O que me falta?
Não mais que alegria
Não menos que ousadia
O que eu tento é todo dia
Uma nova alquimia
Nessa sobrevivência
Sem latência
Muita querência
Mas eu, Ah!
Eu sobrevivo!
Preza, presa, preso
Nessa cela
Com esse selo
Ileso
Cela de carne, de ossos, de sangue
Selo da marcação
Da contramão
Na irritação
"Dos patrão"
Mas eu, Ah!
Eu sobrevivo!
Estranho mundo estranho
Já dizia o grande
Freriano, Freire, Freirão
O sonho do oprimido
Hum
É se tornar opressão
Feito um patrão
Mas eu, Ah!
Eu sobrevivo!
Estranho mundo estranho
Mundo estranho mundo
Tão sujo,
Tão profundo,
Tão imundo...
E quem se tornou patrão
Subiu na chefia,
Na diretoria
Hum
Por cima
Pra cima
Sem rima
E opressão
Até mesmo a tal qualidade
Hum
Extorquida
De qualquer jeito
De qualquer vida
Para estar
No patamar
Do vislumbre
De seu altar
Fazem até uma pesquisa de satisfação
Mas não é pra melhorar essa qualidade
Jamais!
É só pra causar perseguição
De quem está descontente
Com esse sistema
Podre, imundo, e pago
De opressão
E mesmo pagando
Você não tem mais o direito de exigir
Clareza
Competência,
Qualidade
Ouse, tente, abuse!
Pra você ver aonde seu nome estará jogado
Haja medina!
E não lhes faltam de propina
Porque o sistema é uma jogatina
Interesseiros
Pelo dinheiro!
Mas eu, ah!
Mas eu, ah!
Margeado pelos pensamentos inquietantes
Eu mais que sobrevivo
Eu sonho, eu acredito, eu luto.
Luto enquanto vivo
Para que a vida não se torne luto.