segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Profecia VS Especulação



Nos relatos bíblicos sempre se houve falar em profetas e profecias. Muitas histórias, sejam em livros ou filmes, trazem em seu enredo o profeta como um ser mágico que consegue, principalmente, prever o futuro.

No curso de Teologia, especificamente na disciplina de Bíblia, entendemos que o profeta é uma referência de personalidade de sua época. Ele é tido como a voz da sabedoria para o povo e seus dirigentes. É aquele que anuncia, mas acima de qualquer coisa, e principalmente, denuncia com veemência e sem temor.


O termo profeta tem sido bastante utilizado no marketing das religiões, principalmente essas neo-pentecostais que se proliferam desproporcionalmente. Essas tais, que estão mais para seitas que propriamente religiões, trabalham massivamente para se exporem de forma que possam angariar mais adeptos. Ter alguém com o título de profeta, ou apóstolo, ou missionário, ou pregador, ou bispo, ou tudo junto e misturado, é um quilate à mais que a coloca na frente das outras na corrida pelo ouro dos fieis.


A profecia virou mais um sub-produto do capitalismo religioso. A religião já é mercado de longa data, e como tal, tem o seu lado prostituído. O que de fato deveria ser a profecia na religião acabou virando especulação. Uma inversão de valores. Enquanto se vivencia a especulação do capitalismo religioso nesse mercado da fé, a essência da religião é deixada de lado. A profecia, tal como exposta na bíblia, então fica banalizada. O que deveria ser o caminho de salvação é sim caminho de alienação, mercado opressor, balela de um-sete-um.


Os profissionais da fé são verdadeiros manipuladores de mente. Na verdade são artistas em suas dramatizações. O que Marx disse sobre a religião "ser o ópio do povo" tem infinita razão quando não é usada como fonte de libertação.

Entendo que o sagrado pode estar contido até mesmo nos aspectos e meios mais profanos da sociedade e também da religião, como por exemplo, a fé dos fieis, inerte à conduta e intenções de seus dirigentes. No entanto, o profano sem o sagrado não passa de um objeto sem sentido, corrompido e deturpado. Neste caso, os administradores religiosos. 


Hoje, assistimos a uma safra de especuladores do mercado religioso bancando de profeta. E o são, porém, do capitalismo incrustado e escancarado dos templos profanados. Lançar tudo o que tem no bolso e na carteira, no dia da pedida, pela cura e libertação dos males que atravancam a prosperidade financeira, ou, comprar o lencinho milagroso do bispo fazendeiro, se não for o de R$ 500,00 que dá direito a um milagre maior, pode ser o de cinquentão que também lhe garante um mais modesto, ou ainda, vender alguns objetos de valor de sua casa e levar a verba para a tal fogueira santa são apenas algumas das armas usadas nesse verdadeiro marketing, não de guerrilha nem de guerra santa, mas, de conspiração mercadológica. 


Espero, tão apenas, que os magos do poder financeiro-profético que detém a fé das pessoas deixem de vender terrenos no céu com seus shows milagreiros. Chega de falcatruas e covardias! Uma pitada de respeito, sem cobrar por isso, por favor!