Começa aqui um longo
descortinar
De sair de cena, eis
o momento
No silêncio das
palavras repousar
Reencontrar-me com o
tempo
Abraçar
Sentir...
Pendurar os escritos
Eternizar a poesia
Restaurar o coração
Velejar com ousadia
Já fui de flores
De dores, amores
Temores, ardores
Sem palavra já fiz proeza
Sem vergonha trepei na mesa
Sem cartas venci com destreza
Dos fatos escrevi
histórias
Dos sentimentos fiz
memória
Das palavras fiz
estrepolia
Mas é da alma que
sangrou poesia
Salvaguardei-me das instituições
Resguardei-me das religiões
Desprezei a politicaria dos ladrões
E contrapus os charlatões
Aos idiotas compus
recados
E palavrões não foram
poupados
Mas pros hipócritas
que veem tudo errado
Vai pra (...longe...)
deixar de ser tapado
Brinquei com a dor e chorei com a alegria
Fiz orações de amor e cantei moda e utopia
Pelos pseudo-doutores da moral já fui condenado
Pelos mestres da lei em fogueira santa fui queimado
Mas sobrevivi aos
babacas da hipocrisia
Destilando sentimento
nas entrelinhas da poesia
E os que fazem do
poder uma tremenda putaria
Jazem na cova de suas
próprias heresias