quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Dossiê do tempo...

Tão livre quanto o vento
Vivendo, os grãos de areia a contar
Que a onda repele, lava e leva de volta pro mar
Num ritmo cíclico e interminável
Numa rotina quase que insuportável
Até que o último piscar
Já não dê mais conta de contar
Tão preso nesse tempo

Na chama que incendeia a alma
A arder de paixão
Ou a queimar de solidão
A sonhar com os tempos idos
Ou a sofrer com os não vividos
O presente é mera penitência
Em que se lida com a vivência
E a vida em uma nota só se declama

Livre nesse tempo indurável
No limiar do passado irrestrito
Com o compromisso do futuro inaudito
O insistente guerreiro avança
Sem escudo, desarmado, sem aliança
A percorrer tantos mundos, tantas terras
A viver tantas vidas, tantas guerras
E esperar pelo tempo indecifrável

Preso nesse tempo algoz
De paixões dilaceradas
De feridas não curadas
As histórias que eu quis pra mim
Já nasceram fadadas ao fim
E as mãos que me ensinaram a andar
Já não podem mais me acompanhar
E assim eu sigo, desmedido nesse tempo atroz

Nas ondas que o tempo levou
No caminho batendo pedras
Plantando sonhos, ora quimeras
Os espinhos protegeram o amor
Assim como protegeu a flor
Em tempos bons celebramos a vida
Em tempo nublado curamos feridas
E a melodia sacramentada ao tempo, no tempo se eternizou