quarta-feira, 26 de outubro de 2016

900 - Descortinando

Começa aqui um longo descortinar
De sair de cena, eis o momento
No silêncio das palavras repousar
Reencontrar-me com o tempo
Abraçar
Sentir...

Pendurar os escritos
Eternizar a poesia
Restaurar o coração
Velejar com ousadia

Já fui de flores
De dores, amores
Temores, ardores

Sem palavra já fiz proeza
Sem vergonha trepei na mesa
Sem cartas venci com destreza

Dos fatos escrevi histórias
Dos sentimentos fiz memória
Das palavras fiz estrepolia
Mas é da alma que sangrou poesia

Salvaguardei-me das instituições
Resguardei-me das religiões
Desprezei a politicaria dos ladrões
E contrapus os charlatões

Aos idiotas compus recados
E palavrões não foram poupados
Mas pros hipócritas que veem tudo errado
Vai pra (...longe...) deixar de ser tapado

Brinquei com a dor e chorei com a alegria
Fiz orações de amor e cantei moda e utopia
Pelos pseudo-doutores da moral já fui condenado
Pelos mestres da lei em fogueira santa fui queimado

Mas sobrevivi aos babacas da hipocrisia  
Destilando sentimento nas entrelinhas da poesia
E os que fazem do poder uma tremenda putaria
Jazem na cova de suas próprias heresias