesus estava, humilhada por ter sido pega em adultério. Nada lhe restava, apenas o chão, a lama, a desonra...
            Jesus tinha algo para ela: um olhar. Um olhar somente, foi o que bastou para que a transformação acontecesse.
            Diante daquela gritaria, aquele empurra-empurra, todos almejando a punição, o fim daquela persona sem honra, Jesus escreve na areia...
            A Ele também, sem opção de se manifestar, externou naquele momento somente o seu mais puro olhar. Toda sua força e compaixão estavam expressos ali.
            Foi o que bastou.
            Num levantar, uma única frase: ‘quem não tiver pecado que atire a primeira pedra’.
            Voltou-se para o chão, a continuar o que ora fazia. Pouco a pouco a multidão se dispersava. Somente Ele e a condenada restaram.
            ‘Onde estão eles?’... ‘Eu também não te condeno.’... ‘Vá e não tornes a pecar.’...
            A forma doce e revolucionária, calma e contagiante, serena e expansiva de Jesus se manifestar é o maior tesouro deixado até os dias de hoje.
            Um sistema radical, numa sociedade excludente, que ambos vitimizavam cada vez mais os excluídos da época. Ele, vem de encontro e abraça a causa. Trás para Si todos os já condenados aos olhos do mundo.
            Chama o ladrão na Cruz de irmão; convida o cobrador de impostos a segui-lo; liberta a prostituta; cura a hemorroína, essa por sinal era eternamente condenada. Por sua hemorragia constante era discriminada pela sociedade e até pela família. Tudo o que tocava era considerado impuro. Não havia perspectiva de conseguir um marido. Vivia à mercê de seu destino... Que destino?!
            Agarrou-se na única chance que acreditava. No meio da multidão Ele sente um puxão diferente. Ela corria o risco de ser ainda mais massacrada caso alguém a visse tocando no manto de outra pessoa... no manto de Jesus.
            O risco valeu a pena. ‘Quem me tocou? Alguém me tocou de maneira diferente. Senti uma força saindo de Mim.’ Ela se apresenta diante de Jesus, com medo, com receio de todos à sua volta.
            Jesus foi contra todo tipo de estereótipo e exclusão. Libertou e curou pessoas nos sábados, considerado impróprio para se fazer qualquer tipo de milagre neste dia.           Abraçou a esta também...
            ‘Vai em paz, a tua fé te salvou.’...”


Ailton Domingues de Oliveira

12/04/11