terça-feira, 24 de março de 2015

O Pássaro e a Solidão




O pássaro e a solidão
Por onde passas com tuas asas
Por sob o céu, por sobre brasas
Ao teu alcance o infinito
Na imensa finitude o mais bonito
És de longe a esperança
És de perto a real mudança
Foges para cima, escancaras a imensidão
Voas para ti, para o além da solidão

O pássaro da solidão
Que persegue a imensidão
No calor do deserto a razão
Desbravado e perseguidor
Não perturba a tua dor
O vazio que angustia
É o reflexo da ousadia
Sua sombra está bem perto
Voa para si, ao céu aberto

O pássaro é a solidão
Avoa em busca afugentado 
Procurando angustiado
Quer espantar o que lhe dói
É invisível a causa que lhe corrói
Sai do bando e sem rumo
O silêncio é o seu companheiro oportuno
Nada vê no horizonte
A esperança, talvez, por trás dos montes

O pássaro solitário
Viajante do céu sem fim
Tudo vê mas não enxerga a si
Mesmo em bando ou sozinho
Já não é mais um passarinho
Sabe bem o seu destino
Voar, caçar sem desatino
A fonte e as respostas encontrar
Curar a dor, a solidão e para o céu voltar