quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Por trás da cortina


Por trás da cortina o palhaço chora. Encerra-se o espetáculo. As risadas dão lugar ao silêncio. Sepulcro da solidão do artista. É hora de protagonizar sua própria vida. Desembarcar do mundo das alegrias e sem dores para confrontar a realidade nua. Por trás da maquiagem que sorri estão as lágrimas cristalizadas. Estas que aguardam o toque de recolher do palhaço para escorrer pelos vincos faciais do humano. Na peça da vida, a vida torna-se uma peça. Sentidos dessentidos, não sentidos, sem sentido talvez. Se o mundo fosse verdadeiro a alegria dos palcos seria desnecessária. Prefiro deleitar-me com a realidade que as cenas levam ao palco a perder-me na inquietude que o mundo falseia em alegria. Por trás de cada ato, ecoa a imensidão do abstrato que o palhaço eterniza para o mundo.