segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Companheiro Chico, estamos sintonizados!



Uma semana com algumas contendas, muitas oferendas (algumas que deveriam ter voltado pro mar), e uma lenda que virou realidade. Enfim um líder real, um Papa do Povo, para o Povo e pelo Povo! Francisco não se cansa de falar e pede que se repita para não esquecer nada: "Nenhuma família sem casa! Nenhum agricultor sem terra! Nenhum trabalhador sem direitos! Nenhuma pessoa sem a dignidade de um trabalho!" Óbvio que isso não agrada a quem enxerga aos pobres de cima para baixo ou como portal para suas caridades (e desde que esses pobres não tenham ascensão) ou como um encalço no calcanhar. O Papa não só vê e enxerga como também sente e congrega do pensamento do povo.

Mexer nas estruturas financeiras, nas posses, nas terras é algo que com certeza incomoda a burguesia. Neste caso, dividir não é uma boa operação matemática para os direitistas que veem a igreja de maneira arcaica: compram seu terreno no céu dando esmola aos pobres! E que haja pobres para que este terreno seja grandioso!

Francisco é discreto. Não é do tipo que perde tempo respondendo fundamentalistas e fanáticos via twiter, ou facebook. Ele é um homem sensato e de ações práticas. Sabe a que veio e tem a dimensão do peso de seu legado. Por mais que tenha um senso de humor invejável, quanto ao serviço não está para brincadeira. Dá a abertura necessária para o diálogo mas não se agrada com as manifestações que se fazem às escuras, o que demonstra sinal de uma instituição dividida ou em vias de deriva.

E foi justamente isso que o Cardeal norte-americano, Raymond Burke (66), insinuou em um de seus discursos, que a igreja nas mãos de Francisco é como um barco sem leme. Atos dessa estirpe são uma verdadeira sabotagem cultural e social, pra não dizer guerra de bastidores. O Papa sabe que por onde passa, há quem corra na frente para construir obstáculo que dificultem sua caminhada. Creio que ele não tema as ervas-daninhas e os espinhos que surjam pelo caminho, uma vez que seu podão está afiado. 




Mas, levando em conta que os conservadores estão com espaço para suas ações temperamentais cada vez mais restrito, isso significa que as mudanças para uma igreja acolhedora estão a todo vapor, quer eles aprovem ou não. O rebaixamento desse cardeal da linhagem conservadorista, devido às críticas que fez contra as reformas na igreja, foi um golpe "fatality" no orgulho da ala esquisita. Os pilares da arrogância e da prepotência, que se camuflam de lei, foram abalados.

Enquanto os pseudo-doutores da instituição se preocupam com suas ornamentações e leis, o Papa tem-se esvaziado das honrarias de seu cargo, se fardado de trabalhador e saído à campo para a lavoura. Sua militância tem ultrapassado os muros do Vaticano. Não é apenas um mero discurso de cunho cristão. Francisco é muito mais! É um interpelo social, político, econômico, cultural que vem em forma de luta e pela defesa da dignidade de todo ser humano, principalmente dos que estão esquecidos pelas leis dos homens. Chico, eis um homem que se comunica por exemplos.




O conservadorismo que endeusa as estruturas da instituição tende a acabar. Acredito que junto com a falência desta ala, não das pessoas mas sim do pensamento que os isola num patamar diferenciado do povo (e os fazem sentir-se mais cristãos que o resto), será paralelamente o renascimento de uma igreja ainda mais cristã (nos moldes do Evangelho de Cristo) e o nascimento de uma nova geração estruturada numa fé prática, de mãos na massa.

As contendas ainda existirão mas sigamos o exemplo dele cortando o mal pela raiz e assim isolamos todo discurso fadado de fundamentalismo no reduto de sua insignificância. As oferendas, se forem de coração e com a intenção de mudança, que sejam bem vindas, caso contrário que voltem pro mar. E como este legado papal já saiu do viés lendário, pois é uma realidade mística e verdadeiramente cristã, eis a hora de abrir portas e janelas para que o novo ar adentre pelas estruturas de cada ser e de cada coração, de cada templo e pelas veias da instituição.

Valeu companheiro Chico!